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Comportamento

Quanto custa passar um vexame depois da bebedeira do Carnaval?

Em 1 dia, de 37 atendimentos na folia, 35 foram de embriaguez entre adolescentes

Thailla Torres | 13/02/2018 06:10
Depois dos desfiles oficiais, um dos foliões foi encontrado alcoolizado pelas ruas. (Foto: André Bittar)
Depois dos desfiles oficiais, um dos foliões foi encontrado alcoolizado pelas ruas. (Foto: André Bittar)

Todo ano a cena se repete. A cobertura intensa de alegria, cores, fantasias e marchinhas no Carnaval, caminha junto com o número de exageros em bebida alcoólica. Situação que leva muita gente a passar vexame durante a folia. Isso, além do risco no trânsito e das brigas no final da festa. O pior é que a garotada está começando cedo. Em 1 dia só de Carnaval na Esplanada, de 37 pessoas atendidas por excesso de álcool, 35 eram adolescentes.

E nem é preciso esperar muito tempo para encontrar folião passando mal depois de tomar alguns goles antes do anoitecer. Nesta segunda-feira (12), o primeiro dia do Bloco Capivara Blasé, era grande o número de pessoas que bebiam à vontade na esquina da Avenida Mato Grosso com a Calógeras. Lá pelas 19h, um deles caiu desmaiado, em pleno cruzamento.

Desde o primeiro dia de folia na Esplanada Ferroviária, o espaço virou reduto de um público, na maioria jovem, que se diverte na bebedeira. Bastou uma volta pelos foliões que dançavam até o chão para descobrir que ali, praticamente, todo mundo é menor de idade. E são os mesmos adolescentes que investem pesado na compra de álcool, apesar da venda só ser permitida para maiores de 18.

Turma entre 13 e 17 anos afirmaram que compraram bebida à vontade na festa e com autorização dos pais.
Turma entre 13 e 17 anos afirmaram que compraram bebida à vontade na festa e com autorização dos pais.

“A gente traz o suficiente para ficar louco”, conta entusiasmado um adolescente de 17 anos que segura uma garrafa de energético e vodca nas mãos. Ele diz que diariamente gasta em média R$ 100,00 para beber com os amigos. “Dá para comprar três caixas de cerveja, dois litros de energético e duas vodcas que a gente toma em uma hora e meia”.

Questionados se os pais têm conhecimento do uso abusivo e, proibido, de bebida entre eles, os adolescentes confirmam. “Meu pai sabe que eu bebo, uma vez ele já me buscou muito doido na escola”, afirma outro colega que diz ter 15 anos.

Na mesma esquina, outro grupo de adolescentes afirma que está ali para outra “função”. “Estou aqui trabalhando. Eu não vou falar quanto eu vendo", dispara um deles ao ser questionado sobre a venda para os adolescentes da turma.

Durante o desfile do Capivara Blasé, um jovem aparentemente bêbado caiu no cruzamento da Calógeras com MT.
Durante o desfile do Capivara Blasé, um jovem aparentemente bêbado caiu no cruzamento da Calógeras com MT.
Presidente da Cruz Vermelha afirma que o número é preocupante.
Presidente da Cruz Vermelha afirma que o número é preocupante.

Durante o desfile do bloco, outra cena chocou uma parcela do público, ao ver um jovem caindo no asfalto depois de tanto beber. Ele caiu pelo menos três vezes, na frente de oficiais do Corpo de Bombeiros, que não socorreu o rapaz. Com ajuda de uma mulher, ele foi caminhando até uma das viaturas. O Lado B tentou falar com o rapaz e a pessoa que o ajudou, mas ninguém quis dar entrevista.

Ontem pela manhã, a equipe do Campo Grande News encontrou um jovem deitado e alcoolizado no mesmo local, com uma garrafa de energético ao lado, normalmente usada para a mistura de bebida alcoólica.

A situação preocupa, principalmente, a equipe da Cruz Vermelha Brasileira que diariamente atende um número alto de adolescentes embriagados. “De cada 37 atendimentos, 35 deles são adolescentes que consumiram bebida alcoólica. É um número preocupante para jovens que não deveriam estar bebendo”, comenta o presidente Tácito Nogueira.

Nesse caso, quando o adolescente dá entrada no atendimento, ele só é liberado na presença dos pais ou responsáveis. “A gente entra em contato com os pais, conta sobre o que está acontecendo e aguarda a presença deles. Se o caso for muito grave, ele é atendido por uma equipe médica do Samu e encaminhado para Unidade de Saúde, onde também é liberado com a presença de um responsável”.

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