Distrito a 49 km de Terenos tem cachoeira e paisagem para voltar no tempo
“Cachoeirão” já foi cenário de muita folia antes do trem de passageiros ser levado pelo tempo.
Resumido a um rio com pequenas cachoeiras e alguns balneários, Cachoeirão é um distrito quase 50 quilômetros à frente de Terenos, com residências históricas e chácaras para quem curte momentos de sossego.
A região, derivada de uma estação de trem que funcionou como ponto de parada de passageiros até 1996, ganhou fama nos “tempos de glória” dos trilhos por desembarcar até 300 pessoas a cada fim de semana.
“Isso daqui era lotado. O rio ficava cheio de visitantes que chegavam de trem”,o lembra o morador e dono do balneário “Chácara da Cachoeira”, Amadeu Corbeta, de 83 anos. Ele e a esposa moram por ali há 28 anos. Para Maria Conceição, de 52 anos, a calmaria de hoje é recompensa.
Foram muitos anos trabalhando na cozinha atendendo turistas e moradores que vinham da Capital curtir o fim de semana nas quedas do Rio Cachoeirão. “Às vezes era difícil, principalmente com os jovens, eles não têm limites”, conta, sobre o tempo que o Cachoeirão ganhou fama pela “muvuca” e som alto que hoje é expressamente proibido no local. “Agora temos um ambiente mais familiar, com algumas regras que tornam o balneário mais agradável”.
Eles dizem que nos últimos anos chegaram a escutar que o Cachoeirão “morreu”, mas se depender do amor de Amadeu e Maria, a beleza do lugar continuará viva no coração de muitas famílias. “Nós somos apaixonados por isso daqui. Aliás, foi aqui que nossa história de amor começou, quando eu tinha 24 e ele 55 anos”, conta.
Cheio de árvores, com jardins bem cuidados e uma cozinha que exala peixe ‘fritinho’ na hora, o lugar retrata uma palavra comum entre o casal: dedicação.
“Tudo o que nós fazemos aqui é com dedicação. Há quem diga que o Cachoeirão morreu só porque não tem mais o trem, mas a gente continua aqui firme, dando o nosso melhor”, reforça Maria.
O trem de passageiros que parava a 2 quilômetros dali foi levado pelo tempo. No trem, viajava moradores de Campo Grande a Aquidauana. “Mas a maioria parava por aqui aos fins de semana”.
Na estação desativada, bem ao lado, em um imóvel que pertence a União, vive o ex-maquinista Orlando Francisco de Oliveira, de 54 anos. O patrimônio é uma boa lembrança da profissão que durante anos levou muitos viajantes pelo Estado. “Eu lembro bem como era a movimentação. Foi a melhor parte das nossas vidas”, resume.
Hoje, única coisa que escuta é o trem de carga, que ainda treme a casa, mas não traz de volta o encanto que era ver o trem de passageiros. “Daquele jeito não tem igual”.
Como chegar – Cachoeirão fica a 75 quilômetros de Campo Grande, seguindo pela BR-262, no sentido a Aquidauana. O acesso é pela margem direita da rodovia, a 49 quilômetros de Terenos.
Para curtir o dia no Rio Cachoeirão ou nos balneários próximos os valores do day use variam de R$ 20,00 a R$ 30,00. Há também opções de almoços, redários, espaço para fazer churrasco e até pesqueiro. No caso da propriedade de Amadeu e Maria, você pode pescar no tanque e levar o peixe para casa sem pagar nada.
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