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Diversão

Prefeitura paga R$ 71,5 mil por show de Gilmelândia e artistas reclamam

Elverson Cardozo | 06/02/2015 16:06
Gilmelândia se apresentou em Campo Grande, pela primeira vez, em 1993. (Foto: Divulgação)
Gilmelândia se apresentou em Campo Grande, pela primeira vez, em 1993. (Foto: Divulgação)

Tem causado revolta a contratação de Gilmelândia para se apresentar em Campo Grande, hoje (6) à noite, no lançamento oficial do Carnaval 2015. A Prefeitura deve aos artistas locais, diz que não tem dinheiro em caixa para pagar por shows já realizados, mas vai desembolsar R$ 71,5 mil para a cantora ficar no palco durante duas horas na Praça do Rádio Clube.

O curioso é que Gilmelândia é “figura carimbada” na cidade. Ela já se apresentou por aqui em outros carnavais. O primeiro foi em 1993. Para a turma envolvida com a cultura, causa estranhamento não apenas a repetição da atração, mas, também, o valor do cachê, considerado alto.

“Eles ficam contratando esse artistas de segunda linha e pagando como se fosse de primeira. Essa é que é a verdade”, diz o diretor do Sindicato dos Músicos, Raimundo Galvão. “Com esse cachê dá para contratar 10 bandas em Campo Grande”, completa.

Galvão diz que a situação é inadmissível e, portanto, uma afronta aos artistas locais. “Ele não estão nem aí para o que pensam”, finaliza. O músico não está sozinho.

O ator Renderson Valentim, do Teatro Imaginário Maracangalha, também está revoltado com a situação. Logo que teve conhecimento do caso, ele recorreu ao Facebook e, em nome do grupo, “soltou o verbo”:

Extrato do contrato publicado no Diogrande de quinta-feira (5). (Foto: Reprodução)
Extrato do contrato publicado no Diogrande de quinta-feira (5). (Foto: Reprodução)

“Alguém aí pode me explicar isso? […] Nós temos um cachê de apenas R$ 2 mil para receber e está atrasado há mais de dois anos”, escreveu. Ao Lado B, Renderson explicou que o valor é referente à apresentação do espetáculo “Aerotorare”, encenado na Orla Morena.

O ator lembrou, também, que a Prefeitura, além de não pagar o que deve, nega o mínimo apoio aos artistas locais. “No Imaginário Maracangalha temos o bloco Evoé Baco. Falamos [com a Fundação de Cultura] sobre a necessidade de banheiros químicos e uma banda de marchinha. A resposta é 'não temos estrutura, não temos isso, não temos aquilo”, afirma.

É por isso, e por vários outros motivos, que ele considera um desrespeito a contratação da cantora Gilmelândia. Na opinião de Renderson, os trabalhadores da arte e da cultura, em Campo Grande, vivem dias de treva. “Vemos uma Câmara Municipal passiva e que compactua com tudo o que vem acontecendo”, encerra.

O presidente do Fórum Municipal de Cultura, Airton Raes Fernandes, declara que a contratação de Gilmelândia causa estranheza a toda a cultura e explica: “Diversos eventos culturais da nossa Capital forma cancelados por falta de recursos. Artistas que prestaram serviços para o município ainda não receberam”.

Airton afirma, ainda, que o prefeito Gilmar Olarte (PP), “além de não pagar, negou empenhar os recursos para os fundos de cultura de 2014 alegando que a prefeitura não havia recursos”. Por fim, comentou: “Pela primeira vez o Carnaval de Campo Grande não esta sendo realizado pela Fundac, sem maiores explicações pelo gabinete da Prefeitura”.

O Lado B procurou a assessoria da Prefeitura, mas até a publicação desta matéria não obteve retorno.

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