Chega um ponto que a gente não aguenta mais beber, mas ainda insiste na noitada
Não adianta insistir, seu corpo não aguenta a mesma ressaca de anos atrás, e vale muito à pena saber a hora de ir para casa
É numa conversa rápida com os amigos que surge a certeza: tudo o que você achava que aguentava beber lá nos 18 anos virou um tormento perto dos 30. Hoje, depois da segunda taça vinho ou duas long necks de cerveja, alguns dizem sentir a ressaca bater, na verdade espancar, muito mais forte do que antes.
À reportagem ninguém quis se comprometer assumindo que bebe e como convive com a ressaca no dia seguinte, mas bastou um desabafo nas redes sociais para todo mundo dizer “espere até chegar aos 40”, “perto dos 30 a ressaca dura três dias” ou que “um dia de bebedeira requer mais tempo de recuperação que uma cirurgia cardíaca”, brincou outra usuária da rede social.
Aos 31 anos, o publicitário campo-grandense que prefere não se identificar conta que no dia seguinte surge mais do que a ressaca. “Eu fico doente”, diz. “Além daquele mal-estar, às vezes, sinto dores de garganta e o corpo fica mole”. Ele diz que não tem muitas receitas para enfrentar o dia seguinte, mas encara tudo de um jeitinho bem sul-mato-grossense. “O jeito é tomar tereré o dia todo para aguentar”, afirma.
Pior do que isso, é que mesmo com a certeza que a ressaca virá com tudo no dia seguinte, há quem insista em seguir com a bebedeira. Falta de limite? Talvez. Mas a médica, palestra e incentivadora de hábitos saudáveis, Patrícia Supimpa, explica os motivos.
“O álcool é um vício, uma substância que causa uma dependência, principalmente, no cérebro. Ele libera substâncias que acabam causando prazer, tirando a timidez e deixando a pessoa mais relaxada. E quando a pessoa está bebendo, ela você vai perdendo aquela consciência plena que ela tem das coisas, então ela acaba pensando só no prazer e acaba extrapolando, ficando, às vezes, com a ressaca física e moral no dia seguinte”, explica a médica.
Outro fator que também influência é a cultura. “No nosso país, temos a bebida como fator social e ele é muito cobrado pelas pessoas. Um homem, por exemplo, quando está em um grupo de amigos, ele é cobrado pelas pessoas para beber, o mesmo acontece com os casais e um dos parceiros não bebe.
O fator social que envolve as bebidas acaba trazendo o maior consumo de álcool e algumas pessoas que estão propensas ao vício”.
Mas o porquê da ressaca bater mais forte na casa do 30 e 40 tem uma explicação simples. “O principal órgão que metaboliza o álcool no nosso corpo é o fígado, ele é responsável por quebrar o álcool e eliminá-lo de alguma forma. Com o tempo, o fígado vai ficando sobrecarregado, pode ser por bebida, medicamentos em excesso, má alimentação diária ou a junção desses três fatores”, pontua.
Ou seja, com o avanço da idade e alguns fatores, por exemplo os citados pela médica, fazem com que o fígado fique debilitado para poder quebrar esse álcool e jogar fora. “Isso faz com que a pessoa tenha uma ressaca muito mais forte no dia seguinte, passe mal e, além disso, tenha sintomas estomacais”.
Patrícia ressalta que o álcool é uma substância muito forte e quando ela fica muito tempo no estômago, ela acaba causando lesões na mucosa, que é um tipo de camada. “E o excesso do álcool pode ocasionar náuseas no outro dia”.
Outro sintoma muito comum após a bebedeira é a dor de cabeça e muita gente tenta de tudo para se livrar. “Ela surge, principalmente, pela desidratação. O álcool, principalmente a cerveja, é diurético, ou seja, você perde muito líquido. E essa desidratação acaba desidratando também o cérebro e isso causa dor de cabeça, com a boca amarga e a fraqueza”, explica a médica. “A sustância atravessa a barreira hematoencefálica, que protege o sistema nervoso central, atingindo o cérebro. E essa intoxicação acaba trazendo embriaguez e sintomas mais graves, que chamamos de coma alcoólico, que é quando a pessoa literalmente apaga”.
Longe de censurar quem gosta de beber, a médica diz que é possível tomar uns bons drinks sem exagero e garantir uma rotina normal no dia seguinte, sem dores de cabeça e arrependimentos. Mas para isso é preciso se dispor a beber menos. “O equilíbrio é a chave de tudo. Se a pessoa deseja não sofrer após beber, é preciso ter em mente que não é necessário beber todos os dias e nem encher a cara”.
Como médica conhecida por ajudar pacientes a ter hábitos saudáveis e reduzir medidas, Patrícia é enfática em dizer que não recomenda bebida alcoólica aos seus pacientes. “Cada latinha de cerveja é equivalente a um pão francês, ela é extremamente calórica. E o álcool é catabólico, ou seja, ele quebra o músculo. Então, a pessoa que está tentando ganhar massa muscular, ela acaba sendo extremamente prejudicada. Quando meus pacientes estão em tratamento, a gente tira totalmente o álcool”, finaliza.
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