Com clássicos, Jota Quest levanta público em show e lembra bons tempos no Parque
O clima não poderia ser mais campo-grandense. Sentados na grama do Parque das Nações Indígenas, com lenços ou colchas espalhados pelo chão e tereré em mãos, um público de aproximadamente 30 mil pessoas comemorou o aniversário de 70 anos do Sesc (Serviço Social do Comércio). Ali, onde grandes artistas levantaram a plateia no passado, inclusive o Jota Quest em outra ocasião, muita gente lembrou dos tempos em que a música nacional era mais frequente aos domingos.
A primeira banda a se apresentar foi Curimba. Repaginados após um longo inverno, os meninos André Stábile, Lean Kominato, Rafa Coelho, Thayson Gimenez, Shiká e Mateus Yule voltaram com tudo, apresentando novas canções e sucessos, como “Serve um tera”. O show começou ainda no final da tarde e seguiu até por volta das 18 horas.
Em seguida, a Bella Xu assumiu o microfone no Parque das Nações Indígenas. Formada por Arthur Rostey, Jenner Melo, Matheus Augustus, Yev Aguiar e Pablo Z, a banda apresentou algumas canções de trabalho, como “Incondicional” e regravações de Coldplay e Imagine Dragons.
“Cara, é um sonho realizado. Quantas vezes nós viemos aqui assistir bandas em Temporadas Populares e no MS Canta Brasil. É uma realização pessoal estar aqui hoje, para a gente abrir o show do Jota Quest, que nós admiramos muito. Foi uma honra ser convidado pelo Sesc e estamos muito felizes”, afirmou o vocalista da Bella Xu, Jenner Melo.
Esse saudosismo dos grandes projetos musicais que passaram pelo Parque das Nações Indígenas também contagiou o público. A enfermeira Emília Falieraevi, 22 anos, foi ao show com as amigas e acabou lembrando de quando a cena cultural era mais animada na cidade. “Eu vim pelo Jota Quest. Gosto bastante deles. Não é a primeira vez que venho a um show aqui, sempre aparecia quando tinha MS Canta Brasil, senti até uma nostalgia, saudade mesmo de quando era mais frequente”, diz.
A psicóloga Rosana Elegda, 23 anos, aproveitou a oportunidade não só para assistir ao Jota Quest, mas para curtir Bella Xu. “Acompanho o trabalho deles”, explica. Bailarina, ela acompanha o trabalho que o Sesc desenvolve na cidade, tanto na formação quanto na promoção cultural. “Sempre vou as apresentações e gosto muito dos espaços que o Sesc mantém”, indica.
Os espaços citados por Rosana são importantes para a cultura de Campo Grande. Um dos únicos teatros mantidos em ativa na Capital é o localizado no Sesc Horto. Recentemente, o sistema também assumiu a gestão da Morada dos Baís, aumentou o acervo da artista Lídia Baís, criou um cinema no local e ainda promove semanalmente shows gratuitos.
Além disso, há o projeto de revitalização do Cine Campo Grande, que ganhará uma nova roupagem, com uma sala moderna e biblioteca. Fora isso, os projetos nacionais desembarcam com frequência na cidade, com destaque para o Palco Giratório e Sonora Brasil. Para finalizar, é comum cursos de formação para artistas da cidade, com participação de quem se apresenta nos roteiros de circulação de espetáculos.
“O Sesc tem uma atuação muito ampla, em vários setores e completa 70 anos de criação no Brasil, em todo o território nacional. Um dos pontos que defendemos é o de proporcionar a formação, mas é claro que em uma festa, o lado cultural acabaria sobressaltado”, afirma a diretora do Sesc MS, Regina Ferro.
Segundo ela, a programação foi pensada para valorizar a cultura regional. “Escolhemos não só uma banda como o Jota Quest, mas os artistas da cidade também, como Bella Xu, Curimba, Orquestra de Viola Caipira do Sesc Corumbá e o grupo de percussão do Sesc Lageado, um projeto que mantemos aqui com crianças. No final é apenas uma atração nacional. Esse é o nosso papel, fomentar a cultura de Mato Grosso do Sul, que é um Estado novo e que ainda está conhecendo essas manifestações. Foi lindo de ver as pessoas filmando os artistas daqui com o celular e se divertindo”, acredita.
Jota Quest – “Canta mais alto quem ainda acredita nessa parada”, diz Rogério Flausino, 44 anos, no refrão de “Dias Melhores”. Há 16 anos, o vocalista mantém a tradição de não deixar de acreditar que seremos melhores no amor e na dor. Em Campo Grande na noite de ontem, durante o show de encerramento da festa de 70 anos do Sesc, o vocalista do Jota Quest mostrou disposição e carinho pela cidade.
Fez questão de dizer o nome certinho do Estado de Mato Grosso do Sul várias vezes, lembrou de outros momentos no Parque das Nações Indígenas e organizou o público, pedindo para usar os celulares ou realizar coreografias com as mãos.
A lista de músicas não poderia ser melhor. Quem viveu nos anos 90 e início de 2000 teve a oportunidade de relembrar da adolescência ao som de “O Sol”, “O que eu também não entendo”, “Mais uma vez”, “Do Seu Lado”, “Além do Horizonte”, regravação de Roberto Carlos, “Fácil”, “Na Moral” e “Tempos Modernos”, de Lulu Santos.
Na plateia, jovens, adultos, casais e crianças. Todos pulando com “De volta ao planeta dos macacos”, dentre outros hits. Seja na grama ou no redondo foi bonito de ver o coro de "Só Hoje" ou "para onde tenha sol, é para lá que eu vou".
“É um prazer estar aqui com vocês novamente, nesse lugar incrível. Aqui é um dos lugares mais legais que já tocamos na carreira, tem uma energia incrível”, disse Rogério, durante o show.
A apresentação seguiu até por volta das 22h30, com um Parque das Nações lotado. A estimativa do Sesc de 30 mil pessoas foi cumprida, segundo a assessoria de imprensa do sistema.
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