Cansada de ser "mãezinha", Katucha cria marca para vestir mães fortes
Marca de camisetas começou agora com a missão de entregar frases de poder às mães
Mãe afetiva da enteada Anna Luiza há quase 10 anos, foi quando Katucha passou pelo parto da filha Maya, o puerpério e as dificuldades dos primeiros meses que viu o quanto as mães são julgadas e silenciadas, muitas vezes de forma bem sutil. Agora, com a filha caçula Luna completando um mês, ela resolveu correr atrás de um sonho, o de ter sua marca de camisetas e que ainda fizesse o favor de entregar o recado: "não me chame de mãezinha".
Quem ainda não é mãe pode até não se incomodar com o "mãezinha", mas a forma de tratamento que num primeiro momento parece amorosa, soa aos nossos ouvidos como diminuição.
"Me incomodo pela infantilização, como se eu não fosse suficientemente capaz de entender as coisas. Como se ser mãe me diminuísse, me fragilizasse. Ser mãe é potente. Nada me transformou com tanto poder como a maternidade. E talvez, temendo a potência da mulher mãe, há essa tentativa de silenciamento e fragilização", enxerga Katucha Oliveira da Mata Nascimento, de 32 anos.
Desde que teve Maya, que hoje está com 2 anos e 7 meses, Katucha mergulhou no empreendedorismo materno, para conseguir pagar as contas e seguir trabalhando e ter tempo com a filha.
"Comecei a seguir mães que lutam pra ter voz. Eu sempre quis ter uma marca de camisetas, porque eu gostava do nicho. Mas começou a fazer sentido usar esse produto para trazer voz às mães. Eu não sou a primeira que começou isso, é aquilo de que quando uma mulher levanta, ela levanta outras com ela. E foi observando outras mulheres mães que fazem trabalhos semelhantes, que me senti ainda mais motivada", explica.
Dentro do que Katucha viveu entre gestação, parto, amamentação e toda a entrega que a maternidade exige que descreve o sentimento por trás do 'mãezinha'. "Um médico que me chama de mãezinha, nas entrelinhas está me dizendo que eu não tenho poderes de escolha. Isso fica gritante já na gravidez, quando o mãezinha vem junto com esse médico, na tentativa de ser protagonista, induz a mulher, agora 'inha', a aceitar uma cirurgia. Depois induz essa mãe, agora 'mãezinha', a acreditar que não pode amamentar e que seu bebê precisa de fórmula pois o seu leite 'não é suficiente'", diz.
A frase que vem devolver o protagonismo das mães foi a escolha para a marca pela proximidade. "A frase me aproximaria dessas mães, que perceberam o silenciamento e que decidiram resistir. Eu sabia que um público diferente, não entenderia, e essa é a graça. Tem gente que inclusive se ofende, pois costumeiramente chama mães de mãezinhas. É talvez a possibilidade de fazer essas pessoas entenderem que mães são mulheres potentes, fortes e com um nome, e que na dúvida, é pelo nome da mulher que eu me direciono ou me refiro a ela".
As camisetas são feitas sob encomenda. Katucha faz as artes e a estampa é feita por outra profissional, também mãe. "Uma coisa que eu desejava era isso, de trabalhar com mulheres e mães. Se precisar de outras coisas na produção do meu trabalho, que sejam mães que façam", sustenta.
Até o momento, o tecido da camiseta é malha mescla e os tamanhos vão do PP ao GG nas cores branca e cinza. A intenção é ter estoque e inclui também as camisetas pretas.
As fotos que ilustram a matéria são das primeiras quatro clientes, todas mães e filhas. O contato para encomendas é o Instagram @naomechamedemaezinha.
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