Depois de passar meses na cama, Dani supera dores com cannabis medicinal
Dani é uma das pessoas que luta pelo acesso e conscientização sobre os benefícios da medicação para quem precisa
Ela já perdeu as contas de quantas vezes ouviu “isso é droga”. Duvidou do efeito. Tinha pouco conhecimento sobre o assunto e acreditou, durante anos, que as doses cavalares de remédios para dores fossem a única alternativa. A foto acima demonstra a ação de um recomeço, de um tratamento alternativo e de um mês sem dores. Após quatro anos, Daniela diz que a cannabis medicinal mudou não só a vida de outros pacientes, mas a dela também, que há anos convive com o diagnóstico severo de fibromialgia [síndrome que provoca dores por todo o corpo].
Daniela Staut, 40 anos, é comissária de bordo e hoje uma das pessoas que ajuda um grupo sul-mato-grossense a disseminar informação sobre o medicamento e a importância de facilitar acesso ao tratamento. “Há um mês ele mudou minha rotina. Depois que passei a tomar a medicação, não senti mais dores”, afirma.
Sem ter nenhuma relação com a Medicina ou com o mercado medicinal da cannabis, Daniela conta que soube da medicação depois que um sobrinho foi viver no Canadá. “Lá eles têm fácil acesso. Mas até então eu nunca havia pensado nele. Meu sobrinho foi quem me deu as primeiras informações e eu fui pesquisar”.
Como no senso comum, Daniela admitiu a desconfiança no início. “Eu achava que ia ser alucinógeno por causa das pessoas que associavam a substância com as drogas”, conta.
Numa pesquisa pela internet, documentários e programas que falam sobre a medicação, Daniela viu que o produto já é usado para o tratamento de diferentes condições de saúde como epilepsia, mal de Parkinson, Alzheimer e dores crônicas. No entanto, acredita que aqui no Brasil ainda é importante esse trabalho de desmistificar o uso desse tipo de medicamento. “As pessoas não tem consciência dos benefícios, julgam a medicação enquanto poderíamos ver menos pessoas sofrendo”.
As gotinhas de medicamento à base de cannabis que toma hoje fazem muita diferença. Nos primeiros anos de diagnóstico, Daniela diz que chegou a ficar semanas em cima da cama sem se levantar por causa das fortes dores. “Tudo começou com uma dor que não havia explicação. Era como se eu tivesse com uma gripe muito forte e um cansaço enorme. Acreditava, no início, que fosse uma dor muscular por causa dos voos. E só depois de uma forte crise que eu fui diagnosticada com fibromialgia”.
“Cannabis medicinal é um direito humano” – A frase é lema da 1ª Caminhada Internacional pelo dia Mundial da Proclamação da Cannabis Medicinal em Campo Grande, que será realizada no dia 23 de novembro, na Praça do Rádio, a partir das 16 horas.
O evento será realizado pela Pro D Tea (Associação de Pais e Responsáveis Organizados pelos Direitos das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista), em parceria com a Sbec (Sociedade Brasileira de Estudos sobre a Cannabis), Núcleo Verde Campo Grande e o Grupo Florescer - Pacientes de Cannabis e Saúde.
O encontro convida familiares de pessoas com deficiência, profissionais da saúde, representantes comerciais de produtos importados a base da planta, advogados, médicos, biólogos, associações nacionais e pessoas que necessitam da medicação.
Para a presidente do Pro D Tea, Carolina Spínola Alves Corrêa, o encontro é para mostrar a importância da medicação. “Queremos trazer mais conhecimento e menos preconceito sobre o tema. São informações que podem salvar vidas. E mais do que isso, queremos com esta ação contribuir para a regulamentação da cannabis medicinal no Brasil”, afirma a organizadora da caminhada.
Além disso, segundo a organização, profissionais estarão disponíveis para atender a população tirando dúvidas e distribuindo materiais sobre benefícios, legislação, comércio, mercado financeiro e outras declarações a fim de desmistificar o uso medicinal da planta.
A concentração para a caminhada será dentro da Praça do Rádio Clube, em frente à Avenida Afonso Pena e chegada com exposição na Praça Ary Coelho. Haverá uma breve fala sobre o tema com profissionais de saúde, como o médico psiquiatra Teodoro Custódio da Silva Júnior.
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Matéria editada às 8h42 devido alteração da data do evento
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