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Faz Bem!

Após diagnósticos falhos, descobri a trombose causada pelo anticoncepcional

Carolina passou a sentir muita dor, esquecer de palavras e ter comportamentos estranhos

Thailla Torres | 05/03/2017 07:15
Carolina descreve os momentos de medo diante das dores da trombose venosa cerebral. (Foto: André Bittar)
Carolina descreve os momentos de medo diante das dores da trombose venosa cerebral. (Foto: André Bittar)

Carolina Castro de Soares tem 24 anos e diz que sempre ouviu falar dos riscos e efeitos da pílula anticoncepcional. Mas nem de longe imaginou que teria problemas tão sérios. Há dois meses, a vida dela mudou, Carolina foi diagnosticada pelos médicos com trombose venosa cerebral, provavelmente, pelo uso constante do medicamento. Nem contra ou a favor das pílulas, ela diz que sempre viu o remédio como um aliado na regulação do ciclo menstrual. Mas agora, em tratamento, compartilha os sintomas como forma de alerta aqui no Voz da Experiência.

"Eu tomava anticoncepcional desde os 17 anos por recomendação médica, logo que fui ao ginecologista. Nunca troquei a marca e até então nunca houve problemas. Mas foi em dezembro que comecei a sentir uma dor muito forte no lado direito da barriga. Quando fui ao posto de saúde, os médicos começaram a tratar o caso como pedra no rim.

Eu tinha uma sensação que não era aquilo e resolvi ir ao hospital. Outro médico disse que poderia ser pneumonia, mas também não era. Quando começou o ano, as dores foram dando uma aliviada, mas eu ainda sentia algo muito forte na cabeça.

Carolina mostra as pílulas e os exames após fortes dores. (Foto: André Bittar)
Carolina mostra as pílulas e os exames após fortes dores. (Foto: André Bittar)

Na época, não me lembro detalhadamente, mas a minha mãe diz que eu ficava muito nervosa. A dor era muito forte, passei a fazer as coisas no escuro e a ter delírios. Eu tralhava à noite em uma fábrica e, um dia, acabei indo mesmo com dor, mas as pessoas começaram a perceber que eu não estava no meu estado normal.

Fui para o hospital novamente, tive convulsões e quando acordei estava com a boca toda mordida. Eu não entendia o que estava acontecendo comigo. Até todos os exames ficarem prontos, eu tive reações que foram as piores experiências da minha vida. Houve um dia que o lado esquerdo do meu corpo ficou formigando, não sentia o meu ouvido e tudo começou a ficar muito confuso. 

O médico pediu uma angioressonância no hospital e quando viu o exame pediu para eu correr ao neurologista. Ninguém sabia ao certo o que era, havia dúvidas entre tumor e trombose. Precisei ser internada as pressas na Santa Casa, onde veio o resultado do exame com diagnóstico de trombose venosa cerebral. 

Foram quase 30 dias sentindo muitas dores e tendo delírios, eu estava fora de mim. Fiquei internada por sete dias, sendo observada, tomando anticoagulante, soro e outras medicações. 

Quando sai da Santa Casa, passei a ser acompanhada pelo médico residente de neurocirurgia do Hospital Universitário. De todo diagnóstico, ele não identificou nenhum outro fator de risco e o jeito foi tirar o anticoncepcional.

Hoje faço tratamento diário com anticoagulante para circulação sanguínea, não posso trabalhar e tive que mudar minha alimentação. Não posso comer nenhum vegetal que tenha vitamina K que possa contribuir para engrossar o sangue, além de conviver com o medo de morrer.

O que eu passei antes do diagnóstico foi terrível, porque é algo que você não consegue controlar. Além das dores, eu não lembrava o nome das pessoas e as palavras. Passei a gaguejar algumas vezes.

Eu lia na internet sobre o assunto e tinha medo de trocar de remédio, mas eu tomava pelo controle da menstruação. A verdade é que nunca imaginava que poderia acontecer algo comigo.

A gente escuta histórias de muitas meninas que começam o uso da medicação sem orientação médica. Inclusive, os médicos dizem que não são todos os casos ocasionados pela pílula anticoncepcional, mas é importante alertar sobre os riscos e seja qual for a necessidade, que todas passem pelo médico..."

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