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Comportamento

No lugar do choro, serenata mostra amor de filhas por mãe com câncer

Após diagnóstico e início dos cuidados paliativos, família decidiu resgatar e construir o máximo de memórias

Aletheya Alves | 19/04/2023 07:10

Resgatando e construindo o máximo de memórias afetivas, as filhas de Almeia Saldanha resolveram trocar as lágrimas por memórias incríveis com a mãe. Por isso, mais do que focar no diagnóstico de câncer, as cinco mulheres resolveram presentear a matriarca com uma serenata emocionante.

Apesar de ser difícil, o objetivo maior de todas têm sido garantir que a “mãe incrível”, nas palavras da psicóloga Daicy Saldanha, receba o máximo de amor. Em fase de cuidados paliativos devido ao tumor na tireóide, o modo de reforçar tudo o que aconteceu de bom vem sendo criar ainda mais momentos valiosos.

Para não expor Almeia, a família optou por enviar uma foto antiga e o vídeo da serenata. Sendo que ambos ilustram o carinho e exemplificam como a vida tem sido valorizada.

Daicy narra que todas as filhas têm se esforçado para preencher os dias da mãe com alegria. “A gente tem trabalhado muito as memórias trazendo coisas boas que aconteceram”, diz.

E foi a partir desse intuito que surgiu a ideia de levar uma serenata até Almeia. “Somos em cinco irmãs e vamos nos revezando nos plantões. Em um deles, ela falou sobre uma experiência que viveu de ter ouvido uma serenata feita pelo pai dele, mas, na época, ele já tinha falecido”.

Explicando melhor, a psicóloga detalha que a mãe estava vivendo um período difícil na década de 1980 e, em determinado dia, acordou ouvindo a serenata do pai.

“Ela ouviu as músicas que ele tocava em bailes. E, quando ela contou sobre essa experiência há alguns dias, minha cunhada teve a ideia de realmente fazermos uma serenata para minha mãe”, comenta Daicy.

Retrato de família resgata memórias positivas durante a vida. (Foto: Arquivo pessoal)
Retrato de família resgata memórias positivas durante a vida. (Foto: Arquivo pessoal)

Por conhecer Renata Sena, do Bella Dona Trio, Daicy sugeriu que a família reunisse um repertório que alegrasse a mãe. “Começamos a buscar músicas que ela gostava na juventude, fizemos um levantamento e passei para a Renata”.

No caminho, alguns dias antes da data definida pelas filhas para a serenata, Almeia ainda ganhou outra apresentação. “Meu cunhado é Geraldo Espíndola e a Tetê estava passando pela cidade. Ela nos conhece e aceitou cantar, cantou “Escrito nas Estrelas” para minha mãe e foi lindo, muito emocionante”, explica.

Sem interferir na serenata “oficial”, a filha comenta que os preparativos continuaram e, no último fim de semana, a surpresa aconteceu. Como imaginaram, Daicy explica que Almeia caiu em lágrimas e não acreditava em mais dos atos de amores das filhas.

“Cada uma ajudou e todos que puderam estar presente foram até o apartamento dela. A ideia inicial era fazermos uma serenata pela sacada, mas decidimos fazer na sala e deu muito certo. Mais uma vez, foi lindo, realmente”, detalha a filha.

Começando com Roberto Carlos, a escolha do repertório foi iniciada com “Como é Grande meu Amor por Você” e seguiu com Cartola, Jazz e outros ritmos que integraram a juventude da mãe.

Em conjunto à música, a filha explica que todo o processo de oferecer boas memórias durante o período de cuidados paliativos tem sido uma forma curativa tanto para Almeia quanto para a família. “Nós queremos mostrar o quanto a vida dela teve coisas lindas, o quanto tudo valeu à pena. Então, estamos oferecendo para minha mãe desde conversas, possibilidades com música, as flores que estão brotando. Sei como essas memórias nesse momento são significatvias”.

Vocalista do Bella Donna Trio, Renata Sena conta que ter entoado o momento fez com que as lágrimas também chegassem aos seus olhos. “Quando ela apareceu na sala e viu que o som não era do rádio, da televisão, mas que era ao vivo, entrou em euforia. Começou a chorar, depois rir, as filhas chorando, a neta também”.

Emocionada, ela narra que precisou cantar com os olhos fechados para conseguir se concentrar e seguir com a apresentação. “Nesses momentos, nós vemos como a arte salva, a música salva. Levar esse afago musical é quase como um abraço naquela alma”.

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