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Comportamento

Vendendo plano odontológico e paçoca, Otávio conseguiu até casa

Jovem precisou começar a trabalhar muito cedo e chamou atenção com lábia na Rua 14 de Julho

Aletheya Alves | 01/05/2023 09:15
No trabalho, Otávio precisa convencer clientes a irem para clínica odontológica. (Foto: Juliano Almeida)
No trabalho, Otávio precisa convencer clientes a irem para clínica odontológica. (Foto: Juliano Almeida)

Em pouco tempo, Otávio Natan de Oliveira conseguia vender todo seu estoque de paçocas na Rua 14 de Julho. E, mostrando que a lábia funcionava, conseguiu um emprego fixo ainda mais complexo: ali, na correria da mesma rua, precisa convencer oito pessoas diariamente a consultarem um dentista.

Aos 18 anos, o vendedor se desdobra pelos quatro cantos do cruzamento entre a 14 de Julho e Barão do Rio Branco. Já acostumado com o serviço, ele conta que é difícil, mas não impossível e jura que bater a meta tem se tornado algo rotineiro.

“Vou conversando com as pessoas e pergunto se elas já pensaram em fazer tratamento odontológico. Às vezes a pessoa não quer logo de cara, mas convenço a pelo menos ir comigo pegar o cartão e, no fim, vira um atendimento”, conta Otávio.

Sobre como faz esse processo de convencimento, ele explica que o principal é manter o sorriso no rosto. E, claro, não falar nada de ruim para os clientes em potencial.

Apesar de ter chegado à maioridade agora, Otavio relata que começou a aprender a trabalhar com 9 anos de idade. “A gente morava na área rural, então desde pequeno você vai vendo como tirar leite, como cuidar dos animais. Meu pai trabalhava com isso, aí fui aprendendo também”.

Alguns anos depois, a família veio para Campo Grande, mas o então adolescente aceitou um emprego de volta ao mundo rural. Desta vez em um aras.

Morando na área rural, ele conta que começou a aprender a trabalhar ainda muito pequeno. (Foto: Juliano Almeida)
Morando na área rural, ele conta que começou a aprender a trabalhar ainda muito pequeno. (Foto: Juliano Almeida)

“Lá eu limpava a tropa, tomava conta dos cavalos, sabia fazer a limpeza. Era um pouco de tudo. Fui trabalhar porque não queria depender de ninguém, queria ter minhas coisas, mesmo que fosse difícil estudar e trabalhar”, relata.

Já próximo de chegar aos 18 anos, ele decidiu voltar para a Capital e trabalhar sozinho. Sem dinheiro para investir, a ideia envolveu justamente as paçocas e, por mais diferente que seja, mandioca.

Otávio conta que tinha dinheiro apenas para algumas paçoca e levando o pote na mão, conseguiu voltar para casa com R$ 40. “No outro dia eu voltei com mais paçocas e fui vendendo. Depois, vendi até mandioca com a mesma ideia. Fiquei um bom tempo fazendo isso até que o pessoal da clínica me viu vendendo tudo e me chamou”.

Hoje, já tendo terminado os estudos, ele narra que já conseguiu até comprar a casa que era da bisavó no Los Angeles. “Ela parcelou para mim, fizemos tudo certinho com contrato e tudo. Aí eu vou pagando todo mês, mas por enquanto ainda estou morando com meus pais”, diz.

E, para o futuro, o sonho do jovem é conseguir ter seu próprio negócio. “Vou começar um curso de barbeiro, mas fico pensando em vender roupas ou alguma outra coisa do tipo. Não é fácil trabalhar não, é duro, mas a gente precisa, né?”.

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