Vacinados viram “estrelas” no grupo da família e redes sociais
Já pipoca nas redes sociais relatos emocionados de dezenas de profissionais da saúde e indígenas que tiveram a chance da vacinação
Após dois dias do começo das vacinações contra a covid-19, começam a pipocar relatos de pessoas que fazem parte dos grupos prioritários e que já passaram pelo tão esperado momento: serem vacinados. Nos grupos de WhatsApp da família, a cada fotografia de um profissional da saúde sendo vacinado chove elogios e figurinhas comemorativas.
Profissionais da saúde, idosos e indígenas estão entre os primeiros e são eles que, neste momento, nos dão esperança de dias melhores, principalmente por meio de seus depoimentos.
O médico geriatra Marcos Blini, que trabalha no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, diz que o dia da vacinação representou um dos momentos de mais reflexão em sua vida. “Dia de lembrar angústias, dia de reflexão, dia de alegria, mas principalmente dia de esperança", relata.
A vacina, segundo ele, baseada na ciência, com estudos e garantia de eficácia, é o que fará a esperança renascer. "Esperança em dias melhores, em dias de luz, de liberdade, de vida. Onde os "meus" idosos possam voltar a frequentar academias, igrejas, seus colegas, terem seus hobbies. Dias onde os almoços de família possam voltar a acontecer, sem medos ou angústias, cheios de abraços e beijos e cheios de amor", acrescenta.
Para o médico, a maior torcida é que a vacina e a ciência vençam juntos a doença que levou e ainda leva muitos. "E que acima de tudo o amor possa voltar com força total aos nossos corações e encontros com nossos entes queridos junto com grandes, carinhosos e fortes abraços”.
“Esperança” também foi a palavra escolhida por Ana Helena da Silva Gimenes, farmacêutica de 30 anos. “Tomamos hoje uma dose de esperança! Um alívio por estarmos próximos do fim da pandemia", diz.
Ela pontua que ainda não estão livres do vírus e ressalta a necessidade de consciência coletiva para a manutenção do uso de máscara e o distanciamento social até que a maioria da população seja vacinada e desenvolva imunidade. "Mas hoje avançamos, confiantes na ciência, para o controle e fim dessa pandemia”, completa.
O cardiologista Luiz Augusto Possi Junior, de 32 anos, trabalha na linha de frente Hospital Universitário e no Hospital da Cassems desde o início da pandemia, em março de 2020. Ele conta que já chorou muito com a a família por pensar que teria chances de ver a filha andar.
“Foi um grande alívio ver a evolução e o surgimento de várias vacinas. E estar dentro do grupo contemplado inicialmente é um grande privilégio. Espero que as vacinas, seja quais forem, possam atingir a maior quantidade de pessoas para voltarmos a vida normal e reduzir o sofrimento que afligiu a todos em 2020 e começo de 2021”.
A enfermeira Sigrid Fontes trabalha nos dois hospitais referências da cidade: Santa Casa e Hospital Universitário, ambos no Pronto Atendimento Médico. Ela diz que, antes de tomar a vacina, já havia pensado no significado desse momento. Ela dedicou a vacina a "todo adeus não dito", fazendo referência as milhares de pessoas que se foram e as que atravessam esse momento difícil com suas perdas.
“Então no dia anterior a vacina, eu já tinha começado a pensar no que aquilo significava, e mais do que um alívio, a felicidade por acreditar que viveremos tempos melhores, eu sinto uma tristeza muito grande por aqueles que não tiveram essa oportunidade, que não tiveram tempo de esperar pela vacina. Vi muita gente conversando e ser intubado logo após, se despedir da família de longe, perguntando se ia sair bem dali, e vir a óbito as vezes no mesmo dia. É angustiante pensar que estávamos tão perto, que se viesse mais cedo, que se todo mundo acreditasse na vacina, tanta vida seria salva”, acrescentou Singrid.
André Alexandre Costa de Azevedo, fisioterapeuta intensivo da Santa Casa diz que foi um dia de muita emoção. “Hoje se você me perguntar o que significa esta tão esperada vacina, responderei como "Esperança", o refrigério para todos nós profissionais da saúde, pois o esgotamento físico e emocional é extremo. A vacina vai controlar este mal, mas cura verdadeira está nas mãos de todos através dos seus atos e de sua consciência”.
Também teve os indígenas, outra categorias prioritária. Genilson Duarte, indígena que trabalha no Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), relatou que teve um sentimento ambíguo.
“É uma alegria imensa, uma vontade de sorrir de chorar. A hora que chegou a caixinha com as vacinas, fiquei muito feliz. A alegria pelo que a gente está recebendo, mas a vontade de chorar é pela tristeza que nem todo mundo vai receber”.
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