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Diversão

Do valsado ao rasqueado, festival prova que Chamamé é mais que símbolo cultural

Expectativa da organização é que os dois dias de festa em Campo Grande sejam semelhantes aos festivais anuais na Argentina, um dos berços do estilo musical

Danielle Valentim | 27/04/2018 07:56
Conjunto musical Yangos, a primeira banda gaúcha a ser indicada para o Grammy Latino 2017, na categoria música de raízes. (Foto: Divulgação)
Conjunto musical Yangos, a primeira banda gaúcha a ser indicada para o Grammy Latino 2017, na categoria música de raízes. (Foto: Divulgação)

Por dois dias, a Esplanada Ferroviária será o “point” de chamamezeiros e apaixonados pelo estilo, que até hoje tem origem disputada, mas movimenta a raiz da música argentina, paraguaia, gaúcha e, claro, sul-mato-grossense. O 1º Festival Internacional de Chamamé de Campo Grande começa hoje, com entrada gratuita.

O organizador do evento, Wilson Tavares Júnior, visitou festivais argentinos por dez anos e, por isso, garante que a festa não se limitará apenas a um encontro de músicos. “Será um fortalecimento do artesanato, da dança, da culinária e da arte. A intenção é fazer com que o festival seja semelhante ao argentino”, avisa o promotor de eventos, que considera o chamamé uma religião.

Oficialmente, a festa começa nesta noite, mas já na quinta-feira (26) palestra e mesa redonda na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) adiantaram as comemorações com o grupo Yangos, primeira banda gaúcha a ser indicada para o Grammy Latino 2017, e o músico paraguaio Marcelo Rojas.

O local exato de origem do Chamamé é incerto. Uns dizem Argentina outros Paraguai. Mas esse não é o foco da festa, que pretende resgatar, unir e expandir a cultura chamamezeira. Um dos primeiros músicos locais a evidenciar o chamamé no Estado foi Zé Corrêa, morto aos 29 anos. Apesar de ser o precursor de inúmeros músicos sul-mato-grossense, o mérito de introdução do estilo em MS é atribuído à dupla Amambay e Amambaí, que fez a primeira gravação em português.

“Não participarei do evento como cantor, mas estarei lá. Lembro-me de quando participávamos, eu e Amambaí, dos festivais em Corrientes e Puerto Tirol, na Argentina e também no Paraguai. Lembro também de quando gravamos em português, pela primeira vez. Foram os fãs que nos pediram. Ninguém aguentava mais ouvir em castelhano”, brinca Amambay que recentemente perdeu o campanheiro Amambai, falecido neste mês.

Amambay mostra com carinho um dos 18 discos gravados. (Foto: Fernando Antunes)
Amambay mostra com carinho um dos 18 discos gravados. (Foto: Fernando Antunes)

Nome de rua – O evento é financiado pelo FMIC (Fundo de Investimentos Culturais do Município). Nos dois dias, a programação começa às 19h e encerra às 22h, mas a organização ainda não divulgou a ordem das apresentações.

Assim como Amambay e Amambaí levam título de pioneiros, Elinho do Bandoneon leva o mérito por “ressuscitar” o chamamé desde a década de 80. Ao lado de Fabio Kaida, Gerson Douglas, Everton Ottoni e Dino Rocha, o músico representará o Mato Grosso do Sul.

Representando o Rio Grande do Sul, o conjunto musical Yangos, a primeira banda gaúcha a ser indicada para o Grammy Latino 2017, na categoria música de raízes.

O Paraguai será representado pelo harpista Marcelo Rojas, considerado um dos melhores instrumentistas do país vizinho, com experiência em apresentações por países da Europa e Ásia.

Da Argentina, vem o grupo, Los Nuñez, considerado ícone da música do Litoral, e com a participação em principais Festivais da Alemanha, Inglaterra, Bélgica, França, Portugal, Espanha, Áustria, Eslovênia, Holanda, Noruega e País de Gales. Também da Argentina, Mauro Bonamino e grupo, da província de Corrientes, que está em plena turnê de apresentação de seu novo CD. Mauro foi um dos destaque do Festival de Chamamé de Corrientes 2018.

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