Com ingresso a R$ 2,00 e sala erótica, cidade ganha festa “Tititi Latinidades”
A entrada do evento foi R$ 2 e as pessoas aproveitaram a festa para fazer o que "deu na telha"
Aquele rolê digno de novela mexicana com fofocas, mentiras, comidas, sinuca, dança, performance e direito até a sala erótica ocorreu ontem (17), no centro de Campo Grande. A primeira edição do Tititi Latinidades organizado pela chef de cozinha Camila Santana e pela atriz, Estefânia Espíndola foi uma opção de festa alternativa, onde os participantes pagavam R$ 2 para entrar e aproveitar o momento.
Camila explicou o conceito e comentou que a ideia é chamar atenção dos "rolezeiros”. “Resolvemos fazer um tititi porque estamos sem espaço cultural e os artistas não têm onde se apresentar. Estamos abrindo um hostel nesse espaço para trazer cultura”, disse.
Ela contou sobre a proposta da cabine erótica e a proposta inicial que não deu certo. “A sala era para as pessoas entrarem e fazer o que quiserem. Ia rolar uma live, e eles se apresentariam por lá. Tivemos essa ideia da cabine erótica porque fizemos em Porto Alegre um sarau erótico e tínhamos vontade de aplicar em Campo Grande, e minhas amigas são artistas”, disse.
Camila relatou que deseja realizar um evento nesse estilo a cada duas semanas. “Teremos apresentações de teatro, música em um ambiente calmo e tranquilo”, afirma. O encontro contou com uma decoração de folhas, velas, lenços e ovos falsos de avestruz. Já na entrada eram poucas luzes, onde os participantes compravam o ingresso em uma mesa, com Estefânia.
O espaço é uma casa que foi dividida em quatro partes, a primeira era para os participantes que chegassem ir se acomodando nas cadeiras e bater papo com quem estava no local. Outra distração logo na entrada do rolê foram as duas mesas de sinucas que usadas por compraram fichas pra o jogo.
Aqueles que estavam mais afim de dançar foram para os fundos do local, onde assistiram as apresentações performáticas de Barbara Albino, Paulo Augusto e Thiago Silva Moraes. Os djs Aruan, Maria Eduarda e Maíra Coraci agitaram a noite dos tititis. Um pouco mais ao fundo, tinha uma área aberta com árvores, para os fumantes entrarem em contato com a natureza e relaxarem.
O local ainda contou com duas salas decoradas, sendo uma a cabine erótica que conteve uma mesa cheia de folhas, três ovos de avestruz e seis cadeiras para os participantes fazerem o quer darem da “telha”. Velas também fizeram parte do cenário da festa e foram espalhadas por vários cantos. O espaço permaneceu com pouca iluminação, para deixar as pessoas mais à vontade.
A também organizadora do evento, Estefânia Martins contou que a proposta da sala erótica não funcionou como deveria, mas serviu para atender a galera. “Ficou mais um espaço de exposição, porém serviu para quem quisesse usá-la. Queremos fazer outras vezes, mas a próxima com uma live no Facebook e no Instagram. Toda a cena da cabine será transmitida”, disse.
“Pretendemos continuar com eventos pontuais e toda semana fazer algo diferente, diversificado, pois queremos ser uma agência de turismo e cultura. Estamos angariando fundos para pagar as contas e investir. O nome Tititi surgiu porque em Campo Grande rola muita fofoca, falar mal da vida dos outros”, relata.
Outra coisa que chamou atenção no evento foi o cardápio preparado pela chef Camila Santana. As opções preparadas foram; hambugritos com pão, bacon, barbecue, cheddar, molho de alho e alface; chipaburger e Burger Jaca todos por R$ 13. O valor da bebida foi de R$ 6 o copão e R$ 7 o drink de gin, gelo e limão.
A artista plástica, Maíra Espíndola cuidou da decoração do espaço junto com as organizadoras. “Foi um processo coletivo, tivemos pouco tempo e nenhum recurso. Pegamos algumas plantas, pensei que poderíamos fazer uma instalação e a gente tinha uma quantidade de mesas. Então, a sala de jantar foi uma estratégia para lembrar que as pessoas estão ocupadas em nascer e morrer. É uma manobra do caos, tem um monte de elementos e quando produz, tem que criar um significado”, conta.
O segurança Paulo Sandin é amigo de Camila e Estefânia e fez questão de comparecer no evento para prestigiar as amigas. “Vim acompanhar, dar uma força para as meninas. Costumo frequentar rolês alternativos, com pessoas menos caretas. A cabine que fizeram é um conceito novo, e é a primeira vez que vejo”, afirmou.
A jornalista Caroline Carvalho relata que costuma frequentar rolês na Capital. “Conheço a Camila e sempre tinha evento que ela fazia os lanches e eu gostava. Quando soube do Tititi, quis vir aqui para ver como era. Gosto de rolês desse tipo e a comida também atrai”, disse.
Mirely Molinari é recepcionista e conta que resolveu ir no Tititi porque acredita que em Campo Grande tem poucos eventos egais. “Já acontece poucos, então sempre vou ver como é, se vai dar bom. Vim mais pela comida, hambúrguer de jaca, acredito que a novidade pega na Capital”, fala.
A estudante Fernanda Pascoto esteve no rolê para acompanhar a amiga Mirely, mas não costuma ir para festas. “Gosto de sair, mas não com frequência. Olhei na descrição do evento e achei diferente, principalmente a cabine, mas o que chama atenção também é a iluminação. Gosto de poucas luzes”, destacou.
O professor de natação, Francisco Gonçalves tem 40 anos e esteve em um rolê alternativo pela primeira vez, no entanto não se incomoda. “Fiquei curioso para saber como funcionar porque é um encontro diversificado, gente conectada em diversas culturas”, concluiu.