No Carnaval, ‘futum’ de sovaco fez muita gente desistir da pegação
Para não cair em cilada, foliões usaram técnicas para descobrir possíveis cheiros desagradáveis

No Carnaval de rua deste ano teve gente que deixou de conseguir aquele romance cremoso por causa do desodorante vencido. Na folia, o cheiro de cecê foi o principal motivo apontado pelos foliões para que a paquera não evoluísse para beijo na boca.
Em Campo Grande, onde o calor transforma qualquer bloquinho em um verdadeiro teste de resistência, a onda de odores fez muita gente repensar a pegação. Enquanto alguns sortudos encontraram apenas perfumes sedutores, outros tiveram a infelicidade de topar com um bafo arrasador ou um cecê de respeito, que acabou com qualquer possibilidade de aproximação.
Seja na dança apertada da muvuca ou no cantinho estratégico para evitar o suor alheio, os foliões tiveram que desenvolver técnicas para identificar se o alvo da conquista estava ou não em condições aromáticas favoráveis. Teve gente que usou tática do abraço prévio e até a análise do comportamento — "se tá pulando muito, certeza que tá suado e isso pode pode não cheirar bem".

Bruno Ferreira, de 21 anos, conta que foi quase todos os dias no Carnaval da Esplanada e deu sorte: só encontrou perfumes agradáveis. "As meninas que eu peguei estavam usando Victoria’s Secret, We Pink, da Virgínia Fonseca. Eu fui seletivo, não fui qualquer uma", afirma o jovem que entre um perfume e outro, diz ter sentido até o cheiro da ex-namorada. Para ele, o pior cheiro na paquera é o mau hálito. "É triste, viu", avalia.
Já Erik Rodrigues de Jesus, de 20 anos, percebeu um padrão no Carnaval: no começo da festa, tudo cheira bem. Mas conforme a madrugada avança, o cenário muda. "Vai chegando 11 horas, já começa a ficar embaçado. Não compensa nem ficar no meio da muvuca, é muito cara fedendo, suor pra caramba", descreve.
O jovem afirma que, nos dias de bloquinho, sentiu muito cheiro ruim e até desistiu de possíveis ficadas. Para escapar do pior, ele conta que adotou a estratégia de se aproximar apenas de quem não está dançando muito. "Se não tá pulando, tá cheirosa. Certeza", acredita.
E há quem prefira fugir completamente do risco de se deparar com um cheiro ruim. Anthony Carvalho, de 19 anos, afirma que, apesar do clima de pegação, "tudo tem limite, não dá para encarar", diz o jovem que já desistiu de uma pegação por conta de odores desagradáveis.

Já Ana Lívia, de 20 anos, tem um grande dilema na vida: ela não sente cheiro. "Desde o ano passado, não sinto nada. Acredito que é por conta da Covid", explica. Para não cair em cilada, ela diz que é obrigada a recorrer aos amigos. "Se não tiver amigo pra avisar, tô lascada", desabafa.
E não foram apenas os foliões que enfrentaram os odores do Carnaval. Quem trabalhou transportando a galera para os bloquinhos percebeu a transformação do cheiro ao longo da noite. O motorista de aplicativo Paulo César Borolini, de 61 anos, conta que, na ida, os passageiros vão "cheirosos, lindos e organizados". Mas na volta, o cenário era outro.
"Teve um dia que embarquei três pessoas e estavam com as roupas molhadas, um suor muito forte e tinha até um que acho que tinha feito xixi. Falei que não dava pra levar", conta. Depois dessa experiência, ele garante que aprendeu a lição. "No próximo Carnaval, prometo que vou comprar um Rexona principalmente para os meninos", brinca.
Para evitar vexames olfativos, cada folião desenvolveu seu próprio ritual de higiene antes de cair na folia. Yasmin Bacelar compartilhou sua receita infalível: "É um banho premium. Banho normal, depois hidratação, esfoliante, creme, desodorante, perfume e glitter", revela. Segundo ela, quem segue essa fórmula pode curtir o Carnaval tranquilo e sem medo de afastar pretendentes.
No fim das contas, seja com perfume importado ou desodorante nacional, a regra é clara: o Carnaval é tempo de se jogar, mas sem esquecer da higiene. Afinal, entre um beijo e outro, o que mais pode fazer a diferença é o cheiro que se deixa para trás.
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