Vítima de seguidores, Ádamo transforma ignorância nas redes sociais em livro
"Odeio, logo, compartilho" é livro de Ádamo Antonioni que foi atacado pelos seguidores após expressar opinião na internet
Os usuários das redes sociais estão cada vez mais afiados e não perdoam ninguém. A hostilidade muitas vezes prevalece. Ádamo Antonioni da Silva sentiu isso na pele quando decidiu se expressar na internet. Após tantos ataques, ele passou a ler os comentários na internet e descobriu um universo de ignorâncias.
“São ofensas, pessoas agressivas que publicam o ódio, pois se sentem protegidas porque é um ambiente virtual”, diz. Aos 29 anos, ele é filósofo e jornalista, tem mestrado em Comunicação e se prepara para o doutorado em Educação. O comportamento dos internautas o assustou e o fez se debruçar nas pesquisas para entender o motivo de tanta intolerância na sociedade.
Foram meses de muitos estudos que resultaram no livro “Odeio, logo, compartilho: O discurso de ódio nas redes sociais e na política”, que será lançado no dia 18 deste mês na Câmara Municipal de Campo Grande. Ádamo também usou as redes sociais para analisar o comportamento dos seguidores. “Costumo expressar minha opinião, mas vi que muitos não concordavam e me ofendiam”, conta.
Foi a partir de 2018 que ele percebeu a mudança no comportamento dos amigos virtuais e achou estranho. “Recebi várias críticas, mas quando chamei essas pessoas para conversarem comigo pessoalmente sobre homofobia, machismo, sempre recusavam ou inventam desculpas. Estão revestidas com sua verdade”.
Questão política é um dos principais assuntos que causa discórdia na internet. “Agora tudo é; você esquerda ou direita“, comenta ele indignado com o julgamento virtual. “Atuo no campo progressista, acreditando que a sociedade vai progredir e teremos mais conquistas de direitos. Contudo, existem pessoas conservadoras que não têm essa visão, por isso desprezam a opinião do outro”, explica.
Segundo ele, o estudo revela que é preciso aproximar as pessoas para que realmente possam conversar sobre determinados assuntos e chegar a um consenso. “Temos que romper essa barreira das redes sociais e vir para o mundo real. Falta diálogo nesse ambiente de intolerância para que possamos aceitar que o outro pode pensar diferente”.
O livro é pluripartidário construído a partir de filósofos como Voltaire, Kant, Sócrates e Platão, mostrando um olhar crítico sobre o fanatismo e o extremismo, abordando ainda a importância do diálogo para que as pessoas não caiam em generalizações apressadas e intolerância.
“No diálogo, não há vencedores nem vencidos, mas um discurso entre amigos que se sabem plurais e reconhecem a necessidade de viver em comunidade, partilhando de uma comunhão”, destaca.
Além disso, Ádamo também fala sobre o compartilhamento das fake news que contribuem para o aumento da hostilidade nas redes socais. “Tenho um projeto chamado ‘Fato ou Fake na Escola’, no qual vou às escolas para falar sobre a importância de chegar às informações para não propagar notícias falsas”, finaliza.