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Faz Bem!

Amor de Roberto por música transformou tratamento após AVC

Ainda ganhando espaço em Campo Grande, a musicoterapia está sendo regulamentada como profissão

Por Aletheya Alves e Natália Olliver | 18/09/2023 07:26
Roberto durante tratamento de musicoterapia. (Foto: Arquivo pessoal)
Roberto durante tratamento de musicoterapia. (Foto: Arquivo pessoal)

Há menos de um ano, Dayse Bernardo descobriu que o marido, Roberto Lopes Larson, apaixonado por música, poderia receber um tratamento que envolvia justamente o contato com a produção de sons. Ainda ganhando espaço em Campo Grande, a musicoterapia está sendo regulamentada e, pelo olhar de Dayse, transformou a vida do marido após o AVC.

Neste mês, foi comemorado o Dia do Musicoterapeuta e, ainda sendo uma área que vem caminhando, o profissional Nano Elânio conta que muitas dúvidas surgem quando se fala da prática. Para começar, ele esclarece que musicoterapia não é aula de música, mas “usar a música para fins terapêuticos”.

De acordo com a União Brasileira das Associações de Musicoterapia, a definição da prática é “um campo que estuda as relações que as pessoas fazem com a música: o significado que a música tem em suas vidas; as possibilidades de comunicação que sons ritmos, alturas e timbre proporcionam; as oportunidades de reabilitação social, motora e emocional que as melodias permitem construir, as nuances de fortalecimento da autopercepção e da percepção do outro que o fazer musical propicia”.

E, explicando melhor sobre como isso funciona, Nano comenta que a prática não substitui outras terapias, mas age em conjunto a elas. “Ela potencializa o tratamento a partir do trabalho que já é realizado”.

Instrumentos simples são utilizados para integrar a prática terapêutica. (Foto: Arquivo pessoal)
Instrumentos simples são utilizados para integrar a prática terapêutica. (Foto: Arquivo pessoal)

Em processo de regulamentação pelo CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) da Câmara dos Deputados neste ano, a profissão se tornou parte da vida de Elânio por ele já possuir relação com o mundo artístico. E, em um processo de migrar exclusivamente para essa área, detalha como funciona a terapia na prática.

“Eu trago práticas para reconhecer melhor o corpo que eu também utilizei para desenvolver o meu canto e minha expressão corporal. Utilizo também elementos da arteterapia para dinamizar os atendimentos”, explica Nano.

Responsável pelo tratamento de musicoterapia de Roberto, Nano comenta que a reabilitação após o AVC envolve técnicas que estimulam várias áreas. “Preciso estimular os movimentos de fala, a memória, a cognição, a parte motora com os movimentos de braços e pernas. Então, em cada sessão procuro ter várias partes que estimulem ele de maneiras diferentes utilizando a música como elemento propulsor”.

Falando sobre a experiência com o tratamento até agora, Dayse, esposa de Roberto, garante que o cotidiano do marido foi impulsionado após a inclusão da musicoterapia no conjunto de tratamentos.

Tendo conhecido a prática através de pesquisas com o filho, ela comenta que a primeira dificuldade foi encontrar um profissional da área. “Levamos um tempo até acharmos o Nano, que é o profissional que nos atende hoje. Foi um amor à primeira vista, as coisas foram evoluindo e foi muito certo porque a musicoterapia não interfere nos outros tratamentos. Especificamente no caso do meu marido, que faz terapia ocupacional, fisioterapia e fono, a musicoterapia é mais uma ajuda”.

Para a esposa, as evoluções vistas foram desde o auxílio na fala, movimento do braço, potencialização das sensações e retomada de boas lembranças. “A nossa família sempre teve um envolvimento com a música e acho que isso ajudou bastante. Ele ficou mais alegre, tenta cantar, consegue trabalhar mais a mão paralisada e são coisas que a gente não via mais”, garante.

Para Dayse, o que falta é um maior reconhecimento da profissão, principalmente em Campo Grande. “Algumas pessoas acham que é brincadeira, mas não é isso, é muito mais”.

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