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Diversão

Campo-grandense desfila há 15 anos na Sapucaí e paga o preço de um sonho

Thailla Torres | 19/02/2017 07:15
Renny no desfile da Mangueira em 2014 quando saiu como destaque pela primeira vez. (Foto: Arquivo Pessoal).
Renny no desfile da Mangueira em 2014 quando saiu como destaque pela primeira vez. (Foto: Arquivo Pessoal).

Glamour e samba no pé é o que busca o bancário Renny Delmondes, de 32 anos, no Rio de Janeiro. Em meio a tantas pessoas que desfilam no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, há 15 anos ele deixa Campo Grande nesta época para entrar também na avenida mais famosa do Carnaval brasileiro.

Renny descobriu a festa quando ainda era criança. “Eu falo que é um sonho inexplicável, minha família não tem raiz nenhuma com o Carnaval e eu me apaixonei pelos desfiles na infância, quando assisti pela televisão, em 1992”, lembra.

Quando completou 18 anos, colocou os pés na Sapucaí graças a um amigo. “Foi o irmão mais velho de uma amiga que prometeu e me levou ao Rio de Janeiro. No começo, eu não tinha condições de comprar uma fantasia e ficava naquela vontade, só assistindo”, diz.

Renny no desfile da Mangueira em 2015 com a "A elegância do Pavão". (Foto: Arquivo Pessoal)
Renny no desfile da Mangueira em 2015 com a "A elegância do Pavão". (Foto: Arquivo Pessoal)

Em 2004, a sorte bateu à porta e Renny estava no lugar certo, na hora certa. "Sobrou uma fantasia da escola de samba Paraíso do Tuiuti. Estava com um grupo de amigos e já conhecia algumas pessoas, quando me falaram que havia sobrado uma fantasia. Foi aí que entrei no sambódromo”.

A satisfação veio em forma de riso e lágrimas. “É inexplicável, só quem já esteve lá, pode sentir. Do ensaio técnico ao desfile oficial, atravessar a Sapucaí é uma energia muito positiva e emoção sem tamanho. Difícil não chorar”, descreve.

A escola preferida, ele não nega, Renny sempre teve como meta entrar na avenida pela Estação Primeira de Mangueira. A realização de um novo sonho aconteceu em 2007, quando comprou a fantasia da verde e rosa pela primeira vez. “Me apaixonei pela Mangueira em 1994, que falava dos chamados "Doces Bárbaros", Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia. Foi ali que descobri minha escola de coração”, conta.

Renny passou a desfilar nas alegorias da Mangueira e em 2014 o coração foi a mil, convidado para ser destaque de uma das alas da escola. “Foi outra realização, vim no chão representando o Imperador Divino, no enredo sobre as festas brasileiras”.

No desfile do ano passado como "Arcanjo do Altar" em homenagem a Maria Bethânia. A escola foi campeã.
No desfile do ano passado como "Arcanjo do Altar" em homenagem a Maria Bethânia. A escola foi campeã.

Para cumprir bem o papel, Renny passou a fazer parte da comunidade. “Não é só no Carnaval que a gente encontra a escola. Passei a estar nos desfiles, ensaios técnicos, eventos e sempre que eu posso, viajo até lá”.

Neste ano, já foi quatro vezes ao Rio de Janeiro. Mas para desfilar na avenida, além de vontade, é preciso investimento alto. Na composição de alegorias, chegou a pagar R$ 3 mil em uma fantasia. Hoje, como destaque, o preço é guardado a sete chaves. “Não falamos valores, é um pouco mais caro e as vezes as pessoas não entendem. Tudo que digo, que é um preço de um sonho. E quem sonha vai atrás”, afirma.

Mas o gostinho especial foi em 2016, quando a Mangueira foi campeã, homenageando a cantora Maria Bethânia. “Foi uma sensação incrível. A responsabilidade de estar a frente de um destaque é enorme, porque no fundo, aconteça o que acontecer, a gente tem que desfilar, porque senão a escola perde pontuação. E a gente passa o ano inteiro se preparando. Então, quando a vi campeã, foi uma alegria enorme”, comenta.

Renny diz que sente uma diferença a cada desfile. “Me sinto um alienígena, porque as vezes nem todo mundo imagina como é fora do desfile. E a verdade é que tem uma comunidade toda envolvida. Pensando em enredo, planejando outro Carnaval, participando de eventos e gerando emprego", conta.

Primeiro desfile da Mangueira em 2007 em homenagem a língua portuguesa. (Foto: Arquivo Pessoal)
Primeiro desfile da Mangueira em 2007 em homenagem a língua portuguesa. (Foto: Arquivo Pessoal)
Ensaio técnico do Império da Tijuca no dia 29 de janeiro. Sapucaí. (Foto: Leo Cordeiro)
Ensaio técnico do Império da Tijuca no dia 29 de janeiro. Sapucaí. (Foto: Leo Cordeiro)

A cada desfile, a torcida da família é o que ampara Renny nos minutos de ansiedade. “É uma emoção diferente toda vez que a gente enfrenta desafios. Minha mãe, principalmente, sempre torce por mim, foi ela quem chorou ao me ver desfilando pela primeira vez”, recorda.

Tristeza também já fez parte do desfile. "Em 2015 choveu muito, tive problema com a fantasia, a roupa estava bonita, mas por conta da chuva não foi a mesma coisa. Cheguei no fim do desfile e desabei em lágrimas."

Neste ano, o desejo é brilhar novamente e torcer para que a escola seja novamente campeã. “Agora é esperar e manter a alegria de sempre. Vou para o Rio Janeiro essa semana. Desfilo no grupo de acesso na sexta-feira pela Império da Tijuca e na segunda-feira pela Mangueira”.

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