Só deu glitter, unicórnio e abacaxi: fantasias bombaram nos blocos de rua
Só deu glitter na sexta e sábado de Carnaval. Quem saiu para acompanhar os blocos da rua em Campo Grande, o Calcinha Molhada, na Praça Aquidauana e o Cordão Valu, na Esplanada Ferroviária, investiu em peso na purpurina. Ao lado de tanto brilho, a fantasia do ano foi de unicórnio. Colorida e divertida, tem homem e mulher entrando na folia com tiarinhas de chifres e muito tule.
Renata não conhecia Fabi e Thiago até então, mas foi o Lado B juntar o trio unicorniano para uma foto que todo mundo já saiu amigo. Coisa típica do Carnaval. Jornalista, Renata Galeano, de 20 anos, foi quem comprou o material e fez desde a tiara até a saia.
"Comprei tule e fui prendendo aqui e o chifre, fiz de feltro: você vai enchendo e moldando ele", explica.
Os amigos Fabi Perez, de 22 anos e Thiago Arce, de 24, investiram no que acreditam ser "a fantasia do Carnaval 2017". "Quem quer se encaixar na folia, tem que vir de unicórnio ou sereia. É colorido, é arco-íris, é festa, alegria, tudo o que combina com o Carnaval", disparou o rapaz.
De longe dava para ver o trio abacaxi. Aliás, parece que neste ano os foliões "descobriram" a fruta. No Valu também grupo de amigas se vestiram igual e é das fantasias mais simples. Tiara verdinha e blusa ou vestido amarelo.
Amigos, Henrique, Júlio e Paulo Henrique usaram um vestido amarelo e uma coroa verde para sair de fruta no Carnaval. A ideia foi tirada da web e em meio à multidão, era muito fácil encontrá-los.
Henrique, que tem mais habilidade manual, quem fez a tiara. "A gente quis por ser prático e fácil de fazer. Você corta o EVA em tira, faz as folhas e depois enrola, cola na tiara que custa 2 reais e está pronto", resume Henrique Minante.
E se não deu tempo de se fantasiar em casa, tem problema não. Folião que é folião anda com glitter na bolsa e lápis de olho. Assim que Breno e Camila estavam resolvendo a fantasia dele. Que apesar de simples, foi muito conceitual.
"Estou de alter ego, a minha é Olga. Segunda vez que me fantasio", explica. O jovem ainda não traçou o perfil de Olga, mas o que sabe é que é de Carnaval que ela gosta. "Adora, inclusive nasceu nele".
E tem jeitos muito simples de sair vestido no Carnaval. Fabrício não gastou nada para ir de "motociclista". Só o capacete, que inclusive tinha o nome do rapaz atrás. Para quem perguntasse, ele só virava e mostrava - quando o som dificultava a compreensão.
Também teve quem foi de múmia, Rayssa só usou faixas pelo rosto e para dar uma diferenciada, colocou um bigode.
Agora para brincar mesmo, fantasia também pode ter interação com o público e isso a zootecnista Marlova Mioto, de 30 anos, tirou de letra. "Pixtolovs" é marca do Carnaval. A pistola já é usada há três anos e também estava na estreia do Calcinha Molhada.
"A gente já usa até a hashtag '#Pixtolovs'", diz. A pistola do amor dispara Catuaba e Jurupinga, que são abastecidos durante todo o Carnaval, direto na boca do folião. "Quanto cabe aqui? Infinitamente", brinca Marlova.
No Cordão Valu, muito do que se viu pela internet esteve presente em fantasias. Os amigos Murilo Arantes e Sayuri Godoy, de 25 anos, foram de "grávida de Taubaté". "É uma mulher que enganou o Brasil inteiro, foi em programas de TV falando que estava grávida de quadrigêmeos e na verdade era uma bola. É muito engraçada essa história", resume Murilo. Pela folia, todo mundo reconhecia a cena dos dois.
A mistura do pagode com o Pedro foi a fantasia do "PagoPedro". "Eu gosto de pagode e meu nome é Pedro. Então estou de "PagoPedro", brinca Pedro Garcia, de 19 anos. No entanto, a fantasia dele falava muito mais, com uma plaquinha no corpo, ele dava o recado para as mulheres: "não vai acontecer nada que você não queira".
"Porque literalmente é isso, não vai acontecer nada. Se eu conseguir dar uns beijos, dá certo. Senão, não vai acontecer nada mesmo", enfatiza.
De Smurfs, os amigos da turma de formandos do 3º ano do Colégio Militar de 2013, tiveram a ideia no grupo de WhatsApp e colocaram em prática jogando tinta guache azul no próprio corpo. "Foi assim, 'bora fazer'? E todo mundo topou", conta o estudante André Macedo, de 20 anos. A "Smurfet" investiu R$ 10 num vestido no brechó.
De Australianos, o casal André e Michael também pintaram a cara. Os dois se conheceram em Gold Coast, quando o campo-grandense André morou lá por dois anos. No Brasil desde agosto de 2016, este foi o primeiro Carnaval "de verdade" de Michael.
"Tem Carnaval em Gold Coast e Sidney, que são as maiores colônias de brasileiros. É tudo vinculado a brasileiro lá e totalmente diferente. Eles não se envolvem no Carnaval igual a gente, eles só assistem", descreve o professor de inglês, André Moura de Castro, de 33 anos.
O companheiro Michael Benvar, de 50 anos, estava adorando. Para entrar no clima, o casal já tinha ido aos esquentas. "A impressão que eles têm é só do Carnaval no Rio, que é mais ou menos assim. Se você não pagou para estar ali, não pode se misturar. Agora vai ver o que é Carnaval de verdade", brinca André.
Veterinária, Ana Paula Gomes Amorim, de 43 anos, estava só esperando Alice nascer para cair no Carnaval. Apaixonada pela folia, ela fez a própria fantasia junto da filha. A menininha de 10 meses estava de Pedrita no sling e ela, de Wilma.
E a política não ficou longe do Carnaval. Dilma Rousseff desfilou, pelo menos a versão criada pelo produtor cultural Gabriel Lima, de 24 anos. "Minha aceitação está maior que a rejeição", avaliou. A ideia foi homenagear a ex-presidente. "Ela foi democraticamente eleita. Eu não fui eleitor dela, mas vim homenagear e através do golpe dela, o Brasil começou a viver um período de não normalidade democrática".
E a "Classe operária vai ao paraíso" era a fantasia que a jornalista Ana Claudia Salomão, de 52 anos, levou para o bloco. A vestimenta fazia referência a um filme italiano da década de 60. "Que reflete muito do que o Brasil está vivendo agora, com as reformas trabalhistas e previdenciária. A gente vai morrer sem se aposentar".
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