Intercâmbio para quem passou dos 30 e vive correndo contra o tempo
Aproveitar as férias para conhecer um novo país e, de lambuja, aprender ou aprimorar um novo idioma. Para quem vive trabalhando e mal consegue tempo para se atualizar - mas tem dinheiro e pode gastar - parece ser a estratégia perfeita, não é verdade?
É só desembolsar. O resto, os assuntos mais burocráticos, podem ficar por conta de uma agência que vai intermediar esse tipo de serviço. Em Campo Grande, elas se especializaram em atender a um público específico: profissionais, intercambistas que passaram dos 30 anos.
A procura maior sempre foi de estudantes, universitários e recém-formados, mas o mercado, competitivo, exigiu que muitos veteranos mudassem a postura e passassem a investir em uma nova língua.
Hoje, o inglês, por exemplo, não é mais um diferencial. Virou exigência – básica - em muitos processos seletivos. Se não sabe, o candidato nem participa. Quem já perdeu uma oportunidade por não dominar um dos idiomas mais falado do mundo, sente na pele.
A vantagem - e ela existe - é que o conhecimento pode ser adquirido e, citando o ditado popular, “nunca é tarde para aprender”. Mas é preciso interesse e força de vontade.
Executiva de contas em uma empresa especializada em intercâmbio de Campo Grande, Cintia Fonseca de Oliveira Almeida, de 36 anos, já atendeu a muitos profissionais que passaram da adolescência, formaram, conquistaram posição no mercado, mas querem se atualizar e não encontram tempo, a não ser nas férias.
De uma semana a um ano - A dica dela é investir em pacotes de curta duração. Uma viagem de duas semanas ao Canadá, um dos principais destinos de campo-grandenses que querem aprender ou aperfeiçoar o Inglês, custa, em média, R$ 7 mil.
O valor é orçado em cima dos preços de passagens aéreas, gastos pessoais, acomodação em casa de família ou residência estudantil e o curso que, geralmente, ocorre em universidades parceiras, que mantém programas de intercâmbio.
Um mês no mesmo local, levando em conta os mesmos custos, pode sair a R$ 10 mil, enquanto um ano chega a R$ 50 mil. O Canadá, segundo a executiva, é um dos países mais baratos para se fazer intercâmbio, devido ao custo de vida mais baixo.
Em seguida vem os Estados Unidos, onde duas semanas pode sair a R$ 8 mil. Depois, a Inglaterra. Sete dias neste país pode custa, em média, R$ 8 mil.
Para quem nunca falou um “a” além do português e tem o pé atrás com cursos que prometem fluência em outro idioma e em pouquíssimo tempo, Cintia ressalta que o programa se trata de um intercâmbio. A vantagem vai além das lições de sala de aula.
“Um mês de idioma no exterior equivale a 6 meses de curso. Aqui, você faz duas vezes na semana, uma ou duas horas. Lá, a carga horária mínima é de 15 horas semanais, todos os dias. Você sai e vai ter que conversar no idioma. Precisa se comunicar para sobreviver”, disse.
O intercambista, pontuou, vai “se virar”. Aprende a encarar o mundo. “No começo é difícil, mas o cérebro é um bichinho muito esperto. Uma semana lá e a pessoa já começa a falar, a entender”, acrescentou.
Para quem já passou dos 30, afirmou, o intercâmbio para trabalhar no exterior é mais difícil, por conta das restrições de cada consulado. Há exceções, claro, mas, geralmente, esse tipo de programa é destinado a universitários, até os 27 anos.
Ainda assim, o estudante só pode trabalhar em período de férias. “Para quem passou da idade é mais difícil pela questão do visto”, explicou.