Com medo de ir à padaria pela covid, Renata passou a fazer pão em casa
Receita da pandemia, pão que começou por acaso virou única renda da família depois que Renata e o marido perderam o emprego
Sem nunca nem ter feito um feijão na vida, foi o medo do coronavírus que transformou a funcionária pública Renata Domingues de Oliveira, de 31 anos, em "padeira amadora", como ela mesma se intitula. Com dois filhos pequenos dentro do quadro de risco para a covid-19, ela não queria sair de casa nem para ir à padaria. Foi então que resolveu arriscar e fazer o próprio pão. "Apenas com água, sal e farinha, como meu filho é APLV (alérgico à proteína do leite de vaca), eu fiz o pão pensando nele, com uma receita que peguei no Instagram", conta.
Depois de pronto, ela mandou fotos no grupo de WhatsApp da família, postou nas redes sociais, e acabou fazendo mais uma receita para a mãe e a tia. Bastou os familiares provarem e aprovar para Renata se encorajar.
"Os amigos foram conhecendo e pedindo. Mandava para os colegas de trabalho, até que um belo dia meu marido perdeu o emprego por causa da pandemia". Ela, que já estava de atestado médico, também ficou sem trabalho, depois de 12 anos como servidora pública. "Me vi sem chão, porém já capacitada para continuar e foi aí que a brincadeira virou negócio sério", explica.
Tudo aconteceu dentro da pandemia e num apartamento de 42 m² com duas crianças em casa, que é justamente o que ela acha mais legal. "Consigo passar mais tempo com eles. Aqui é um semi caos todos os dias, mas é o melhor semi caos do mundo poder estar com quem a gente ama e protegendo eles? Isso não tem preço", mostra.
O aprendizado veio vindo da prática e também dos cursos online que Renata conseguia fazer. "Pela internet, tudo está ao meu alcance", fala. No menu, os pães que ela oferece só levam água, sal, farinha e amor, como costuma brincar. "Não uso leite em nenhuma receita, o alecrim que vai é da nossa horta. É tudo manual, artesanal e sem nada de conservantes ou químicos", deixa claro.
Hoje Renata não só faz pão, como passou a cozinhar todos os dias em casa, e ainda comemora isso. "Sempre trabalhei, só comia fora e final de semana era na minha mãe. A pandemia nos trouxe hábitos perdidos, de ficar mais tempo com os filhos, fazer almoço. Acho que isso é o mais importante dessa pandemia", enxerga.
No mesmo grupo da família, um primo publicitário deu sugestões para a marca, "Pão Darrê", e depois que o negócio ficou profissional, Renata já se tornou fornecedora de uma empresa especializada em tábuas de frio. "Ainda faço no meu forno convencional, por isso a minha produção é limitada, porém tenho planos de abrir um negócio e expandir logo", espera.
É impossível não perguntar o que o pão da Rê significa para a Renata. "União, porque ele une pessoas. O pão é sagrado, vem do começo da nossa vida". Sobre o isolamento social, ela brinca que sabe que o pão é a receita da pandemia. "Costumo dizer que que não fez ao menos um pão na quarentena não viveu isso direito", brinca.
Para conhecer mais dos pães da Renata, o contato pode ser feito pelo Instagram @pãodarrecg.
Curta o Lado B no Facebook e no Instagram. Tem uma pauta bacana para sugerir? Mande pelas redes sociais, e-mail: ladob@news.com.br ou no Direto das Ruas através do WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563.