Esquenta vai para Afonso Pena, mas não lota. Por que Carnaval não emplaca aqui?
Pouca gente apesar da estrutura. No palco, o som do grupo de samba “Mistura de Raça” e ainda viria a apresentação das mulatas Tawanda e a bateria da escola de samba “Deixa Falar”. Essa era a programação do esquenta para o Carnaval 2014, realizado neste domingo (26), pela primeira vez, nos altos da avenida Afonso Pena, na Cidade do Natal. Nem a mudança de endereço para uma região que já tem um público intenso trouxe mais gente para prestigiar o Carnaval.
O palco tinha boa iluminação, o som estava bom, cerveja, água e refrigerante eram vendidos a R$ 2,50 cada e pelos cantos, banheiros químicos. Mas de espectadores, o resumo eram os carnavalescos da própria escola e familiares de quem viria a se apresentar. Fora isso, de público prestigiando por gostar de Carnaval, dava para contar nos dedos. O que leva a gente a se perguntar, o que mais falta para emplacar a festa em Campo Grande?
Para a cabeleireira Deise Corrêa Lopes, de 42 anos, a resposta era a mesma de quem contava os participantes. “Público. Está faltando mais público, só isso”, afirmou. Do outro lado, o biólogo Cristiano Pascoalini, de 32 anos, comentou que às vezes é questão de gosto. “O povo não gosta, Carnaval é pra quem gosta”.
A vendedora Tainara Rocha Campos, de 26 anos, se esbaldava no samba entre amigos. Veio a convite de colegas e aprovou. Para ela, Carnaval começa ainda em novembro e o que falta aqui? Ela afirma ser a segurança. “Se tiver mais segurança, todo mundo sairia para ver o Carnaval. Mas foi muito bom, uma iniciativa super legal, só precisava de mais divulgação”, alerta.
Carnavalescos de carteirinha, Kelly Cristina Lopes e Agnaldo Duarte, definiram que em primeiro lugar, falta mesmo é um sambódromo. Que por aqui, é briga antiga. “Não estaria sendo feito aqui se tivesse um sambódromo. Aqui não é acessível para quem vem da comunidade, só para quem tem carro próprio, porque o ponto do ônibus é longe e vir até aqui é uma caminhada e tanto”, argumentam os dois.
Para o presidente da Lienca (Liga das Entidades Carnavalescas de Campo Grande), Eduardo de Souza Neto, emplacar o Carnaval é uma questão de tempo. Ao Lado B ele disse que o público se conquista gradativamente. “Mesmo sabendo que a Afonso Pena teria um público cativo, é a primeira vez e uma aposta para que no futuro venha a se tornar referência. Enquanto não definir um local, vamos apostando aqui”.
E na semana que vem, dia 2, tem o lançamento oficial do Carnaval de Campo Grande, também na Cidade do Natal, às 18h, com a participação de todas as escolas de samba.