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Comportamento

Pelas mãos de Janir, a força e delicadeza dos avós viram cerâmica

Nascida na comunidade Taunay/Ipegue, em Aquidauana, raizes acompanham a artesã em seu trabalho

Por Idaicy Solano | 12/10/2024 07:43
Raízes de Janeiro estão presentes em cada peça confeccionada (Foto: Arquivo Pessoal)
Raízes de Janeiro estão presentes em cada peça confeccionada (Foto: Arquivo Pessoal)

Toda sua arte, desde o manuseio do barro até virar diversos itens que encantam as pessoas nas feiras que a administradora de empresas e ceramista Janir Gonçalves Leite, de 58 anos, participa, está fortemente interligada com suas raízes indígenas.

Nascida na comunidade Taunay/Ipegue, em Aquidauana, Janir relata que sua avó fazia cerâmicas e a casa dela era repleta de potes. Mas seu primeiro contato com o ofício, foi com uma anciã da comunidade, que a ensinou técnicas da cerâmica terena.

Já seu avô, era chamado de Turu na aldeia indígena em que morava. A artesã explica que o nome significa touro, e que ele recebeu o título pois era “forte como um touro”.

Turu erá responsável por organizar mutirões de colheita e plantação, e reunia várias pessoas para ajudar os lavoureiros. Por isso, sua marca foi batizada de ‘Turu, Arte da Terra’, em homenagem a ele.

Mesmo ao deixar a aldeia, Janir sempre retorna às comunidades indígenas, onde ministra oficinas de valorização da cultura, oficinas de grafismos e produção de biojoias a partir de materiais encontrados na natureza.

Janir relata que depois que produziu sua primeira peça, nunca mais parou, e passou a se dedicar às oficinas e absorver o máximo de conhecimento possível. Ela declara que em cada aula que participou, aprendeu uma técnica diferente, e ainda trabalha bastante para aprimorar suas habilidades, unindo um pedaço de cada professor que teve.

Peça feita em formato de folha de folha de aguapé (Foto: Arquivo Pessoal)
Peça feita em formato de folha de folha de aguapé (Foto: Arquivo Pessoal)
Peças são inspiradas no povo pantaneiro (Foto: Arquivo Pessoal)
Peças são inspiradas no povo pantaneiro (Foto: Arquivo Pessoal)

Uma de suas produções mais marcantes, foi quando ela moldou saboneteiras e bowls reproduzindo a folha do aguapé. Ela descreve que não imaginou que ficaria tão impactada pela peça, mas ao se deparar com o resultado final, ficou bastante satisfeita. “As pessoas elogiaram muito. Foi uma coisa que eu fiz pensando na folha do aguapé e deu certo”.

Ceramista à moda antiga, ela diz que abre mão de moldes, e prefere fazer um trabalho 100% manual para garantir que as peças sejam únicas e especiais.

“Eu não penso em trabalhar com com formas, eu prefiro a moldagem manual. Não se produz peça igual, se produz parecido, mas nada é igual quando você trabalha o manual, e é o que eu mais gosto de fazer”, enfatiza.

As peças são produzidas a partir de barro, e os produtos são moldados e queimados em alta temperatura, podendo chegar até 1240º. Janir confecciona itens decorativos e utilitários, todos na temática Pantaneira. “É uma coisa que eu gosto de fazer. E também me acalma, porque o trabalho manual te acalma, faz você se dedicar”.

Janir produz uma infinidade de produtos em cerâmica, incluindo incensários, pratos, xícaras de café e de chá, pires, travessas e bowls, além de itens decorativos inspirados na fauna pantaneira. As peças custam a partir de R$ 30.

Confira a galeria de imagens:

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