“Paraíso verde” é riqueza de quem precisou comer até farinha com água
Marilda vive em meio a plantas com direito a um laguinho para compor o cenário na Vila Ipiranga
Próximo à reserva ambiental da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Marilda Maria Lopes brinca que apesar de todas as dificuldades, se sente rica. Isso porque depois de criar três filhos sozinha e precisar comer até farinha com água, sua casa é um paraíso verde com direito a laguinho para compor o cenário na Vila Ipiranga.
Quem mora na região conhece dona Marilda como a senhora que vende desde mudas de plantas até pés de alface. E, ao invés de diminuir o ritmo aos 79 anos, faz questão de continuar cuidando do quintal que também conta sua história.
Tendo vindo do Interior, ela explica que seu amor por “viver no mato” nasceu junto com ela. Após o pai falecer, Marilda comenta que a mãe não conseguiu criar os filhos e, como era comum na época, “doou” as crianças para outras famílias.
“Eu fui criada depois em fazenda também, trabalhei nela e demorei para sair. Quando era mais nova, trabalhava colhendo algodão e era difícil, mas a gente não tem escolha, precisa trabalhar”, diz Marilda.
Depois, com seus próprios filhos, precisou deixar a antiga vida e trabalhar na cidade costurando roupas. “Já costurei muito mesmo e depois que meu primeiro marido me abandonou, aí é que costurei ainda mais. Consegui criar os três costurando, mesmo passando por muita dificuldade”.
Mas, depois de muita luta, a vida atual começou a ser construída. E, apesar de o lugar em que mora ser lindo, ela relata que o cotidiano ainda carrega as lembranças difíceis.
“Quando cheguei aqui era um brejo mesmo, tinha uma água que ficava minando na frente de casa. Para a gente conseguir aterrar isso aqui e fazer a casa foi difícil, mas consegui fazer junto com meu segundo marido”, explica.
Há mais de três décadas, ela detalha que o espaço não era nada parecido com o que vê atualmente. E até as plantas que tanto gosta são fruto de seu trabalho em conjunto ao marido.
Marilda narra que quando o companheiro era vivo, os dois se uniram para construir o tanque que seria um pequeno lago e a horta que aprendeu a cultivar na infância. Ao invés de querer abandonar tudo que tivesse ligação com a área rural depois de passar por tantos períodos difíceis, a moradora explica que ligou a natureza a um refúgio.
Agora, enquanto já não precisa mais se alimentar com a farinha e água, Marilda continua costurando, cuida de sua horta e faz questão de doar parte das verduras para uma creche próxima de casa. E, mantendo uma gentileza única, até as mudas que são vendidas acabam se tornando presentes para alguns.
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).
Confira a galeria de imagens: