Boneca Blythes ganham personalidade pelas mãos da dollmaker Patrícia Loureiro
Hit entre fashionistas, tem gente daqui que faz essas pequenas bonecas ainda mais fofas e excêntricas
Brincar de boneca depois de velho é até aceitável quando se vê o estilo e o visual alternativo das bonecas Blythes. Com cerca de 28 cm de altura, elas tem o corpinho bem pequeno comparados à sua cabeça. Cabelos que vão até os pés, franjinhas, cores fantasia nos fios, e olhos imensos, com quatro opções de cores, emoldurados por cílios "de boneca", ter uma Blythe é coisa pra poucos, visto que, cada uma, custa em média R$ 1.200,00.
Elas são compradas na internet e vêm já com o cabelo e, em alguns casos, com a roupa. Mas o que dá o "tcham" e autenticidade no olhar dessas pequenas preciosidades é o trabalho minucioso da dollmaker, especializada em bonecos reborn, Patrícia Loureiro, de Campo Grande.
"É uma necessidade criativa que eu tenho, um hobby, na verdade. Os bonecos reborn, que são aqueles bonecos idênticos a bebês, são minha fonte de renda, já as Blythes eu tenho como escape criativo", conta. Os reborns vão para as mãos dos produtores do Projac e as Blythes para colecionadores.
Já são oito anos de Blythes, feitas com material profissional e o cuidado de quem é apaixonada por seu hobbie. Além de, claro, viciada em bonecas. "Apesar das Blythes serem meu hobby, o trabalho é profissional", completa ela.
O processo de personalização é artesanal. Patricia esculpe cada detalhe da face da Blythe, num momento em que existe a possibilidade de criar, ousar mais. "Eu desmonto a boneca, corrijo o olhar baixo dela, esculpo olhos, nariz e boca, criando formatos e dando personalidade a cada boneca".
O primeiro passo é decidir como ela será. "Depois começo pelos recortes dos olhos para que ela abr toda a pálpebra. Sua cabeça, por dentro é cheia de parafusos. Com ferramentas próprias pra isso, eu modelo os traços da boneca. Faço os detalhes em giz pastel seco e com um verniz japonês usado para aeromodelismo tiro o brilho do corpo da Blythe".
Pra quem não conhecia, as Blythes são bonecas criadas em 1971 que recebem um nome e tem a sua personalidade bem definida. "As vezes somos nós quem definimos como ela será, pela carinha e estilo de vestir mas algumas vezes somos surpreendidos, a própria boneca define a sua personalidade definida naturalmente".
Quem compra, geralmente, são colecionadores que tem afinidades, como o interesse por moda. "Elas se tornaram hit e verdadeiros objetos de desejo de fashionistas". Talvez isso tenha acontecido porque na Primavera de 2009, Alexander McQueen lançou uma linha de moda para uma campanha publicitária com bonecas Blythe.
O mercado, claro, criou formas de atender a essas pessoas. Na internet, uma gama imensa de peças estão disponíveis. Patricia diz que uma bota de couro para a boneca chega a custar R$ 80,00.
Personalizável, é possível customizar tudo na Blythe. "Existe o corpo articulado, por exemplo. Os cabelos que já vem nelas são fios sintéticos, de boneca mesmo, mas dá pra trocar por fios naturais, de mohair ou alpaca", finaliza.
Para ficarem perfeitas, Patricia leva no máximo 10 dias. "É um processo muito prazeroso pra mim. Geralmente, depois de prontas, eu as coloco a venda", comenta. A graça, para a dollmaker, está no olhar das pequenas. "Elas tem o privilégio de ter quatro cores de olhos. Eles mudam de cor e posição ao puxar uma corda amarrada à parte traseira de sua cabeça. Eu passo horas e horas detalhando seus olhares".
Com aparência fofa, as Blythes, criadas em 1972 pelo designer Allison Katzman, não foram bem quistas pelas crianças da época pois se sentiam amedrontados com a boneca. Devido à falta de interesse, elas saíram de linha da empresa Kenner após um ano de seu lançamento.
Só em 1997 que elas voltaram a cena com a jornalista Gina Garan,que ganhou uma boneca Blythe de presente e passou a fotografá-la em todos os lugares, dando assim inspiração ao seu livro “This is Blythe” (Esta é a Blythe). Em 1999, ela foi introduzida à Junko CWC Wong pelo artista e ilustrador, Jeffrey Fulvimari. Ainda naquele ano, a Hasbro deu à Takara, empresa japonesa, uma licença para produzir uma nova edição da boneca Blythe, a NEO (nova) Blythe.
Daí em diante ela se tornou objeto de desejo da galera mais alternativa. Por aqui, Patricia segue fazendo as bonecas por hobby. Quem quiser conferir o trabalho da artista pode acessar o link de seu Instagram aqui.