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Comportamento

Técnico em 1970, Waldomiro criou praça que hoje filho cuida com amor

Praça tem nome do treinador e Hildaram cuida do lugar para preservar memória do pai

Jéssica Fernandes | 02/05/2022 06:52
No campo de futebol, Hildaram segura foto do pai. (Foto: Jéssica Fernandes)
No campo de futebol, Hildaram segura foto do pai. (Foto: Jéssica Fernandes)

Em 1970, o campinho de futebol que fica entre as ruas Presidente Arthur Bernardes e Marechal Hermes era pura terra vermelha. O local servia como espaço de treinamento do time São Paulinho da Vila Almeida, que seguia os comandos de Waldomiro de Souza. Em 1988, o técnico partiu aos 59 anos, mas deixou um legado físico que é preservado pelo único filho, o radialista Hildaram José Faria de Assis, de 60 anos.

Localizado na Vila Jardim Garcia, o campo evoluiu e virou uma praça bastante frequentada na região. Em homenagem a Waldomiro, o lugar foi batizado com o nome dele em 1989. Desde então, Hildaram, mais conhecido como “Brother Daran'', é quem cuida do espaço público com muito carinho.

Como nos velhos tempos, o campo serve de ponto de encontro para os torneios de futebol que o radialista organiza aos domingos. No time "Amigos, 50% veteranos", estão alguns dos jogadores que eram adolescentes quando ouviam os apitos e instruções de Waldomiro. Além dessa tradição, ele também organiza eventos beneficentes, pois, em vida, o pai era bastante envolvido com a causa.

Waldomiro na praça que, anos depois, recebeu o seu nome. (Foto: Jéssica Fernandes)
Waldomiro na praça que, anos depois, recebeu o seu nome. (Foto: Jéssica Fernandes)

Para o bancário aposentado, cuidar da praça é uma forma de honrar o pai, que dedicou anos de trabalho ao campinho. "Ele era muito apaixonado pelo esporte, ele fazia das tripas coração para poder fazer as coisas", fala.

Ao decorrer das décadas, principalmente após 2017, a pracinha foi revitalizada, ganhou bancos, iluminação e cerca de 100 árvores. "É por ele, é para manter viva a memória dele. No começo, a gente chegava aqui e tinha lixo jogado, mas conseguimos conscientizar as pessoas", diz.

Ao falar do pai, o radialista não esconde a saudade que sente e o exemplo de homem que ele foi. Entre as virtudes de Waldomiro, segundo o filho, a bondade era a maior de todas. “Se o cara ia casar, ele ficava sem sapatos. Se o cara estava passando frio, ele chegava em casa tremendo, pois tinha dado o casaco pro cara. Ele era justo com as coisas”, enfatiza.

Hildaram mostra recordações do tempo que o pai treinava a escolinha. (Foto: Jéssica Fernandes)
Hildaram mostra recordações do tempo que o pai treinava a escolinha. (Foto: Jéssica Fernandes)

Além dos campos de futebol, Waldomiro também curtia boteco, jogo de sinuca e baralho com os amigos. Apesar disso, ele não deixava Hildaram se envolver por nenhuma das três atividades. "Ele nunca deixou eu jogar, ele queria que eu estudasse, trabalhasse e fosse jogador de futebol profissional. Tudo isso eu fui, graças a Deus", celebra.

Quando está no local, principalmente antes dos torneios, o radialista expõe que sente a presença do pai com frequência. “Eu sinto muito a presença dele aos domingos. Eu sou o primeiro a chegar, sento, faço uma oração e sinto ele. Aí, o pessoal vem e sempre tem alguém falando dele”, destaca.

As três relíquias do pai - Dia antes de falecer, Waldomiro teve uma conversa que, na época, o filho não compreendeu. Além do diálogo, o técnico deu objetos pessoais que Hildaram guarda em casa com muito cuidado.

O radialista lembra até hoje as palavras do pai e a forma como ele entregou os itens. “No último dia que falei com ele, ele me chamou e falou: “Filho, vou te dar três presentes”. Ele me deu o relógio, a camisa e um óculos Ray Ban. Depois, disse: “Eu não vou deixar herança, mas onde você chegar, você vai falar que é meu filho e as portas vão se abrir”, conta.

Hildaram na Praça Esportiva Waldomiro de Souza. (Foto: Jéssica Fernandes)
Hildaram na Praça Esportiva Waldomiro de Souza. (Foto: Jéssica Fernandes)

Querido por muitos e colecionador de amizades na cidade, Waldomiro se despediu da vida em janeiro de 1988. Foi fazendo uma das coisas que gostava, jogando sinuca no bar, que o técnico acabou sofrendo um ataque cardíaco fulminante.

Para deixar a família despreocupada, Waldomiro apareceu em sonhos onde confortava o filho. "Eu sonhava com ele, ele começou a me cuidar, falar: "O pai tá bem, fica tranquilo", expõe. Após 33 anos, o eterno treinador do São Paulinho da Vila Almeida segue na memória do filho e de todos aqueles que o conheceram. Seja nas lembranças ou no campo, ele resiste através da Praça Esportiva Waldomiro de Souza.

No Instagram, o radialista publica os eventos e atividades realizadas no local. O perfil é @_brother_daran.

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