Quem são as pessoas que lotam a arquibancada no desfile das escolas de samba?
Vizinhos dos bairros que as escolas representam? Foliões? Ou apaixonados pela beleza que entra na passarela? Quem são as pessoas que lotam e torcem pelos samba-enredos de Campo Grande? Na primeira noite de desfile, na Praça do Papa, o Lado B prestou muita atenção na vibração que vinha da arquibancada e descobriu que tem de tudo, um pouco.
Dona Lecir era uma das mais faceiras. Moradora da Vila Planalto, a corumbaense que já mora há muitos anos na Capital leva a família toda para assistir. Não tem preferência por escola e escolhe para quem vai torcer ali, na hora.
"Eu gostei das duas, mas acho que mais dessa", aponta Lecir da Silva Cruz, de 63 anos. Dona de casa, ela se referia às duas primeiras escolas a desfilar nesta segunda-feira, Unidos do Aero Rancho e Unidos do São Francisco.
Confira abaixo a galeria de fotos da Unidos do Aero Rancho:
Sobrinha de Lecir, Maria Vitória tem 9 anos e quando a gente pergunta se é a primeira vez dela no desfile, ouve de cara um "não, eu sempre venho". "O que mais gosto é da dança", completa.
A escola que abriu o desfile foi a Unidos do Aero Rancho, com o enredo "Um trofeu ao tema o desejo". Em seis alas, a escola retratou na avenida os diferentes desejos, desde sexuais ao de ser campeão.
Na sequência, os índios terena roubaram a cena ao fazer parte da comissão de frente da Unidos do São Francisco. Com o enredo "Índios e os seus costumes", a homenagem propôs levar para a avenida a cultura quase esquecida. E a performance deles fez muita gente vibrar.
Dona Enir Amarilha, de 67 anos, foi uma delas. Apesar da desorganização na estrutura não a permitir chegar com o carro mais próximo do sambódromo, por ter mobilizada reduzida, Enir não desanimou.
"Faço questão de vir, tudo que é tipo de cultura eu admiro pelo enredo e pelas próprias pessoas. Só acho que aqui em Campo Grande nós somos devagar. Parece que somos distantes da emoção e você vê que não precisa de um financeiro muito alto para ter alegria, essa turma que passou estava sem simples, mas super alegre e dedicada à folia", avaliou.
Confira abaixo a galeria de fotos da Unidos do São Francisco:
Neste ano, a Liga das Escolas de Samba de Campo Grande alterou o regulamento e mesclou escolas do grupo especial com os de acesso, o que colocou na avenida a Cruzeiro e a Cinderela Tradição no primeiro dia. Elas que são do grupo especial.
Unidos do Cruzeiro foi, sem dúvida, a mais animada e mais cheia de componentes. Eram 12 alas na avenida. Tanto os passistas como a bateria foram de longe a animação da noite. A interação com o público já renderia a eles um prêmio. Com o enredo Mama África o Brasil tem seu sangue, não tinha quem não vibrasse.
"Eu participei da escola durante 30 anos, era coreógrafo da comissão de frente", explica a motivação o pedagogo Manoel Vitor, de 52 anos e também vizinho da escola. "O que eu sinto? O coração apertado, mas livre e solto e muita alegria pela escola que mora dentro do meu coração", completa.
Autônomo, Jance Soares, de 29 anos, filmava cada passo e sorriso da Unidos do Cruzeiro. "Fiz parte da escola e é uma emoção a gente ver o quanto ela cresceu", sorri.
Fechando a primeira noite de desfiles, a última a se apresentar foi a escola do José Abrão, Cinderela Tradição com o enredo "No céu, na terra e no mar, mistério que ninguém sabe explicar, de onde viemos, para onde vamos, Cinderela na passarela a imaginar".
No segundo dia de desfile, quem abre é a Unidos da Vila Carvalho, seguido da Igrejinha, Catedráticos do Samba e Deixa Falar. A previsão é de começar às 20h e encerrar 1h da manhã.
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Confira abaixo a galeria de fotos da Unidos do Cruzeiro e Cinderela Tradição:
Confira a galeria de imagens: