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Consumo

Família vai para semáforo vender flores e realizar o sonho de viajar para praia

Aline Araújo | 27/02/2015 06:23
Com dinheiro de vendas de flores ele vai com a família para a apraia. (Foto: Alcides
Neto)
Com dinheiro de vendas de flores ele vai com a família para a apraia. (Foto: Alcides Neto)

- Papai, quando a gente vai morar na praia de novo? Perguntou a pequena Maryna, de 5 anos.

- Mas a gente nunca morou na praia filha. A gente só viajou para lá. Só que esse ano o pai não tem dinheiro. Respondeu o pai

Mas eu tenho. Disse a menina, apontando para o cofrinho de moedas                                                        

Foi a conversa entre pai e filha, até então inocente e corriqueira, que nasceu o projeto “Meus três amores na praia”, do funcionário público Edmir Claro Junior, de 37 anos. Ele resolveu transformar as moedinhas do cofrinho da filha em renda suficiente para ir curtir uma semana na Praia do Futuro, em Fortaleza, ao lado da mãe, da esposa e da filha.

A meta era lucrar R$ 3,5 mil em sessenta dias. Faltando uma semana para o fim do prazo, o valor já está praticamente alcançado.

Além da diversão, outros motivos fazem a viagem ser ainda mais especial. “Minha mãe, minha filha e eu nunca voamos de avião, vai ser a primeira vez. Minha mãe está com câncer, o tratamento é difícil e o que eu quero é proporcionar muita alegria para ela”, diz Júnior.

Miriam decidiu apostar no sonho do marido. (Foto: Alcides Neto)
Miriam decidiu apostar no sonho do marido. (Foto: Alcides Neto)

A ideia inicial era vender água mineral no semáforo, mas só os primeiros 11 dias foram assim. O trabalho extra ficava para os horários de folga do trabalho. No começo, ele conta que sofreu muito preconceito e vendia água sob o sol quente. "Era sofrido", lembra.

Então surgiu a oportunidade de vender rosas e eles resolveram apostar em buquês, com 7 botões, vendidos por R$ 15,00.

Para ele foi incrível perceber que foi vendendo flores no sinal que conseguiu encontrar a motivação necessária para correr atrás do sonho. Todo dia, das 17h às 21h, ele distribuiu sorrisos e cores no semáforo no cruzamento da Via Parque com a Dr. Sylvio Muller.

Para chamar a atenção dos clientes, Junior e a esposa trabalham uniformizados. A camiseta foi pensada por ele, com uma recomendação: “Dê flores a quem você ama. Porque fazer sorrir custa pouco”. A empolgação de Junior ao olhar caderno onde anota diariamente cada venda e cada meta é contagiante.

Ele cursa o último ano de Direito em uma universidade particular e explica que toda a renda da família já estava comprometida com os estudos dele, da filha e um terreno para construir a casa própria. Então, o único jeito de conseguir viajar é com uma renda alternativa.

As venda são feitas no sinal. (Foto: Alcides Neto)
As venda são feitas no sinal. (Foto: Alcides Neto)

Preconceito - Enquanto todos achavam que ele estava louco, por querer vender flores no sinal, depois do expediente de trabalho, a esposa Mirian Batista, de 32 anos, abraçou a ideia.

No começo, ela confessa que também tinha preconceito de quem trabalhava no sinal. Até conhecer as pessoas e se encantar. “Eu fazia isso de fechar o vidro. E todas as pessoas que eu conheci que trabalham no sinal são gente boa. E a gente com preconceito, nem imagina isso”, comenta.

Hoje só faltam R$ 300,00 para alcançar a meta, mas a atividade se tornou tão prazerosa que eles não pensam em parar. Já têm inclusive, outros planos para depois que voltarem da praia, mas Júnior prefere ainda não dizer o que é.

Com o sorriso no rosto, a família faz até amizade no sinal, com quem passa todo dia pelo trajeto.

“Quando um projeto dá certo a gente tem muito mais ânimo para trabalhar. Eu até melhorei no meu trabalho mesmo. Sem falar que, vendendo rosa, eu proporciono alegria para as pessoas”, afirma.

Miriam conta que os dois presenciam diariamente declarações de amor, feitas ali mesmo, dentro do carro. “É lindo, as pessoas se beijam aqui mesmo”, conta ela.

A data para o embarque já está marcada, dia 4 de março. As malas já estão prontas para as férias em família. O cunhado dele também está documentando todo o projeto, que vai se transformar em um vídeo para, quem sabe assim, mais gente resolva arregaçar as mangas e fazer o sonho acontecer. 

Para começar as vendas ele fez até camisetas (Foto: Alcides Neto)
Para começar as vendas ele fez até camisetas (Foto: Alcides Neto)
Em um caderninho ele anota dia a dia o que precisa para alcançar a meta.  (Foto: Alcides Neto)
Em um caderninho ele anota dia a dia o que precisa para alcançar a meta. (Foto: Alcides Neto)
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