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Comportamento

Para vida ser menos complicada, grupo abre espaço para trans dividirem histórias

Lucas Arruda | 18/09/2017 07:52
Psicólogas Andrea Brum e Adriana Lobo fizeram curso de capacitação em SP antes de idealizar o grupo (Foto: André Bittar)
Psicólogas Andrea Brum e Adriana Lobo fizeram curso de capacitação em SP antes de idealizar o grupo (Foto: André Bittar)

Sentir que você vive num corpo que não é seu não deve ser uma sensação nada agradável. Por isso, algumas pessoas decidem fazer a mudança de gênero e para esse processo ser menos doloroso, as psicólogas Adriane Rita Lobo e Andrea Brum criaram o Grupo de Psicoterapia para Acompanhamento do Processo Transexualizador.

As duas decidiram formar o grupo após fazerem um curso de capacitação sobre o assunto no Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo). “Todo o processo transexualizador dura dois anos e é um acompanhamento multidisciplinar, entre várias especialidades médicas, como psicólogo, endocrinologista, psiquiatra e por fim um cirurgião plástico, caso queira fazer a troca do sexo. Esse acompanhamento completo é oferecido pelo SUS, mas por lá essas pessoas não tem um grupo para que possam trocar experiências, compartilhar suas histórias e isso pode ajudar muito”, explica Andrea.

Por se tratar de um assunto que começou a ser estudado com mais profundidade recentemente tudo ainda é muito novo. Este é um dos motivos que elas acreditam que um grupo possa trazer novas perspectivas para pessoas trans. “Quem acompanha trans precisa ter um conhecimento técnico e teórico bastante avançado e p desejo de estar junto das pessoas. Já atendemos pessoas que não aceitavam seu corpo individualmente, agora daremos esse novo passo”, afirma Adriane.

O interesse em ajudar pessoas a descobrirem seu gênero surgiu há um tempo. O primeiro contato de Adriane com uma pessoa trans foi com um amigo de sua filha. “Ele tinha um visual um pouco andrógeno, cabelos longos, gostava de maquiagem, mas nessa época não prestei atenção. Depois de um tempo minha filha me contou que ela havia se tornado uma mulher trans”, lembra.

“O meu primeiro contato direto foi com um casal homossexual que atendi e um não se sentia bem com o corpo e depois de um tempo se descobriu uma mulher trans. Foi aí que passei a me interessar mais pelo assunto”, afirma.

Andrea conta que sempre foi apaixonada pela diversidade pelo que é diferente. A primeira vez que atendeu uma pessoa que não se identificava com o gênero que lhe foi designado no nascimento foi quando a mãe de uma mulher trans a procurou. “Ela estava desolada, de luto por perder um filho, afinal não há nenhuma memória afetiva, lembrança com essa nova pessoa que está nascendo. Foi um acompanhamento difícil”.

Elas não excluem, no futuro, a possibilidade de abrir um grupo de psicoterapia para acompanhar os familiares de pessoas trans. “Quando estamos em grupo há mais troca, identificação, reconhecimento, o outro sente o que estamos sentindo, já que nos colocamos na perspectiva dele”, acredita Andrea.

Apesar de terem só duas das cinco vagas preenchidas do grupo elas afirmam que a procura tem sido bastante e com uma resposta positiva. “Por ser um assunto novo ainda é gerada muita polêmica, ainda mais agora que está em alta pela novela. Desde quando estamos divulgando nas redes sociais muita gente têm perguntado bastante, tirado dúvidas e até conseguimos duas pessoas para nosso grupo”, pontua Adriana.

As psicólogas lembram que pela falta de conhecimento muita gente não sabe como tratar a pessoa trans e o ideal é procurar ajuda para não acabar as tratando com descaso e preconceito. “Não é uma questão de escolha, é uma questão de alma”, filosofa Andrea.

Quem quiser tirar dúvidas sobre o assunto ou se identificar como uma pessoa trans e tem interesse de participar do grupo é só entrar em contato pelo whatsapp através dos números 99266-9449 ou 99276-4544.

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