Na atual conjuntura, qual nome perfeito para bloco de carnaval em Campo Grande?
É tanta demagogia, sujeira deixada embaixo do tapete, promessas não cumpridas, escândalos, corrupção, polêmicas, denúncias e investigações que acabam em pizza, que o Lado B lançou uma pergunta: Levando em consideração o atual contexto político em Campo Grande, qual seria o nome perfeito para um bloco de carnaval na cidade este ano?
Para responder ao “questionário”, convidamos seis pessoas envolvidas com a Cultura e com a folia por aqui para atender ao desafio. Gente que representa grupos, entidades e que, portanto, pode falar dos problemas com propriedade, afinal de contas, lida com eles de perto.
Mas, apesar da confirmação e de todos terem topado participar de imediato, apenas três enviaram suas respostas. Um deles se absteve justificando que já sofreu perseguição política e, por isso, teme represália.
Saco Cheio - Isso, pelo visto, não é problema para o Arquiteto e Urbanista Ângelo Marcos Vieira de Arruda, atual presidente do Conselho Municipal de Cultura. Na hora de sugerir um nome ele é sucinto: “Saco cheio”. O bloco refletiria, segundo ele, todo o momento político de hoje e ontem e tudo que anda acontecendo.
Saco cheio da política, da cidade desarrumada... “Saco cheio de um monte de coisas”, diz, ao explicar que seria “um bloco de protestos com muito humor”. A caracterização teria sacos de tecidos, cheios de objetos que lembram esses problemas, fantasias baratas e carros alegóricos. A concentração para o desfile seria na Rua 14 de Julho, no Centro.
Os foliões percorreriam a Avenida Afonso Pena, até a Prefeitura, passariam pela Câmara Municipal e encerrariam o trajeto nas proximidades do Shopping Campo Grande, segundo os planos lançados por Ângelo.
Rabo Preso - Ator e diretor de teatro, Fernando Cruz pensa em um percurso parecido para o bloco que criou, o “Rabo Preso”, mas a concentração e saída seria no Parque dos Poderes, com passagem pela Assembleia Legislativa, Tribunais e secretarias.
O grupo desceria a Afonso Pena, passaria pela Câmara, Prefeitura e encerraria as atividades no Bar do Zé, “para lembrar os bons tempos da política participativa, afinal, é lá que o povo está”.
O desfile do Rabo Preso “seria embalado por uma fanfarra fazendo muita farra, gravatas douradas, paletós de lantejoulas, terninhos pretos com estolas prateadas, colarinhos branco, roupas em vermelho, azul, amarelo, verde... Todas as cores representando a miscelâneas de partidos. Para justificar o nome, nos paletós seriam costurados rabos".
A criatividade de Fernando não para por aí. “Os adereços seriam sacos de dinheiro, cartolas, pizzas, cuecas recheadas, Bíblias para abrir a sessão, maletas 007, pistolas de água, para não esquecer a pistolagem, muito brilho e ouro”.
Em boa verdade, afirma, “daria para fazer uma escola de samba com várias alas, mas, tratando-se de bloco poderia ser o do “Rabo Preso", em meio a tantas alianças espúrias, trocas de partidos, aumento de salários, vantagens e CPIs que não dão em nada”.
Deixa eu ficar - No meio de toda essa crítica, surge um bloco de apoio, o “Deixa eu Ficar”, que lembra o nome da primeira escola de samba do Rio de Janeiro, a “Deixa Falar”. A invenção é do presidente da Lienca (Liga das Entidades Carnavalescas de Campo Grande), Eduardo Souza Neto, que justifica a criação: “Seria um bloco que faria uma alusão ao prefeito, para permanecer no cargo”.
Um movimento “de apoio à permanência e para acabar com o imbróglio do legislativo”, prossegue. “A quantidade de voto que ele obteve é significativa e merece ser levada em conta”, defende, adotando o mesmo discurso do prefeito. O Deixa eu Ficar seria, assim, um bloco de crítica ao atual cenário da Capital, que vive uma verdadeira novela.
“A meu ver, não é só o prefeito que está deixando a desejar com o povo. Os vereadores também, porque ficam nessa briga e deixam de desempenhar o papel deles”, ponta. Os foliões, neste caso, saíram para a avenida vestidos com o figurino do Chefe do Executivo: de terno, gravata e maleta.
À frente do grupo seria estendido um estandarte com o símbolo do Paço Municipal, com a imagem do Obelisco ou algo que lembrasse a cidade. O desfile, se acontecesse, teria como palco a região da Esplanada Ferroviária. “É um local que já virou referência para o encontro de blocos, independente da temática, proposta ou mensagem”, lembra.
E você, criaria qual bloco?