Empresária tenta trazer show para Campo Grande, mas emperra na falta de espaço
Humberto Gessinger tem uma fã que está disposta a fazer de tudo para trazer o vocalista do Engenheiros do Hawaii a Campo Grande. Desde o ano passado, esse é o plano da dona de estúdio de dança do ventre Nidal Abdul.
O valor do cachê, as despesas para bancar a apresentação ou o trabalho que um projeto do tipo rende, nunca foram empecilhos. Mas quando ela achou que tudo estava muito bem encaminhado, percebeu que a cidade não tem condições de receber estrutura a ser montada para 3 mil pessoas. Descobriu o que os produtores culturais daqui já dizem há muito tempo.
Na verdade, local existe, mas na avaliação dela, os valores cobrados são “surreais”. O cenário para o show “Insular” demanda palco com pé direito de 9 metros, o que complica bastante a empreitada de Nidal. O lugar mais barato, que viabilizaria espetáculos como o de Humberto, sai por R$ 15 mil, mas o palco não tem a profundidade exigida pelos produtores do cantor gaúcho.
A opção perto do ideal valeria um carro, com aluguel entre R$ 30 mil e R$ 50 mil, preço fixado pelo espaço de festas Ondara. O Rádio Clube Campo, outro local normalmente usado para eventos de tal porte, está proibido de realizar shows por ordem judicial. “Não sou rica, não vivo disso, mas também não posso ter prejuízo”, lembra.
Há o Parque do Peão CLC e o Jóquei Clube, mas são extremos nessa realidade, para públicos superiores a 8 mil pessoas.
Nidal abriu a participação em Campo Grande como promotora de shows com a banda Nenhum de Nós, no Palácio Popular da Cultura. Mas desta vez o custo total da apresentação impede a volta ao teatro que tem a maior capacidade de público hoje na Capital, 1.050 lugares. “Já no Nenhum de Nós não tive um centavo de lucro. Para fazer um show como do Humberto no Palácio, teria de cobrar R$ 250,00 pelo ingresso, porque o publico é pequeno”, reclama.
Para fazer a vontade vingar, ela se propõe até a investir na ampliação do palco do Clube Estoril, mas não sabe se os produtores de Humberto Gessinger vão aceitar. “Tenho muita vontade de trazer. Já perdi até a vergonha na cara nessa negociação, mas diante de tanta dificuldade, não sei se vou conseguir”.
Para Nidal, fã de bandas dos anos 90, a cidade merece a presença de caras com Humberto, Frejat... ou de bandas como Ira e Ultraje a Rigor. “Mas não tenho patrocínio. O povo só quer apoiar eventos sertanejos”, comenta.
Mas no caso de frustração com Humberto Gessinger, ela já pensa em uma alternativa. “Estou pensando no Biquini Cavadão”. Para os empresários dispostos a investir na cidade, ela deixa a dica: "Se eu tivesse um milhão de reais, construiria aqui na cidade, não lá longe, um espaço para shows de público superior a 3 mil pessoas".