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Diversão

Sem socorro financeiro, boates podem fechar e balada acabar de vez

Com dívidas acumulando e sem previsão de reabertura, casas noturnas estão sobrevivendo de economias e sofrendo com crise

Alana Portela | 06/05/2020 07:11
A casa de shows Bartholomeu está fechada há 45 dias. (Foto: Paulo Francis)
A casa de shows Bartholomeu está fechada há 45 dias. (Foto: Paulo Francis)

Sem data para reabertura, as casas noturnas de Campo Grande estão sobrevivendo apenas de economias. Já são quase dois meses de portas fechadas, desde que o coronavírus se espalhou pela cidade, em março deste ano. A situação é preocupante, já que as contas não param de acumular e não existe entrada de dinheiro, nem mesmo apoio do poder público para que esses locais não sejam obrigados a encerrar as atividades.

Na Capital, desde que o isolamento social começou, o Twist Bar, na Rua Antônio Maria Coelho e as casas de baile Bom d+ e Clube da Amizade, encerraram as atividades. O medo dos empresários é que isso se estenda para mais casas noturnas.

“Estamos apenas com nosso fluxo de caixa e usando as economias próprias. Por não receber nenhum auxílio, ficamos preocupados quanto ao que nos espera, pois as contas não foram amortecidas de nenhuma maneira e para um estabelecimento como o nosso funcionar, existem custos a serem pagos”, diz Alessandro Veiga, proprietário da Daza.

A boate existe há sete anos e está localizada no Centro da cidade. O empresário relata que tem consciência da pandemia e, justamente por isso, mantém as portas fechadas. “Sou completamente a favor da quarentena. Mas, não é justo nosso negócio ser esquecido pelas autoridades porque estamos sendo cobrados por todas as contas, como se tivéssemos abertos”.

Daza Club é uma das boates que costumava agitar o público. (Foto: Carlos Godoy Jr.)
Daza Club é uma das boates que costumava agitar o público. (Foto: Carlos Godoy Jr.)

Por isso, Alessandro insiste no apoio durante esse momento de incerteza, até mesmo para não ser obrigado a encerrar as atividades. “São sete anos que, em menos de três meses, podem não existir mais”, declara.  “Não deixem a gente sem auxílio, pois muitas pessoas trabalham aqui. É um ponto de entretenimento da cidade, atende vários jovens que estão à procura de diversão com segurança”.

O cenário não é favorável e, enquanto a boate fica às moscas, o proprietário ainda tem que se preocupar manter a papelada de funcionamento do espaço em dia. “Daqui a pouco tem que renovar os alvarás e quero saber se existirá alguma ajuda quanto isso?”, questiona.

O suporte não é apenas para que as boates continuem, mas também para que a Capital não perca ainda mais os pontos de diversão. “Precisamos de ajuda para que a cidade não se torne tão interiorana, a ponto de não existir mais casas noturnas, como acredito que acontecerá em breve. É questão de tempo para começar a surgir mais casos de fechamento”, afirma Alessandro.

Ivan Torres é proprietário do Blues Bar há seis anos. É lá que a galera do rock and roll se encontra e assiste apresentações de bandas renomadas do Estado. A casa que é palco também de eventos beneficentes está de mãos atadas.

“É desesperador, já tem mais de dois meses fechado. Algumas contas, conseguimos renegociar, mas outras não. Os shows foram adiados, até fizemos uma campanha para venda de ingressos antecipados, porém não temos nenhuma previsão. Dependemos de algum decreto. Não sabemos até quando vamos segurar esse rojão, no entanto, temos esperança que não demore muito”, fala Ivan.

O Blues funcionava de quarta a sábado e a expectativa é manter os mesmos dias quando tudo voltar ao normal. “Vamos ver como vai ser a volta, se vai ter alguma regra ou não”, comenta o proprietário. Enquanto nada muda, os frequentadores podem ajudar o local comprando vouchers de créditos antecipados, para eventos futuros, através deste link.

Flash Back Blues Bar que aconteceu em 2019 e levou uma galera para curtir a noite. (Foto: Arquivo)
Flash Back Blues Bar que aconteceu em 2019 e levou uma galera para curtir a noite. (Foto: Arquivo)

Rodrigo Infran comenta que toda semana recebe ligação de clientes perguntando quando a Non Stop Club volta a funcionar. A resposta é sempre a mesma, não há previsão, porém não perde a esperança de que tudo volte ao normal o quanto antes.

“Temos esperança de não fechar o espaço, espero que a gente possa se readaptar a tudo. A casa estava funcionando há nove anos, nas sextas e sábados. Mais de 300 pessoas frequentavam o local”, conta Rodrigo.

Sem realizar eventos, o espaço fica sem caixa para arcar com as despesas. Rodrigo relata que os ingressos eram vendidos apenas na entrada das festas e só costumavam antecipar as vendas em casos de eventos grandes. O prejuízo só não está sendo maior porque não tem funcionário e ainda conseguiu dar um jeitinho nas cobranças. “Consegui renegociar as dívidas”.

O empresário Paulo Melo também está tentando contornar a situação. Ele é proprietário do Bartholomeu e do Jeremias Casa de Shows, que costumavam animar as noites da cidade, com eventos de artistas nacionais. No entanto, desde março não promove festas.

“Estamos 100% fechados, pagando todas as contas, aluguel, água, luz e os funcionários, mas seguindo o sistema do governo”, diz ele se referindo aos dois meses de suspensão do contrato de serviço, que passou a valer desde abril deste ano.

“Já são 45 dias fechados e não acredito que volte a funcionar em menos 30. Desde que começou a pandemia e os eventos foram proibidos, casas de shows fecharam, casas consagradas. O desemprego na área é grande, não só nessa”, diz Paulo.

Para ele, mesmo que os eventos voltem a acontecer em 60 dias, o prejuízo é maior. “Não temos mais expectativa de futuro para esse ano, se conseguir pagar as contas já está bom”, destaca.

A Valley Pub também está fechada por conta do isolamento na Capital. (Foto: Kísie Ainoã)
A Valley Pub também está fechada por conta do isolamento na Capital. (Foto: Kísie Ainoã)

Live - Nesta semana, uma das casas mais famosa da cidade, Valley Pub, fez queima de estoque das bebidas para não sair perdendo. O proprietário, Sérgio Longo Filho afirma que optou por não demitir os funcionários, mas também não imagina quando tudo possa ser retomado. De certeza, ele só tem uma. “O tempo que durar [quarentena] vamos permanecer”.

Sérgio afirma que já tinha contratado vários eventos para realizar na Valley, como show de Rick e Rodrigo, Mc Marcinho. “A gente nem tinha lançado as vendas ainda. Estava com projeto voltado ao funk”.

No entanto, enquanto nada se estabiliza, o empresário diz que disponibilizou o espaço para uma live que vai ocorrer neste sábado, 9 de maio, às 21h, através do canal do Youtube “Valley Campo Grande”. “Vai ser uma balada em casa e o evento vai arrecadar doações de cestas básicas em prol da classe artística. Acredito que 200 pessoas devem ser beneficiadas”.

A live vai ocorrer mantendo as orientações da saúde, com os artistas de máscaras e mantendo o distanciamento seguro. Cerca de 18 pessoas devem se apresentar, cada um na sua vez. “Teremos Leo Andrade e Rafael, Zé Lucas e Felipe, Caio e Gabriel, Rafa e Leo, Carla e Junior entre outros”, comenta Sérgio.

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