Noiva no hospital, Maria superou 4 infartos: “Família vale mais que dinheiro”
Casamento é comemoração depois de 5 anos de tratamento e 20% do coração da noiva funcionando
Dias difíceis de tratamento com quatro infartos, em cinco anos, e a paciente que voltou ao hospital para se casar depois da alta médica traz um conselho: “Sejam felizes, porque o dinheiro não é nada e não tem nada no mundo que valha mais do que o amor pela família, pelos filhos, por tudo”, diz Maria Abadia Dias Fernandes França, de 55 anos, chorando de emoção e vestida de branco para o casamento na capela do HR-MS (Hospital Regional Rosa Pedrossian). Ela tem apenas 20% do coração funcionando e não suportaria passar por transplante.
O local tem missas às quartas-feiras e domingos e o padre visita os pacientes. A ideia de se casar surgiu no dia em que teve alta. Maria já colocou oito stents, pequenos tubos que ajudam o sangue a passar nas artérias coronárias e manter o coração funcionando.
O casamento é com o parceiro de união há 19 anos, que esteve ao lado dela durante o tratamento.
Sempre quis me casar, queria estar ‘certinha com Deus’. Meu marido é uma pessoa maravilhosa. Estava tendo alta bem na hora que estava acabando a missa. Fui ao encontro do Padre, pedi benção e falei que queria tanto me casar. Estava tão frágil, toda roxa por causa do soro”, conta a noiva, Maria Abadia.
Ela e o esposo, o gari José Ferreira de Moura, de 63 anos, tiveram que se preparar passando pela primeira comunhão e a crisma e então receberam a bênção do casamento.
Maria relata que quando chegou ao hospital, o médico achou que ela não sobreviveria. “Ele chamou todo mundo e eu via as pessoas entrarem no quarto de olhos inchados para se despedirem de mim, mas eu falei ‘Dr. não é agora, Deus tem muita coisa para mim’ e olha onde eu estou, casando. Hoje, Deus me devolveu a vida. É muito emocionante para mim”, diz a noiva.
A filha do casal, de 18 anos, Ana Tereza, acompanha a cerimônia; além dos dois filhos, de 37 e 39 anos de Maria, frutos do relacionamento anterior.
“Estou muito feliz. Sonhei com esse dia e graças a Deus, chegou. Acho que tem que estar ‘certinho com Deus’, porque para nós é importante seguir o caminho juntos na igreja”, diz o noivo.
A filha, Juliana Dias Miranda Martins, conta que a mãe continua desenganada pelos médicos. “Mas Deus vem sustentando e isso é um sonho para ela. Meu padrasto é uma pessoa muito boa para nós. A fé dela a mantém viva, ela está feliz e eu estou radiante por ela”, diz.
O padre Alfreu Gomes explica que esse é o sexto casamento que realiza no hospital. “Ao mesmo tempo que é desconcertante, é uma alegria, porque fazer com que as pessoas experimentem a fé, sobretudo no momento de maior dificuldade, a fé fortalece ela a ponto de, muitas vezes, se esquecer da enfermidade e viver essa experiência transcendente”, comenta o padre.
A mãe da noiva, Maria Tereza Miranda, de 73 anos, também acompanha tudo. “É uma emoção bem grande. Nenhuma das minhas filha casou assim, casaram, porém sem cerimônia e agora ela, depois de todo esse tempo, casar assim”, diz.
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