No Dia da Família, histórias de pessoas que dividem o lar e o trabalho em MS
Sul-mato-grossenses dividem convivência no ambiente doméstico e, também, profissional
Mato Grosso do Sul tem 1,2 milhão de pessoas profissionalmente ativas, segundo os dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). E é no ambiente de trabalho que a maior parte desse contingente vive durante seu tempo útil. Neste Dia Internacional da Família (15), o Campo Grande News traz histórias de sul-mato-grossenses que, além da convivência no ambiente doméstico, também dividem o ambiente profissional com familiares.
A data comemorativa foi criada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1993 em alusão à importância dessa unidade básica da sociedade. A parceria entre Dejair e Gustavo Córdoba começou quando Gustavo tinha cerca de 10 anos e acompanhava o pai, Dejair, no trabalho. Técnico em prótese dentária, Gustavo tomou gosto pela profissão aprendendo com o pai, e logo foi contratado.
Depois de 10 anos trabalhando em uma empresa como funcionário, decidiu se unir ao pai em sociedade no ano de 2019 que, nessa época, comandava um pequeno laboratório próprio, com três funcionários. “Mas era bem difícil porque a vida inteira eu fui funcionário, então eu não tinha essa mente aberta para o mundo empresarial”, detalha Dejair.
Relação - Foi conversando com o filho que ele viu um jovem cheio de ideias e projetos, e com toda a energia para crescer. “Então nos unimos nessa parceria. No começo foi bastante desgastante a gente alinhar as expectativas. Tinha hora que eu usava a autoridade de pai dizendo como eu achava que tinha que ser, e ele queria me provar ‘por A + B’ que, por estarmos no ramo empresarial, as coisas precisavam ser diferentes. Mas o tempo passava e eu via que da maneira que ele estava planejando seria melhor. Fomos nos moldando, pelo bom relacionamento de pai e filho, e alcançamos resultados muito bons”.
A parceria deu tão certo que a empresa cresceu e está em franco crescimento. Hoje, 3 anos depois, a Arttec Dental Lab tem 9 funcionários, além de Dejair e Gustavo, sendo um deles o enteado de Dejair. “É desgastante, mas é muito bom também. Acho que, por ser família, é mais fácil porque a gente tem uma conversa mais aberta, mais franca, e a confiança também faz a diferença porque sabemos que nenhum vai querer tirar vantagem sobre o outro”, avalia Dejair.
“O senso de dono é, também, um grande ponto. Em uma empresa familiar, há uma grande disposição dos proprietários em fazer com que a empresa dê certo e esse compromisso tem a ver com levar o nome da família, deixar legado, levar a cultura da família adiante”, analisa Gustavo.
O engenheiro civil Lucas de Araújo Nunes, de 27 anos, é outro que trabalha em um negócio familiar, o Mister Nunes Sorvetes. Além dele, o irmão Diones, de 31 anos, que é formado em Direito, e a mãe, Gerusa, de 51, comandam o negócio que fica no Centro da Capital desde 2003. “Eu tinha 9 anos quando comecei a trabalhar, fazendo compra, atendendo algumas pessoas. Aqui, todo mundo faz um pouco de tudo, atendimento, financeiro, administração”, relata.
Para ele, uma das vantagens de trabalhar com a família é a intimidade que se tem. “A gente sabe que todas as pessoas têm interesse em melhorar e fazer a empresa crescer, não tem aquela relação de patrão e empregado, de conflitos”, finaliza.
Na "estrada da vida" - Na cidade de Água Clara, a 193 quilômetros de Campo Grande, Miriam Estevão e Arlindo Dias Mariano, casados há 11 anos, trabalham como motoristas de caminhão tritrem transportando madeira da empresa de celulose Eldorado Brasil, viajando cerca de 400km por dia.
“Nos comunicamos via rádio, para avisar sobre o estado da estrada, se há alguma carga solta, por exemplo. Com isso, vamos nos ajudando”, explica Arlindo. Eles contam com adaptação de horários e turnos para que possam trabalhar, usufruir de folgas e férias juntos. Na mesma empresa trabalham Maria Alice Rodrigues e o pai, Sérgio Evilásio Rodrigues, operador da área de parte úmida da Eldorado há dez anos.
Ela começou a carreira na empresa há 8 anos, como jovem aprendiz e, hoje, formada em Engenharia Civil atua como analista de logística. “Meu pai me apoia no entendimento das questões técnicas da produção de celulose e sua experiência ajuda muito a manter meu trabalho mais preciso”, conclui.