Mesmo 'no escuro', organizador de eventos arrisca e marca bloquinho no Rota
Empresário do entretenimento acredita que situação esteja melhor e aguarda as regras dos próximos decretos
Para uns, otimismo. Para outros, irresponsabilidade. Organizar eventos de entretenimento no período de pandemia da covid-19 certamente divide opiniões, mas ainda assim há quem arrisque e, mesmo com o futuro breve incerto, se articula com divulgação e venda de ingressos para o Carnaval de 2021, em fevereiro.
O Carnaval de rua, grande filão do setor de eventos, já foi cancelado - ou ao menos adiado para data a definir - em várias grandes cidades do país, onde sua tradição é de grande relevância, como acontece em Salvador e Rio de Janeiro.
Contudo, o período ainda é visto como uma oportunidade para empresários que mesmo 'no escuro' começam a organizar suas agendas. Em Campo Grande, esse é o caso do Bloquinho B-Day, já marcado para o dia 6 de fevereiro deste ano.
Nas redes sociais do evento, fotos do ano passado e artes animadas convidam o folião para curtir a festa e comprar os convites. Mas o organizador admite, desde já, que o bloco pode não acontecer, justamente por causa da covid-19.
"O decreto que limita a 80 pessoas vence dia 21 desse mês, então em tese hoje nada impede de marcar algo para fevereiro. Mas eu não sei ainda o que vai acontecer. A expectativa é que aconteça, mas ter certeza que vai acontecer é outra coisa", revela Fernando Lossavero, organizador e dono da Receba Entretenimento.
Fernando crava que se conseguir realizar o evento, ele vai atender a todas normas de biossegurança vigentes, inclusive com distribuição gratuitas de máscaras. O local marcado para o evento é o espaço do Rota Acústica, onde sempre ocorre.
"Se não acontecer o evento, o maior prejudicado vai ser eu mesmo, mas prefiro arriscar e organizar tudo previamente. Não só eu, mas todo o nosso setor precisa trabalhar. Se for legal e permitido, vamos lá", frisa o promotor de eventos.
"Estamos parados há quase um ano sem poder fazer nada, proibidos de trabalhar em nosso ramo e sem ter uma saída viável para continuar. Entendemos toda a situação, claro, mas ninguém nos ajudou a encontrar uma alternativa. Então, o que podemos fazer é trabalhar no escuro. Nosso setor emprega muita gente também", desabafa.
Lossavero diz que desde 25 de novembro já trabalhava organizando o evento, mesmo sem ter como prever o que ocorreria nos meses seguintes quanto a situação da covid-19 em Campo Grande e resto do mundo. Entre as atrações do bloco, está o grupo Jeito Moleque.
Covid em Campo Grande - De ontem para hoje, a capital sul-mato-grossense registrou cinco mortes por covid-19 e acumula, desde o início da pandemia, 1.190 óbitos em decorrência da infecção causada pelo novo coronavírus. O índice atual de letalidade está em 1,8%, com 64.948 casos confirmados - 30% das notificações.
O número de ocupação hospitalar em leitos destinados para pacientes com covid-19 ou com suspeita de tal também segue preocupante. No caso dos leitos clínicos, das 338 vagas existentes na cidade, 64,5% estavam ocupadas até a tarde desta quinta-feira (14).
Já os leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) estão na faixa mais preocupante, acima dos 90% de ocupação - dos 223 espaços para internação intensiva disponíveis em Campo Grande, 91,93% deles estão ocupados até o fechamento do texto.
Conforme o Prosseguir, plataforma do Governo Estadual que dá diretrizes e orientações aos municípios levando em consideração critérios técnicos de saúde pública e econômicos. Hoje, Campo Grande está sinalizado com a bandeira vermelha, grau elevado de risco da covid-19. A cidade saiu recentemente da bandeira cinza, de risco extremo.