Rap local sai revoltado em noite de festival com Hariel e Kyan
Artistas regionais têm reclamado sobre “descaso”; produção informou que problemas surgiram a partir de atraso
Abrir os shows de Mc Hariel, Kyan, TZ da Coronel (que cancelou seu show) e Yunk Vino pareceu um sonho para uma série de artistas sul-mato-grossenses. Com tudo preparado para o Rap Brasil Festival, músicos regionais saíram revoltados e usaram as redes sociais para explicar que parte do grupo não conseguiu subir ao palco. Por outro lado, a produção justificou que houve um atraso para o início do evento, o que afetou a apresentação de alguns músicos de Mato Grosso do Sul.
“Andei 1.500 km, vim de outro estado para a minha cidade natal para entregar um show f* na minha cidade, no meu estado e vocês fizeram com que isso não acontecesse”, desabafou Will Original. Segundo o artista de Campo Grande, a maioria dos músicos de MS não tiveram a chance de se apresentar.
Sua percepção foi de que o evento, realizado no último fim de semana (30), apresentou “falta de logística e descaso com os artistas regionais”. Sem conseguir cantar, Will explica que todo o gasto com produção, aluguéis e equipamentos para show pirotécnico foi à toa.
Além disso, outra reclamação compartilhada pelo rapper foi a disponibilização de apenas uma garrafa de água para cada artista.
Também utilizando as redes sociais para se pronunciar, Fael dos Versos 67 informou que conseguiu se apresentar apenas por praticamente invadir o palco.
“Geral sabe que vieram vários artistas de fora, Hariel, Kyan, e nesse tempo foram contratados artistas regionais, eu sendo um deles. Foram vários manos e uma mina chamada para cantar também”, introduz.
Orientado a chegar no local dos shows (estacionamento do Shopping Bosque dos Ipês) às 19h, Fael identificou que a organização e o cronograma não estavam funcionando. De acordo com o rapper, o palco ainda estava sendo montado no horário marcado.
“Deu 20h, 21h, 22h, 23h e nada, não soltou ninguém (regional). Começamos a subir no palco para cobrar a produção”, relata o artista. Após seguirem pressionando, a promessa foi de que um artista nacional se apresentaria e, em seguida, os de Mato Grosso do Sul teriam sua chance.
Rael descreve que, após a primeira atração nacional, ele e um grupo de outros artistas continuaram questionando até que precisaram descer do palco. “Até que chegou um momento em que a gente invadiu e ia falar a verdade, mas deram a oportunidade”.
Segundo o artista, aqueles que estavam por perto do palco conseguiram subir para cantar uma música cada. “Fomos só com a vontade e com o sonho de cantar”.
Entre aqueles que puderam se apresentar não estava a única representante mulher, Pretisa, que veio de Dourados. A artista usou mensagens de fãs e colegas de profissão para se manifestar sobre a revolta.
Justificativas e explicações do Rap Brasil Festival
Através do produtor Maycon Colombo, a X3K Eventos destacou que todos os artistas foram contratados com o compromisso de receberem seus cachês, sem responsabilidade de logística para o transporte.
Em relação à acusação de que houve descaso com os artistas regionais, a empresa pontuou que o objetivo era incluir os músicos de MS para valorizar e fomentar as vertentes do Hip Hop regional. Segundo a X3K, Geld Mob, DJ Magão, Versos67, MC Cachorrão, artistas do breaking e da batalha de rimas tiveram espaço no festival.
"Tanto que as apresentações locais que conseguiram se apresentar levantaram o público do evento. Infelizmente, a apresentação da artista Pretisa e de outros ficou impossível de ser realizada em razão do atraso do evento em duas horas, por conta do temporal no dia anterior, que danificou parte da estrutura", declarou Colombo.
Outra questão foi sobre o camarim dos músicos locais e a falta de água. "Foi disponibilizado um camarim para os artistas locais para ser rotativo, de acordo com as apresentações. Diante do atraso, não foi possível fazer a rotatividade e todos os artistas locais tiveram acesso ao mesmo tempo. Em algum momento, deve ter acabado a água do camarim, e houve uma pequena demora para fazermos a reposição. Pedimos desculpa por isso".
Segundo o produtor, exceto um artista que não enviou sua chave Pix, todos receberam seus cachês.
Considerando as reclamações, a empresa assumiu que cometeu "alguns erros de produção".
"Gostaríamos de agradecer a parceria da Sejuv/PMCG com a inclusão social de PCDs fazendo toda logística de transporte para eles de entrada gratuita. Além disso, queremos agradecer a todos que participaram do evento, sendo possível arrecadar duas toneladas de alimentos que serão entregues a entidades filantrópicas do município. Quem irá direcionar as entidades será nosso colaborador e parceiro vereador Beto Avelar".
(*) Matéria editada às 12h50min para acréscimo de informações.
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