Majur faz história em Bonito e destaca toda potência das travestis
A cantora baiana fez show emocionante no palco do Centro de Múltiplo Uso, em Bonito
Transexual, preta, baiana, cantora, amada, famosa e muito talentosa. Majur é, na voz dos próprios fãs, o sonho e a esperança de toda transexual e travesti. E foi com toda sua força e reconhecimento que, na madrugada deste sábado (27), no palco do Centro de Múltiplo Uso, em Bonito, que ela usou voz e corpo para fazer um show revolucionário.
Com uma plateia majoritariamente jovem, a cantora foi aplaudida do início ao fim de sua apresentação eletrizante, com voz potente, letras profundas e performances cheias de ancestralidade.
“É muito louco a sensação de chegar em cada cidade e descobrir uma energia nova, estou muito feliz”, descreveu Majur sobre a primeira vez cantando em Mato Grosso do Sul.
Apesar da realidade conservadora no Estado, Majur destacou o brilho nos olhos de quem foi até à frente do palco cantar músicas que, em sua maioria, enaltece a “liberdade ser o que quiser”.
“Quando eu apareço para as pessoas, existe uma força, existem outras pessoas LGBTQIA+ que podem se sentir vistas e vivendo, acho que a partir daí é que surge a força que tenho para chegar a todos esses lugares, abrir o meu coração e falar da minha vida”, diz a cantora.
Para Majur, sua apresentação é uma forma de falar para tantas pessoas que estão invisibilidade no País, negras, transexuais, travestis e pessoas LGBTQIA+.
A cantora também deixa claro no palco todo seu amor pela ancestralidade e enaltece a religião de matriz africana, o candomblé. “Não tem como eu me separar espiritualidade, eu só vivo hoje porque o candomblé me fez enxergar a potencialidade que existia em mim, e assim eu sigo destacando a potência que há nas pessoas. Porque a partir do momento que a pessoa se encontra, ela tem o poder de seguir a sua vida e decidir sem a opinião das outras pessoas. Descobri que isso me faz feliz, é isso que quero para todas as pessoas”, diz a cantora.
Majur ficou conhecida nacionalmente após participar do single "AmarElo" (2019), de Emicida, ao lado de Pabllo Vittar. Depois disso, ganhou Caetano Veloso como padrinho musical, se destacou no Carnaval de Salvador e gravou uma música com sua ídola Liniker.
Recentemente, em uma cerimônia intimista e no civil, Majur casou com o coreógrafo Josué Amazonas. Os noivos disseram "sim" na capital baiana e a festa será no próximo mês para família e amigos, no terreiro que a cantora frequenta.
Diante da conquista, Majur falou sobre o quanto o amor pode ser transformador. “Como travesti pode se sentir amada? É isso que eu eu estou vivendo, estou experimentando, vivendo amor afetivo e verdadeiro com a pessoa que eu amo, que é da minha terra que me entende da mesma forma que eu entendo ele, acho que essa forma de amor pode transbordar e fazer as outras pessoas se enxergarem em seus corpos, namorando, vivendo, saindo, curtindo seu próprio corpo com outras pessoas”, diz.
Ao final da entrevista, a cantora mandou recado para todas as pessoas trans de Mato Grosso do Sul. “A gente tem uma sociedade plural e diversa, então como eu posso falar só de um tipo de corpo? Quando eu morrer, quem vai estar lá para me julgar se eu estarei sozinha? Acredito que não tem porque ouvir alguém dizer algo da minha vida. Não se importem com o que qualquer pessoa pode dizer, afinal, no final, ninguém vai estar lá. Faça da sua vida e dessa versão que você está vivendo a melhor de todas”, sugeriu a cantora.
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