Na bagunça do brechó, salão de beleza sobrevive com corte a R$ 15
Na rua lateral do Mercadão, o Lado B se depara com Cid, a barbeira profissional que também cuida de um brechó de pura “acumulação”
Isso aqui você só vê no Centro de Campo Grande. Ao passar pela travessa José Bacha, na lateral do Mercadão Municipal, o Lado B se depara com a seguinte cena: dentro de uma “vendinha” de no máximo 3x6 metros, uma mulher cortava o cabelo de um homem em meio a “acumulação” de roupas, sapatos, cintos, chapéus, acessórios, perucas, fantasias, brinquedos e o que mais você imaginar. Sem nome, aquele brechó também se tratava de um “salãozinho” de beleza tradicional – e o corte sai a R$ 15.
“Desde que descobri aqui, por indicação de amigos, eu venho. Militar é um bicho meio chato, tem que ter o corte feito toda semana. Quando encontrei a Cid, essa profissional que me atendia do jeito que eu precisava, nunca mais saí”, explica Djalma Vieira, o subtenente aposentado de 65 anos.
Aparecida Marques, mais conhecida pelo apelido “Cid”, é a barbeira “profissa” que cuida da barba, cabelo e bigode de uma freguesia basicamente masculina, feita de militares, profissionais da guarda civil ou outras “patentes de respeito”, como ela mesmo disse.
Em meio à toda aquela bagunça, Cid trabalha a 26 anos como cabeleireira e, mais recentemente, como a dona daquele brechó. Todos os itens vem de pessoas que simplesmente trazem até ela.
“O povo não se incomoda do espaço apertado?”, pergunto. Cid me responde: “de jeito algum, os clientes vêm aqui porque é prático e rápido, não precisam marcar hora marcada nem nada. Só sentar e já faço o corte”.
Mas uma coisa ela garante: gostaria de parar com a venda de roupas e os outros produtos do brechó. “Tem 1 ano e meio pra cá, mas já deu”. Mulher de poucas palavras, nem ela soube me dizer como que encontra, “organiza”, limpa e mexe com o que tá lá exposto. Pelo que eu entendi, vai ficando…
Competição forte – Na rua onde tem corte de cabelo por R$ 5, Cid não faz nem a R$ 10, nem a R$ 20, mas no meio termo. Já para o feminino, ela pratica a R$ 18. Pessoa calma e de mãos habilidosas, parece que a clientela realmente permanece.
“Claro que com a pandemia caiu bastante o número. Mas vem os conhecidos, vem os amigos, e assim vamos indo. Continuo aqui, firme e forte”, finaliza.
“É apertadinho, mas é tranquilo. Nos últimos 10 anos que venho fazendo meu cabelo com ela, antes mesmo de ser nesse espaço onde estamos hoje. Acho bem melhor do que ficar naquela ‘papagaiada’ de salão grande, esperando a ser atendido. Aqui é no sistema ‘pá, buf’, não tem igual”, considera Djalma.
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