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Depois que filho morreu, casal abriu mão de vida consolidada para vender "Mozão"

Produção é feita no mesmo terreno da casa em que mora o casal Vicente e Laurita

Thaís Pimenta | 03/03/2018 07:20
Vicente e sua esposa são os responsáveis pela marca de biscoitos de polvilho mais criativa da cidade. (Foto : Saul Schramm)
Vicente e sua esposa são os responsáveis pela marca de biscoitos de polvilho mais criativa da cidade. (Foto : Saul Schramm)

A peta, ou biscoito de polvilho, com o nome mais original que já vimos, "Mozão", é de Campo Grande. Em uma pequena fábrica, Vicente Ávila de Andrade, de 74 anos, trabalha junto com a esposa, Laurita Martins da Silva. Eles preparam, embalam e distribuem o produto pela cidade, que carrega uma história de reconstrução.

Vicente faz questão de dizer que sua receita é diferente dos biscoitos "o vento levou", feita só com polvilho azedo e água. "A minha leva polvilho doce, sal, ovo e óleo de milho", diz. Para chegar nessa simples combinação, foram pelos menos três meses de testes. "O óleo de soja deixava um cheiro de ranço. Foi difícil encontrar o ideal".

Hoje, o produto está em padarias, cantinas e lojas de alimentação saudável, já que não leva nem glúten e nem lactose em sua composição. A marca existe desde novembro, quando Vicente vendeu sua primeira criação, a fábrica de pães de queijo congelados "Beijo Quente", depois de 20 anos de trabalho para consolidar a marca.

O casal abriu mão do Beijo Quente quando o filho, que era responsável pela distribuição, voltava de Bonito, a trabalho, justamente entregando a produção para o município no interior do Estado, quando sofreu um acidente.

Infelizmente, o pior aconteceu no outro dia, quando o rapaz veio a falecer. Emocionado, Vicente lembra da tristeza imensa que o fez começar a desistir dos negócios. "Isso daí pra mim já mudou tudo, a forma como eu via o produto, eu e minha esposa, foi difícil e ainda é um tumulto".

O baixo preço dos pães de queijo pela cidade, seus concorrentes, foi a gota d'água. "Meu pacote saía a R$ 1,50, sendo que tem gente que vende o pão de queijo pronto a R$ 1. Então não compensava mais".

Embalagem ainda está improvisada, com o rótulo colado no plástico. (Foto; : Saul Schramm)
Embalagem ainda está improvisada, com o rótulo colado no plástico. (Foto; : Saul Schramm)

A superação da morte do rapaz nunca aconteceu mas a família precisava sobreviver de alguma maneira. A ideia de mexer com polvilho surgiu porque é um ingrediente democrático e de fácil acesso, tornava a produção mais simples.

O nome curioso aconteceu por acaso. "Eu estava atrás de uma patente, porque gosto de registrar meus produtos. A princípio eu queria colocar como 'Amor de Mãe', mas já existe. Estava tocando aquela música na rádio do meu carro 'mo-mozão', do Lucas Lucco, e meu amigo que me ajudava nesse processo sugeriu que eu tentasse ela", diz.

O nome estava disponível para registro. "Eu até pensei se não poderia ser 'Amorzão' mas ele falou que não, que 'Mozão' ficaria mais legal. Eu acatei", brinca.

Por dia, são fabricadas seis fornadas, cada uma com 2.500 biscoitos. "Eu distribuo tudo no mesmo dia, por mais que o prazo de validade seja de três meses".

Por atacado, cada saquinho de 100 gramas sai a R$ 3. "Se a pessoa quiser que eu leve na cada dela eu faço também, mas aí sai a R$ 5 e eu preciso levar pelo menos dez pacotes, caso contrário não compensa pra mim".

Fábrica fica no mesmo terreno de sua casa. (Foto: : Saul Schramm)
Fábrica fica no mesmo terreno de sua casa. (Foto: : Saul Schramm)
Vicente nos mostra o funcionamento do forno. (Foto: Saul Schramm)
Vicente nos mostra o funcionamento do forno. (Foto: Saul Schramm)

As petas estão distribuídas no Empório Santa Terezinha, na Grão em Grão, no Café de Minas, Café do Fórum de Campo Grande, na Rede Catarinense, na Eskina do Frango, na Padaria Milhomem, no Empório Orgânico,na catina da Escola ABC, e dentro da UCDB. Para saber mais ligue (67) 3331-2053.

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