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Comportamento

No tereré da covid-19, galera jura que só divide bomba entre os íntimos

Tem até quem leve sua própria bomba ou canudo de metal para tomar um gole – adaptação a um hábito cultural pra lá de enraizado

Raul Delvizio | 20/12/2020 07:00
Você participaria de uma rodinha no tereré da covid? (Foto: Henrique Kawaminami)
Você participaria de uma rodinha no tereré da covid? (Foto: Henrique Kawaminami)

Hábito cultural da nossa gente, a roda de tereré sempre proporcionou um compartilhamento amigável da bebida gelada em qualquer grupo. Entre um gole e outro, histórias e boas conversas nos encontros presenciais de amigos e familiares, naquele esquema do "chega mais". Com o novo coronavírus, será que alguma coisa mudou?

Na enquete de ontem (19), o Lado B perguntou se a galera abriu mão da roda de tereré na pandemia. No resultado, 81% dos votos juram que "sim".

Hábito regional, com o tereré ninguém passa calor (Foto: Henrique Kawaminami)
Hábito regional, com o tereré ninguém passa calor (Foto: Henrique Kawaminami)

No entanto, o que não falta é turma tomando a bebida gelada na frente de casa ou em uma sombra de árvore – sempre acompanhado de mais um ou dois "parceiros". É fato que o campo-grandense não abriu mão da rodinha, porém, alguns dizem que tiveram que se adaptar no tereré da covid.

Na Orla Morena, por exemplo, encontramos os amigos Francisco Reinaldo e Eduardo Andrade, 18 anos, que estavam acompanhados de Fabrício Pinheiro, 13 anos, irmão de Chico. Para os três, é impossível não fazer uma roda de tereré e a bebida gelada de erva mate é "sagrada".

Fabrício sempre acompanha o irmão no ritual da erva mate gelada (Foto: Henrique Kawaminami)
Fabrício sempre acompanha o irmão no ritual da erva mate gelada (Foto: Henrique Kawaminami)

"Apenas diminuímos o tamanho do grupo, agora só com os mais íntimos. Pra ser sincero, nunca tive muita paciência em dividir 'teres' com muita gente. Fica muito enrolado", disse Francisco. Ele toma tereré toda semana, pelo menos 2 vezes ao dia – e claro que o irmão caçula sempre o acompanha.

"A gente toma não só porque gosta, mas porque precisa", brincou Fabrício. E acrescenta: "com esse calor, não tem como deixar de tomar tereré, principalmente com os amigos".

"Agora, tudo depende da companhia. Não dá mais pra ficar dividindo com qualquer um", garantiu Francisco.

Eduardo desacredita que o povo tenha deixado de fazer as rodas de tereré (Foto: Henrique Kawaminami)
Eduardo desacredita que o povo tenha deixado de fazer as rodas de tereré (Foto: Henrique Kawaminami)

Já para o amigo Eduardo, "se passar por aí você vai ver que estão tudo tomando tereré, apenas os grupos diminuíram de tamanho, não dá mais pra aglomerar. Realmente não tem como abrir mão. Eu acho que quem votou o 'sim' na enquete está mentido", julga.

O casal corumbaense Milena Micaela e Talita Caldas, de 22 e 23 anos respectivamente, foi categórico: "com a gente não tem mais essa de roda não, agora é só no esquema de 'duplinha', entre nós duas", diz Milena.

Talita e Milena preferem fazer "duplinha" e ficar distantes do povo (Foto: Henrique Kawaminami)
Talita e Milena preferem fazer "duplinha" e ficar distantes do povo (Foto: Henrique Kawaminami)

"Ontem mesmo saiu meu resultado negativo para a covid. Eu estava cheia de sintomas de gripe, e desde então não saímos de casa pra nada, nem para tomar tereré aqui na Orla. E olha que moramos bem aqui em frente", disse Milena.

As duas conhecem bem o hábito da erva mate, até mesmo porque quando moravam na Cidade Branca, tomar tereré é quase que "prioritário" para fugir do calor de lá. Ambas já estão em Campo Grande há 4 anos e continuam com o ritual sagrado. Na pandemia, porém, o melhor que têm a fazer é manter cuidado.

Milena servindo um copo da bebida (Foto: Henrique Kawaminami)
Milena servindo um copo da bebida (Foto: Henrique Kawaminami)

"Estamos só nós duas aqui e bem afastadas de outras pessoas. Se algum amigo nosso chegasse com outro conhecido, infelizmente não teríamos toda aquela educação de sempre e oferecer o nosso copo", considerou Talita. Cada um no seu quadrado.

E por falar nisso, ela deu uma solução: "já ouvi falar num canudo de metal com filtro. É melhor que cada um tenha o seu mesmo. Em Corumbá, a gente costumava pegar duas ou mais bombas quando estava num grupo grande. Hoje em dia, não faltam opções ecológicas para se levar à rua. Tem até bomba feita de bambu".

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Sugestão é que cada um tenha sua própria bomba (Foto: Henrique Kawaminami)
Sugestão é que cada um tenha sua própria bomba (Foto: Henrique Kawaminami)
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