Paulo fugiu da fome para seguir o sonho de ser costureiro na Capital
Retirante nordestino, Paulo fugiu da fome em Alagoas para realizar sonho de ser costureiro em Campo Grande
Paulo Rodrigues de Oliveira chegou a Campo Grande em 2010 com 40 reais no bolso, uma muda de roupa e um sonho que parecia ser impossível, o de ter um ateliê de costura só dele.
Impossível para alguém que saiu do nordeste aos 16 anos de idade fugindo da seca junto da família. Hoje, Paulo tem seu ateliê, vive só dele, e aquilo que parecia inalcançável, aconteceu.
Só nesses dois primeiros parágrafos, se meu caro leitor assim quiser, nós temos um breve resumo suficiente da vida de Paulo, porém, aconselho a acompanhar o processo de superação de mais um personagem da nossa Capital.
Paulo, atualmente com 42 anos, nos recebe em seu ateliê, no bairro Tiradentes. Natural de Alagoas, seguiu a trajetória de tantos outros jovens retirantes nordestinos que saem de seus estados para oferecer sua força de trabalho onde a vida é menos miserável.
O primeiro destino foi Tocantins, onde o sofrimento parecia continuar. “Saí do Nordeste com meus pais fugindo da seca para uma pequena cidade no interior do Tocantins. Três dias depois partimos para uma fazenda onde a cidadela mais próxima ficava a 25 km de distância, pra chegar lá só entrava a cavalo ou a pé. Lá fiquei por dois anos em trabalho escravo”, conta Paulo
Paulo conta que conseguiu ir embora para uma cidade chamada Macaúba da Trans, por ser ao lado da Trans Amazônica. “Lá eu consegui voltar estudar onde concluí o ensino fundamental, uma amiga me convidou para ir morar com ela em Araguaína, a primeira capital do Tocantins, lá consegui concluir o segundo grau”.
O amor pela costura, no entanto, já permeava a vida de Paulo há muito tempo. Um gosto que nasceu ao ver a mãe trabalhar. “Acredito que já nasci com esse dom, sempre gostei. Aos 10 anos ficava olhando minha mãe costurar, e quando ela saía das máquinas, lá ia eu costurar as roupas das bonecas das minhas irmãs. Aos 13 anos minha mãe resolveu me ensinar cortar calça e camisas e a partir daí fui aprendendo cortar e costurar toda peça de roupa”.
Saindo de Tocantins, chegamos ao ponto onde Paulo tinha apenas 40 reais no bolso, uma muda de roupa e uma cidade nova para desbravar, Campo Grande. “Vim para Campo Grande em busca de um sonho, fazer faculdade de design de modas, porém, sem estabilidade nenhuma, tive que ir em busca de trabalho e não foi fácil. Servi massa para dois pedreiros por 90 dia, aí já estava outra vez sem trabalho, voltei pras ruas em busca de outra oportunidade, e encontrei mais quatro meses numa funilaria”.
Emocionado, Paulo lembra que foi fazendo faxina que sua sorte começou a mudar. “Depois da funilaria, fui fazer faxina numa casa, daí fui indicado pra mais uma, mais outra e mais outra, assim fechei a semana, e juntando o dinheiro para montar meu pequeno ateliê. Em uma dessas faxinas o patrão me chamou para trabalhar no bar dois dias por semana, das 17h30 à meia-noite, passei a sair de casa às 5:30 da manhã pegar 2 ônibus, trabalhar até às 17h, entrar no bar as 17:30, sair meia-noite, ir dormir às 1h00 e acordar às 5h00 novamente”.
Foram longos anos nesse ciclo de trabalho exaustivo até o costureiro conseguir comprar seus primeiros equipamentos. “Consegui comprar todas máquinas que mais preciso, conquistei muitos clientes e já estou colhendo frutos, já comprei um Fox 2007, e uma Titan 160 Cl ano 2019”, narra Paulo.
Paulo mostra com orgulho um vestido de noiva que costurou há pouco tempo. Também mostra o vestido que a ex-BBB Priscila Pires usa em um evento, que foi feito por ele. “Já tenho máquinas, aviamentos e muitos clientes, mas não quero parar por aqui, porque ainda considero um pequeno ateliê, mas já é uma grande conquista”.
Para mais informações em relação ao trabalho de Paulo é possível entrar em contato com ele pelo WhatsApp (67) 99148-6093.
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