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Diversão

Desfile de blocos muda trajeto, perde público, mas ainda empolga integrantes

Este ano, o endereço mudou, o desfile aumentou consideravelmente, o que atrapalhou a participação do público

Wendy Tonhati | 04/03/2019 08:04
Integrantes dos blocos estavam animados no desfile (Foto: Paulo Francis)
Integrantes dos blocos estavam animados no desfile (Foto: Paulo Francis)

O desfile dos blocos e cordões oficiais de Campo Grande vingou graças aos integrantes empolgados, porque se dependesse da quantidade de público... No domingo (3), até tinha gente interessada em ver o desfile, que começou às 18h45. Só que no decorrer da noite, o público foi embora e ficaram poucas pessoas, basicamente, quem tinha algum conhecido ou parente desfilando em bloco.

Neste ano, a concentração ocorreu em outro ponto da Calógeras, na altura da Cândido Mariano e o desfile seguiu até a Barão do Rio Branco. O evento deixou a Esplanada, e o trajeto do desfile aumentou consideravelmente. Antes ficava apenas na região da Feirona.

O evento foi organizado pela Ablanc (Associação dos Blocos, Bandas, Cordões e Corso Carnavalesco Cultural de Campo Grande) com 18 blocos disputando o título de melhor em 2019. Apenas um, que era convidado e não competia, faltou.

Cada um teve até 30 minutos para desfilar, só que como havia apenas um carro de som, que tinha que ir e vir na avenida, o tempo de espera entre um e outro foi maior, o que ajudou na dispersão da "plateia". O término foi previsto para 3 horas, mas por volta de meia-noite, quem saiu de casa para assistir e não tinha envolvimento com os blocos, já havia ido embora.

O tesoureiro da Ablanc, Dercides Nunes, disse no começo que a previsão era de oito a dez mil pessoas no desfile, porém, não era isso que se via dentro da Esplanada Ferroviária. O maior movimento ficou do lado de fora, na rua Calógeras entre a Mato Grosso e a Cândido Mariano.

Público foi pequeno no desfile dos blocos oficiais do Carnaval de Campo Grande (Foto: Paulo Francis)
Público foi pequeno no desfile dos blocos oficiais do Carnaval de Campo Grande (Foto: Paulo Francis)
Pessoas sentaram no batente das lojas para assistir ao desfile no começo (Paulo Francis)
Pessoas sentaram no batente das lojas para assistir ao desfile no começo (Paulo Francis)
Cleide levou cadeira para assistir ao filho desfilar (Foto: Paulo Francis)
Cleide levou cadeira para assistir ao filho desfilar (Foto: Paulo Francis)
Para organização, desfile na Calógeras foi teste (Foto: Paulo Francis)
Para organização, desfile na Calógeras foi teste (Foto: Paulo Francis)

A associação foi fundada em 2008 com seis blocos oficiais. Os mais antigos, que já existiam antes da criação da Ablanc e que ainda desfilam são o Tereré, o Bem-te-vi, Amor, vou ali e o Bambas do BH. 

“Era para fazer uma experiência. Como eu disse para o pessoal, a gente ganha em espaço, que é bacana e perde em público. Não sei se é porque está tendo outro evento paralelo, não tenho ideia porque o público não veio para cá”, explica sobre a mudança de local.

No desfile, os blocos são divididos no primeiro grupo, com sete cordões que tocam marchinhas e levam instrumentos de sopro e dez de embalo que são os levam a bateria e um samba próprio para a avenida. Cinco quesitos são julgados pelos cinco jurados: animação, empolgação, porta-estandarte, criatividade e conjunto.

Blocos desfilaram por até 30 minutos (Foto: Paulo Francis)
Blocos desfilaram por até 30 minutos (Foto: Paulo Francis)
Primeiro bloco participou como convidado e levou pessoas com deficiência para a avenida (Foto: Paulo Francis)
Primeiro bloco participou como convidado e levou pessoas com deficiência para a avenida (Foto: Paulo Francis)

Apesar de faltar público, os participantes dos blocos não desanimaram e fizeram o percurso com empolgação. O primeiro a desfilar foi o bloco “Nada sobre nós, sem nós”, que foi convidado e levou pessoas com deficiência para avenida ao som de marchinhas como "Pra você gostar de mim", de Carmem Miranda.

Uma das integrantes, Mirella Balattore, presidente da Associação das Mulheres com Deficiência, diz que a ideia foi do músico Damião Zacarias, que é cego. “Tem cegos, surdos, pessoas com deficiência intelectual, baixa visão. É a primeira vez que desfilamos e está todo mundo feliz”.

A porta-estandarte do bloco foi Marelija Zanforlin, 34 anos, que é cega. Ela perdeu a visão há dois anos e três meses. “Foi uma emoção muito grande, porque eu sempre quis desfilar. Queria, mas nunca havia procurado como desfilar e não imagina que isso poderia acontecer agora. Quando a música começa e bater, o coração bate mais forte”.

Blocos de embalo levam a bateria para a avenida (Foto: Paulo Francis)
Blocos de embalo levam a bateria para a avenida (Foto: Paulo Francis)

O segundo bloco a desfilar foi o Tereré, que nasceu de funcionários da Santa Casa. Rafael da Silva, é o presidente e diz que o bloco foi fundado há 11 anos e participa de todos os desfiles. Nesse, são cerca de 100 pessoas entre funcionários, familiares e amigos. “Nosso objetivo é trazer o Carnaval das marchinhas antigas de volta. Aqui tem gente de 1 a 100 anos”, diz.

O casal Maria Andrade, 53 anos, coordenadora pedagógica e Wilson Sochine, 55 anos, comerciante assistiu o começo dos desfiles dos blocos. “É a primeira vez que venho assistir. Já havia participado do Valu, mas os desfiles de bloco nunca. É legal, mas achamos um espaço muito grande entre um e outro e dispersa muito. Passou o primeiro bloco, começamos a dançar, mas demora o próximo e esfria”, diz. Outro detalhe, lembrado por ela, é que não teve arquibancada. A população se sentou nos batentes de porta de lojas e no meio-fio. “Uma crítica é que faltou arquibancada aqui”.

A professora Vanessa Arruda, 38 anos, foi assistir com o filho de anos. De Corumbá, e acostumada com o Carnaval, ela não quis perder a programação de Campo Grande. “É o segundo ano que passou aqui e corumbaense ama Carnaval. Até que está bom, saímos um pouco de casa”.

Corte do Carnaval também esteve no desfile (Foto: Paulo Francis)
Corte do Carnaval também esteve no desfile (Foto: Paulo Francis)

Entre os blocos que desfilam com bateria, um deles chama atenção pelo nome: Amor vou ali. Ele foi criado há cerca de 8 anos, por moradores da Mata do Jacinto. Vânia Luzia Pereira, é filha da fundadora, Francisca e explica o nome. “Eu tinha um namorado e dizia: Amor vou ali, e saia para ir ao Carnaval. A minha mãe foi fundar o bloco e precisava de um nome, de tanto ouvir isso, resolveu colocar no bloco”. O samba é puxado pela própria Vânia e, embora não tenha ligação com escola de samba, a bateria que sai junto bloco é da Unidos de São Francisco.

Os blocos vencedores serão conhecidos na quarta-feira de Cinzas, na mesma apuração das escolas de samba de Campo Grande. Há premiação em troféu e em dinheiro. O valor ainda não foi estabelecido.

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