Na MT, boate tem striptease todos os dias e 5 minutos de dança custam R$ 100
O letreiro não identifica o que acontece no lugar. Quem passa à noite pela Avenida Mato Grosso, esquina com a Rio Grande do Sul, vê meninas de roupa curta abordando motoristas que param para entender o que rola lá dentro. Há poucos dias, o prédio que já foi até sede de partido político virou "Angel's", uma casa de shows eróticos, com muita menina bonita e shows de strip tease todos os dias da semana.
Exibir as garotas é a única proposta da casa, garantem dois dos sócios. Monalisa Martins, de 21 anos, e Adriano Guerra, de 32, dizem que já tiveram uma boate em São Paulo e por aqui resolveram ousar. Inauguraram a casa em endereço VIP, em uma das principais avenidas da cidade, em bairro nobre, com a justificativa de que não há nada para esconder.
“Em outras cidades, são nas avenidas mais movimentadas. Por que o que é bom tem que ficar escondido e em ruas estranhas, como são essas outras casas de Campo Grande? Se é bom, tem que ficar em lugar bom também”, justifica Monalisa.
O nome foi inspirado na protagonista da telenovela Verdades Secretas, da Globo. "Ela (Angel) tinha um ar muito misterioso e é isso que a gente queria transparecer ali na frente. Quando as pessoas passam, tem essa ideia de mistério", explica.
Segundo eles, o investimento foi alto, em um lugar que é amplo e bem arrumado.
Mas não há nada luxuoso. Com uma iluminação escura, a identidade de quem frequenta é um pouco preservada. Fica difícil reparar bem nos clientes que entram e saem. Na parte externa, há mesa de sinuca e cadeiras. Dentro, só tivemos acesso a sala que virou bar e ao palco para os shows no pole dance, com alguns sofás espalhados.
Discrição é algo meio complicado, porque não há estacionamento no local, os carros ficam à vista.
Quem chega é recebido pelas meninas. Cerca de 10 mulheres entre 19 e 25 anos ficam andando pelo local e conversando com os clientes. O show de strip tease é realizado a cada uma hora em dias mais cheios. Em dias de pouco movimento, são duas a três performances por noite.
A pessoa também pode pedir uma dança particular de 5 minutos, que custa em média R$ 100,00, dinheiro que vai todo para a dançarina, jura o proprietário.
Não há um perfil exato dos clientes. Por enquanto, homens e mulheres chegam para conhecer e desvendar o que o espaço propõe. E o negócio anda de vento em popa, garante Adriano. "Alguns clientes chegam a gastar R$ 4 mil em uma noite", conta, sem detalhar com o que se gasta tanto.
Pelo jeito, está difícil escapar do rótulo de zona. Monalisa repete que os shows são a única atração da casa, e diz estar irritada com o falatório de quem pensa em serviços mais abrangentes. “As pessoas nem sabem o que está acontecendo e saem falando que aqui é puteiro. Mas a nossa proposta é outra. É um show normal, porque tem gente que gosta”, diz ela.
A empresária descarta qualquer relação das mulheres com os clientes. “Não são garotas de programa, são dançarinas. Se isso acontece fora daqui, a gente não sabe”, garante.
A propaganda que leva a maioria à outra interpretação sobre a casa começa no Facebook da Angels. As meninas, de corpo perfeito, chamam os homens para "novas descobertas".
Como o Lado B não pode explorar muito o lugar, sempre acompanhado pelos donos, outro jornalista do Campo Grande News pagou para entrar e, sem se identificar, conversou com as garotas na mesma noite em que fizemos a reportagem, só para a gente não ser ludibirado na hora de contar a história.
Ao contrário do que o dono garantiu, as dançarinas já foram recebendo nosso repórter com proposta para horas de sexo. Perguntaram o nome, elogiaram o jornalista moreno, de 1,95 metro, e de cara o convidaram para conhecer os quartos, “sem compromisso”.
As meninas apresentam dois ambientes sem muito luxo, apenas com uma iluminação mais intimista e um colchão no chão. Ao perguntar valores, o repórter descobriu que o programa varia de R$ 150,00 a R$ 300,00, dependendo da beleza da contratada. Uma delas ofereceu "serviço completo" por R$ 200,00, mas com acréscimo de R$ 50,00 pelo quarto.
Enquanto isso, um dos proprietários chegou a orientar as garotas a não sentarem no colo dos clientes enquanto nossa equipe estivesse presente.
Bem, como o repórter não topou o programa, a próxima tentativa das garotas foi lucrar com as bebidas, nenhuma barata, claro. Pediram drinques, também sem sucesso, porque uma cerveja long neck, por exemplo, custa R$ 20,00.
Ao repórter que não se identificou, uma delas se apresentou como July, de 19 anos, e revelou que as meninas são de Campo Grande. Contou que todos os dias um carro da boate busca cada uma em casa e deixou claro que é experiente nos serviços "a mais". "Em vista de outras casas do tipo, aqui é muito bom, não é um lugar feio", comentou a jovem.