Para conquistar clientela, barbearia tem mulher fazendo o trabalho na navalha
Ao entrar numa barbearia, geralmente vemos um monte de homens cortando o cabelo e fazendo a barba. E claro, este serviço sendo feito por outros homens. Para quebrar este estereótipo, a Bigode Grosso, que fica no bairro Tijuca, tem uma barbeira. "É a primeira de Campo Grande", assegura o dono, Abmael de Sousa Ferreira.
O espaço ainda é novo, está aberto há somente dois meses e o nome foi escolhido para fazer uma homenagem ao pai, que tinha este apelido. O lugar é como a maioria das barbearias que estão tomando conta da Capital: estilo vintage, tem um bar para servir bebidas aos clientes e, na maioria dos dias, só homens são atendidos.
A novidade mesmo é Nathalia Alvarenga, que está cortando cabelo e fazendo a barba dos marmanjos há um mês e meio no local. Antes de decidir fazer isso, ela já havia trabalhado em shopping e em escritório, até se encontrar no curso de cabeleireira profissional. Mas até lá não seguiu o lado mais tradicional da coisa. “Eu sempre fui do contra, gosto mais de fazer as coisas diferentes”, diz com pulso firme.
Ela diz que ficou "enchendo o saco de seu professor para cortar seu cabelo e moldar sua barba na navalha". No começo ele ficou com receio, não queria deixar, até que foi vencido pelo cansaço e, segundo Nathalia, não houve arrependimento nenhum. “Pelo contrário, ele gostou muito. Depois disso comecei a fazer dos outros alunos também e chegou uma época que todo mundo queria fazer comigo”, lembra.
E a ousadia não foi só durante o aprendizado. Na hora de procurar emprego, ela conseguiu o telefone do proprietário da Bigode Grosso e mandou mensagem via Whatsapp pedindo uma oportunidade. Como Abmael queria uma novidade e já tinha visto barbeiras em cidades como Curitiba e São Paulo, resolveu entrevistá-la.
Na hora da entrevista, a confiança de Nathalia continuou intacta. “Quando terminamos de conversar ela pediu para fazer minha barba e cabelo. Eu deixei, foi como um teste prático. Como gostei da atitude dela e o serviço ficou muito bom decidi fechar um contrato”, conta.
Desde então, a fama já correu pela região e a clientela só fez aumentar. Atualmente, inclusive, tem clientes que preferem fazer a barba e o cabelo só com ela. “Eles dizem que a mulher tem um tato mais delicado, é mais cuidadosa, acaba fazendo o serviço melhor que muito homem por aí”, revela Abmael.
Na sexta-feira, a barbearia abre as portas para as mulheres, tem até uma profissional só para fazer o cabelo delas e depilá-las, mas essa não é Nathalia. “Eu até corto às vezes o cabelo de mulher, mas para mim é só como um hobby. Gosto mesmo é de manejar uma navalha”, ressalta.
Nem os olhares tortos e desconfiados que lhe são lançados de vez em quando intimidam. “Acho até melhor assim, pois mostro o meu trabalho e eles vêm que estavam errado quanto a ter essa opinião”, pontua.
É o que também afirma um dos clientes mais assíduos da barbearia, o músico Lucas Fornazari. "Já fui atendido por mulheres em outras cidades, acho que a barba fica muito mais bem feita pelas mãos delas", avalia.
O corte de cabelo na máquina e tesoura da barbearia Bigode Grosso custa R$ 20. A barba feita na máquina e navalha é R$ 20. Lá é servido de água a uísque, que custam de R$ 2 a R$ 7. O espaço fica na Avenida Panambi Vera, 814, Jardim Tijuca. Informações e reservas pelo telefone 8181-1191.