Rua da Comunidade Tia Eva está na lista das mais pretas e lindas do País
E você pode fazer um tour virtual pela Comunidade Tia Eva e Igreja São Benedito
A via que corta a comunidade quilombola Tia Eva, em Campo Grande, está na lista das mais pretas e bonita do País. A listagem feita pelo blog Guia Negro, publicado na Folha de São Paulo, evidencia vias que merecem uma visita e que abrigam potências e heranças africanas pelo País.
Na listagem, a Rua Eva Maria de Jesus, aparece como um importante lugar a ser visitado por toda sua história, a São Benedito, a mais antiga da cidade, construída em 1919 e que abriga uma antiga imagem de São Benedito, que acompanhou a escravizada liberta Eva Maria de Jesus, a Tia Eva, no seu percurso até chegar na cidade.
O endereço é onde são realizadas festas para São Benedito no mês de maio e há trancistas que fazem penteados afro. O guia sugere visita ao centro comunitário, que recebe eventos, além de comércios locais ou um papo com algum descendente de Tia Eva, tomando tereré, bebida indispensável para o sul-mato-grossense.
Para quem não pode ir até à Comunidade Tia Eva, é possível fazer até uma visita virtual. Em um site (clique aqui) você pode passear pela rua, ver detalhes da igreja, do centro comunitário e da comunidade, inclusive, no interior da igreja.
Além da rua campo-grandense, o Guia Negro, assinado por Guilherme Soares Dias, selecionou outras 5 ruas pelo País para compor a lista de "mais pretas e lindas". Confira abaixo.
Ladeira do Curuzu, Bairro do Curuzu, Salvador
A rua foi eternizada pelo bloco afro Ilê Aiyê que tem nela sua sede, a Senzala do Barro Preto, onde há escola e eventos como a Noite da Beleza Negra, além dos ensaios do bloco. Por lá, também ficam os terreiros de candomblé Jitolu, que dá origem ao Ilê Aiyê, e o Vodun Zo, um dos mais antigos da cidade e tombado pelo patrimônio histórico municipal.
Rua São Francisco da Prainha, Gamboa, Rio de Janeiro
É uma pequena rua de paralelepípedos no coração da Gamboa, sub bairro da Saúde, que foi eleito pela Revista Time Out com um dos 50 bairros mais legais do mundo, o único no Brasil na lista. A rua começa no Largo da Prainha, onde está a estátua de Mercedes Baptista, a única de uma mulher negra no Rio, que foi precursora da dança afro, teve sua própria companhia de dança e foi a primeira mulher negra a dançar no Teatro Municipal do Rio.
Rua Dom José de Barros, República, São Paulo
No centro da capital paulistana, a rua em formato de calçadão abriga camelôs durante o dia e trabalhadores da região central, em sua maioria negros, confraternizando à noite. Tem roda de samba; o marco zero do hip hop (inscrição na calçada em homenagem aos precursores do ritmo que ali se apresentavam). Dá acesso à Galeria do Reggae, reduto dos imigrantes africanos que vendem cabelos, roupas, comida e produtos musicais. O calçadão segue até em frente ao Largo Paissandu, onde fica a Igreja Rosário dos Pretos e a estátua da Mãe Preta, que por anos foi o único monumento de mulher negra na cidade e que, apesar de um retrato servil, foi ressignificada pelo movimento negro sendo, hoje, o local de término do cortejo do bloco afro Ilú Obá de Min, nas sextas de carnaval e da Marcha das Mulheres Negras no 25 de julho.
Rua Thomé de Souza, Bairro da Liberdade, São Luís
A principal rua do maior quilombo urbano das Américas, o bairro da Liberdade, em São Luís, tem pelo menos, 25 pontos de interesse turísticos, conforme o Guia Negro apontou. São diversos terreiros e sedes de "bois", como o da Floresta e do Boi de Leonardo, que nesse mês de junho recebe festas de bumba meu boi. O complexo tem atraído atenção de visitantes que querem passeios para além das praias. Pela via estreita ladeada de casas simples, há também terreiros como o Yle Ashe Ogum Logbo e o Yle Ashe Oba Yzoo.
Avenida Luiz Guaranha, Quilombo Areal no Menino Deus, Porto Alegre
Fica no meio de um bairro de classe média, que no passado já foi um local de esconderijo e depois moradia para pessoas negras, onde inclusive nasceu o samba na capital gaúcha que hoje pode ser curtido no Boteko do Caninha, que fica perto da rua. Com o nome de avenida, a pequena via sem saída é uma das últimas resistências negras do bairro. De acordo com o Guia Negro, a comunidade busca o reconhecimento de área quilombola.
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