Esposa de aluguel faz compras, arruma a casa e até pega filho na escola
Monalize Borges tem 38 anos, é decoradora de interiores, casada, mãe de família e esposa de aluguel. Desde que se formou em 2009, sentiu a necessidade que os clientes tinham de fazer pequenos reparos em casa. Aquelas coisinhas que estragam e a gente vai deixando para depois. Aos poucos ela foi aprendendo a trocar a descarga que estava vazando, arrumar porta de armário até se atentar de que isso podia virar um negócio.
Na onda dos maridos de aluguel, ela criou agora, em agosto, o serviço "esposas de aluguel", que resolvem desde o trinco de uma porta à organização de guarda-roupa, pegar filho na escola, acompanhar em consultas médicas e até mesmo fazer a compra do mês ou um presente para a amiga que está fazendo aniversário.
"O meu serviço é poupar o tempo das esposas, de terem de arrumar a casa no final de semana. Eu faço tudo o que normalmente os maridos de alugueis fazem, mas o problema é que não tem ninguém para fazer quando são pequenos reparos. Eu trabalho nessa parte e inspeciono", esclarece.
Na agenda deste mês, por exemplo, Monalize comprou uma porta para um cliente e escolheu a madeira para fazer um deck na casa, fez jantar para a semana inteira e congelou na residência de um homem solteiro, seguiu a lista de compras no supermercado e comprou um presente de aniversário para a amiga que não teria tempo de escolher.
"Eu faço compras, arrumo a casa, resolvo pequenos reparos elétricos e hidráulicos, arrumo armários. Faço várias coisas que a esposa não pode fazer", explica. A clientela ainda são conhecidos, que vão aos poucos indicando o trabalho de boca a boca. O trabalho não tem horário comercial, até porque foi criado para atender aos clientes quando eles mais precisam.
Quando é chamada para organizar armários, Monalize explica que não basta ir e dobrar, é preciso agilizar e tornar a organização permanente. Para isso ela leva prateleiras, caixas e divisórias que forem preciso.
"É um serviço de mulher, coisas que a empregada comum não faz. No supermercado eu pergunto se a prioridade é preço ou marca", exemplifica. Ela pede uma certa antecedência nos pedidos, mas por ora, aceita ser esposa de aluguel até quando a necessidade surge no mesmo dia.
Como hoje em dia a grande dificuldade são diaristas, ela também agregou o serviço, mas não como carro chefe. A esposa de aluguel tem uma equipe de funcionárias que limpam e ela passa para inspecionar. "Eu vou e olho tudo, se quebrou alguma coisa, eu que pago". O mesmo vale quando a manutenção precisa ser terceirizada, no caso de limpeza de piscinas e jardinagem.
No Facebook, Monalize passou a postar fotos do "antes e depois" dos serviços, mas pretende tornar a propaganda agressiva. Não só por puro marketing, mas para difundir a ideia de agilizar a vida das famílias.
Questionada se tem tempo para a casa dela mesma, a decoradora responde que sim e que conta com a ajuda de uma empregada diária para poder dar conta dos lares dos clientes. A mania de organização é tamanha que ela sempre chamou atenção da família. "Sou de arrumar prateleira de loja, de padaria, sabe? Tenho TOC, todo mundo fala", brinca.
O serviço é cobrado por hora, a partir de R$ 50, mas no caso de um pedido que pode vir a demorar mais de 1h, ela baixa o preço e fecha a diária.
O trabalho é de tamanha confiança que a "Esposa de Aluguel" chegou ao Lado B por indicação de uma cliente, a comerciante Rosemeire Oliveira, de 48 anos. "Ela fez a organização dos fundos da minha casa e depois do meu closet", explica. A principal vantagem apontada por ela é a confiança de saber que é uma mulher organizando tudo. "A gente não vai colocar um homem dentro de casa, é mais fácil ter uma mulher, ela é rápida e você vê uma diferença enorme", coloca.
A "Esposas de Aluguel" está no Facebook e atende pelo celular: 9925-8483, até os números foram escolhidos para facilitar. "É 99 alugue" anuncia Monalize, a ordem dos numerais são as iniciais das letras que formam "alugue".