Corumbá amanhece de ressaca e se prepara para o desfile das escolas de samba

Depois de sete horas do longo desfile de 11 blocos oficiais, encerrado às 4h deste domingo, a cidade amanheceu deserta e de ressaca. Poucas pessoas e veículos circulando nas ruas vazias, sol a pico (30 graus pela manhã), igrejas com poucos fiéis nas missas matinais. O espetáculo dos blocos lotou o circuito do carnaval, entre a Rua Frei Mariano e Avenida General Rondon, onde, esta noite, acontece o primeiro desfile de cinco das dez escolas de samba.

A saída dos blocos oficiais, que recebem verba pública e comercializam suas camisetas, sintetiza o porquê de Corumbá ter o melhor e mais animado carnaval do Centro-Oeste. Todas as classes sociais se reúnem na avenida e se envolvem na folia, se entregando pelo amor ao samba. O único bloco que apresenta uma comunidade mais elitizada é o Flor de Abate, fundado em 1966, e hoje um patrimônio cultural, o terceiro a desfilar no sábado.

Zumbi busca o bi

Com forte esquema de segurança – 140 policiais militares e civis, 40 guardas municipais e um pelotão privado de 200 homens -, o carnaval corumbaense segue sem incidentes graves, apenas uma rotina diária de ocorrências por excesso de bebidas ou coma alcoólica. Famílias com crianças, algumas bebês, e idosos ocupam as arquibancadas e espaços reservados, e só voltam para casa quando o desfile acaba, com nesta madrugada. O público está inserido nesse espetáculo!

Os blocos oficiais têm evoluído em enredo, harmonia, criatividade, conjunto e comprometimento com o regulamento, superando uma fase apenas comercial. A descida do Flor de Abacate, que se declara não se preocupar com o desfile técnico “e sim com a alegria dos foliões”, confirmou esse crescimento com investimentos em coreografias e fantasias (sarongue) de qualidade. Presenças do deputado estadual Paulo Duarte e vice-prefeita Bia Cavassa.

Um dos blocos favoritos ao título é a Nação Zumbi, fundado em 1995 pelo ativista corumbaense Edmir Moraes (Abelha), que faleceu em 2021. Com 1.200 integrantes, seis alas, o bloco campeão em 2024 sacudiu a passarela do samba com muita evolução e vibração, com o enredo “Do manto de Nossa Senhora Aparecida às águas das cachoeiras de Oxum surge a educadora Morocha Calabria”, em homenagem a carnavalesca e educadora Maria Lucia Calabria.

Show garantido

A primeira noite das escolas de samba promete sacudir a avenida. As agremiações atrasaram seus preparativos, com o não repasse de verbas no final do ano passado pela prefeitura, mas foram socorridas pelo Governo do Estado ao antecipar a liberação de R$ 900 mil. Em meados de fevereiro, o prefeito Gabriel Oliveira confirmou o repasse de R$ 740 mil, destinando pela primeira vez uma verba para o carnaval cultural, onde se destacam os cordões carnavalescos.

As agremiações ainda tiveram problemas no acabamento de seus carros-alegóricos, devido às chuvas e falta de estrutura adequada (barracões) para montagem de seus enredos. A partir deste ano, as escolas terão uma verba antecipada de R$ 500 mil (emenda da senadora Soraya Thronicke) para retomar os trabalhos tão logo termine este carnaval. Apesar dos imprevistos, “o show na avenida está garantido”, garante a Liesco (Liga Independente das Escolas de Samba de Corumbá).

O desfile deste ano tem algumas mudanças, como a duração do tempo, que passou de 70 para 75 minutos. O quesito bateria será avaliado durante o trajeto do desfile e não enquanto estiver no recuo. Os demais quesitos são: samba-enredo, enredo, mestre-sala e porta-bandeira, fantasia, alegoria. comissão de frente e conjunto harmônico. Hoje desfilam, a partir das 20h: Vila Mamona, A Pesada, Unidos da Major Gama, Acadêmicos do Pantanal e Caprichosos de Corumbá.