Com R$ 60,00 no bolso, amigos acampam em cenário que parece ter saído de filme
Sem luxo, grupo troca cidade pela natureza aos fins de semana para conversar e fotografar o que encontram pelo caminho
Uma folga no fim de semana é motivo de sobra para um grupo de amigos sair em busca de natureza. A aventura começa por lugares próximos à cidade ou roteiros turísticos mais tranquilos, sem aquele movimento da alta temporada. Após algumas horas de carro ou na trilha, a paisagem e os detalhes valem todo o esforço para quem deixa Campo Grande e vai acampar em lugares mais calmos do Estado e, de quebra, fazer belas fotografias.
As imagens do último acampamento dão até vontade de colocar alguns itens na mochila e sair para acampar. São fotografias feitas pelo próprio grupo, que está cheio de fotógrafos que também buscam um lugar mais calmo para relaxar.
E além de registros, a cada passeio, os amigos provam que é possível acampar sem medo e gastar cada vez menos, desde que haja organização, claro, sem qualquer luxo.
Enquanto alguns arrumavam a ceia de Ano Novo e escolhiam o look para curtir a chegada de 2020, o grupo decidiu acampar no dia 31 de dezembro em uma fazenda particular na região de Rochedo. O amanhecer com paisagem bucólica garantiu belos registros e a calmaria que o grupo diz não trocar por nada mais agitado.
O fotógrafo Roberto Kelsson Martins encara o acampamento ao lado dos amigos desde 2018. Ele é o autor das imagens publicadas nesta reportagem e é um dos que não abre mão da aventura, apesar dos perrengues que, às vezes, são inevitáveis em um “rolê” próximo à natureza.
“Sempre gostei muito de sair e ir fotografar a natureza, aliás, foi ela que me levou para a fotografia”, conta. “Quando os amigos me chamaram em 2018, topei sem medo, mas fui sem barraca. Os perrengues me fizeram investir em alguns equipamentos e de tempos em tempos a gente se reúne e vai acampar”, acrescenta.
Para quem dúvida, Roberto garante que “não é preciso gastar muito dinheiro”. Com até R$ 60,00 do bolso de cada um, é possível curtir o passeio de fim de semana tranquilo. “Geralmente dividimos a gasolina que fica R$ 30,00 para cada. Em seguida dividimos a compra do supermercado que fica em média de R$ 20,00 a R$ 30,00. Na compra incluímos carnes e pães para comer no almoço e também na janta. Não tem luxo na alimentação. Alguns levam bolachas e outros petiscos por conta”.
Acostumado com a rotina da cidade e o conforto de casa, sair para se aventurar em meio ao mato é experiência que vale muito o esforço. “Às vezes é cansativo, afinal há perrengues. Uma vez tivemos que atravessar um rio a pé e tem vezes que faz frio. Mas tudo vale a pena pela contemplação uma vez que a maioria do grupo é formada por fotógrafos”.
A diversão é dormir tarde e acordar na madrugada para admirar a paisagem que a qualquer instante gera boas fotos, como as cachoeiras e a neblina ao amanhecer. O sossego dá a maior pista para a contemplação de aves.
Para explorar os lugares, cobertos pela vegetação, é preciso caminhar e enfrentar os mosquitos, mas a beleza distrai. E foi esse encanto que despertou no administrador de sistemas Yan Moreira o desejo de acampar pelo Estado. “Eu comecei a acampar 2016, no Morro do Ernesto, quando ainda era permitido, com o mínimo de equipamento e sem barraca. O que eu desejava mesmo era o contato com a natureza e o bem-estar que isso causava, o que minimizava qualquer tipo de perrengue”, conta.
Conforme perrengues e novas experiências, Yan foi quem começou a perturbar Roberto para iniciar os acampamentos. “Até que em junho de 2018 ele resolveu aceitar. Ele estava bem animado, e também iniciou da mesma forma que eu, sem nenhum equipamento para camping”.
Ele ainda recorda um dos primeiros acampamentos que se fixou na memória do grupo. “O dia não previa chuva, estava tudo certo, tempo propício para belas fotos também, porém a gente não esperava o frio que estaria, cerca 5 graus e estava com muito vento, não parava um minuto de ventar. Colocamos casacos, nos enrolamos nas cobertas e nada do frio passar. Foi assim a noite toda, nosso primeiro e mais frio acampamento”, lembra.
Após o episódio, os dois amigos se animaram e compraram vários equipamentos. “Depois desse perrengue que passamos, a gente animou e pelo menos uma vez a cada dois meses acampamos”.
Para quem sonha seguir o mesmo caminho, mas não tem coragem, Yan dá as primeiras coordenadas. “A principal dica que posso dar para as pessoas que nunca acamparam e querem ter essa experiência é que iniciem sem medo, porém alguns cuidados básicos não podem passar despercebidos, como por exemplo, saber os tipos de animais que habitam naquela região e verificar se tem colmeia de abelhas por perto. Essas dúvidas podem ser tiradas com proprietários locais”.
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