Multidão vibra com show de Fatboy Slim em uma noite "quase" perfeita
Vinte mil latas de cerveja e 600 litros de uísque depois, a multidão no show de Fatboy Slim continua em pé e dançando.
Lá pelas 4 horas da madrugada essa era a contagem do bar, antes de uma rodada de reabastecimento.
Ao contar pelo espaço de 7 mil metros quadrados, lotados, cerca de 15 mil pessoas receberam Fatboy com as mãos para cima, no ritmo da música, ou com celular em punho, visivelmente encantadas diante do show que Campo Grande nunca viu.
Entre alguns dos maiores sucessos e “participações” bem atuais com o som da cantora Adele, o DJ insere a percussão do samba, o funk “Surra de Bunda”, das Tequileiras, e o Rap das Armas, para definitivamente ganhar o público, um misto de pessoas de idades diferentes e vontades também.
“Vou me acabar de dançar até de manhã, adoro Fatboy desde meus 30 anos”, diz a comerciante Jolice Félix, de 43. “Tô até tonto de tanta mulher bonita, vou ficar olhando”, rebate o estudante Fernando Gurco, de 22.
O público com mais de 30 anos conhece melhor o DJ inglês que ajudou a transformar a música eletrônica em algo popular em 2001. “Nunca pensei que fosse ver esse show um dia, ainda mais aqui em Campo Grande”, comenta Tatiana Marques, de 35 anos.
Mas a moçada também rasga elogios. “Conheci depois que falaram que ia ter show aqui, fui pesquisar na internet. O cara parece um tiozinho, mas é um p... show”, diz Emerson Sorriani, que garante ser maior de idade, apesar da aparência de 16.
Tudo parece empolgar o aglomerado de gente, a maioria com energético nas mãos.
Os equipamentos de laser da Holanda têm uma equipe específica a postos para garantir a perfeição dos efeitos no palco.O som é claro, o espaço arejado e nem as filas aparecem para tirar o humor de quem quer ir ao bar.
“Tudo melhorou muito em relação aos outros grandes shows. O bar, por exemplo, pela primeira vez não tem fila”, comenta o comerciário Carlos César da Silva, de 46 anos.
Até a chuva deu trégua. Sem uma gota e com o gramado seco, o temor da lama passou longe, depois de muitas meninas mudarem de modelito na última hora com medo de fazer feio. “Tá todo mundo de sapatilha ou rasteirinha porque se chovesse ia ser um barro só. Perdi a oportunidade de usar salto”, explica a publicitária Ana Lúcia Venceslau.
Sapato também foi o problema para o “cowboy“ Bruno Flamingo. Ligado na moda sertaneja, difícil foi mudar o estilo para a música eletrônica. “Nem tinha sapato para vir num trem desses”. De calça jeans, fivela e botina, em um dos bangalôs do evento, o rapaz comemora: “Tá bom demais da conta.”
Horas antes, na chegada, a paciência foi testada no congestionamento para chegar até o Jóquei Clube. As duas vias de acesso ficaram paradas, tamanho era o fluxo de veículos por volta da meia-noite.
Só quem chegou antes das 23h se livrou de qualquer possibilidade de raiva. “Vim de táxi e fiquei 2 horas para andar da BR até aqui. Campo Grande não muda, é sempre assim”, reclama a universitária Ana Carolina Barbosa.
Para Lucas Fonseca, o problema é um pouco mais complicado. Em uma cadeira de rodas por conta da paralisia cerebral, para subir ao setor de camarotes teve de ser carregado por 3 amigos. “Não custava colocar uma rampa. É constrangedor. Também não tem banheiro aqui nos camarotes, vou ter de pedir ajuda toda vez que quiser descer e subir”, diz chateado.
“Tentamos fazer tudo perfeito, mas a gente sabe que falhas aparecem e com o tempo vamos aperfeiçoando”, argumenta um dos organizadores, Thiago Cance.
Para Valéria Foschian, foi a estréia em shows em Campo Grande. Paulista, ela foi convidada por amigos e a palavra que mais repete sobre o show é “maravilhoso”.
Às 6 horas, quando a maioria cansada tentava deixar o Jóquei Clube, mais um congestionamento infernal.
No entanto, uma cena surreal anterior amenizou o que estava por vir e gerou um dos momentos mais engraçados da noite: motoristas perdidos durante um bom tempo disparavam os alarmes dos carros para encontrar os veículos em um estacionamento lotado.