Depois de choro em 2012, este ano Cruzeiro avisa que vai sorrir na avenida
Veterana no Carnaval de Campo Grande, no ano passado a Unidos do Cruzeiro foi castigada com a chuva e por conta dos problemas com alegorias, integrantes caíram no choro. Neste ano, mesmo sem a intenção de ganhar a escola manda um recado: “Quem nos viu chorar ano passado, vai nos ver sorrir agora”, garante o presidente Alex Guedes, 47 anos.
Em 2013, a escola desfila com enredo baseado em um rap. “Do lixo ao luxo, tenho fé porque até no lixão nascem flores”. A frase resume a ideia do carnavalesco e presidente da escola.
Apesar do tema, a escola não vai levar lixo à avenida, mas alguns materiais que são descartados e que podem ser reutilizados. As alegorias terão latas, suportes para garrafões de vinho, jornais, revistas e até saquinhos de companhia aérea.
Mesmo com receita pequena, o presidente diz que a falta de dinheiro não é desculpa para não se fazer uma bela festa. “Aqui o limite não é por dinheiro e sim por criatividade”.
O carnavalesco já adianta que este ano a escola não vai apresentar o que o público está acostumado a ver. Não haverá muito brilho porque o foco é o reaproveitamento. “Aqui nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”.
O enredo não é só alegria, pelo contrário. A Unidos do Cruzeiro vai falar de uma tragédia de 2011 em uma das alas.
Dará destaque a morte do menino Maycon, de 9 anos, que morreu soterrado no lixão de Campo Grande.
Apesar de tanto trabalho a intenção da escola não é vencer. “Ganhar já ganhamos por chegar até a avenida. Por isso entraremos vencedores, mas não temos esperança em ser campeã e isso se tornou o menos importante para a escola”, afirma Alex.
Para não desmotivar os integrantes, ele explica que doutrinou a escola, para que não pensem só em ganhar, para não haver decepção.
Faltando um dia para o desfile, nem tudo está pronto, mas tranquilo sobre o tempo, Alex já sabe como é a rotina. “Todo ano é assim, correria e finalizações de fantasias só na avenida”.
Filho do fundador da escola, Alex aprendeu a gostar do samba por conta do fascínio do pai, mas admite que o carnaval nem sempre foi sua data favorita.
“No começo eu não gostava, meu pai até vendia as coisas de casa pra ajudar a escola”. Há sete anos, após a morte do fundador, Alex assumiu o papel de presidente e carnavalesco para manter viva a grande paixão do pai.
A preparação da Unidos do Cruzeiro começou em dezembro. De lá pra cá, a varanda da casa de Alex vive tumultuada, confeccionando fantasias para 200 pessoas da comunidade para desfilar.
A Unidos do Cruzeiro será a penúltima escola a desfilar amanhã, dia do grupo especial. A previsão é de entrar às 22h.