Ela começou andando na esteira e já conheceu 54 países graças as corridas
Ela já conheceu mais de 54 países só participando de maratonas. Ganha dinheiro em uma e consegue viabilizar a viagem para outra. Este ano, retorna para o continente africano em busca de um sonho, concluir pela décima vez a Comrades Marathon, uma maratona de longa distância na África do Sul. Lá, quem completa a prova por dez vezes consecutivas ganha notoriedade e entra para uma lista seleta de competidores.
A quilometragem muda, são 79 quilômetros em anos pares e 89 em anos impares. O que para a gente não faz muito sentido, para eles é cultural. Agora, uma campo-grandense quer fazer história na prova e está se preparando muito para isso.
Ana Márcia Borges Gomes, de 46 anos, quer ser a primeira sul-mato-grossense a conquistar um número cativo na competição e ganhar o reconhecimento pelo feito.
A história dela com as corridas de rua começou em cima de uma esteira. Na busca por saúde, passou a frequentar a academia e, por dia, eram quase duas horas de treino, 1h20 só de esteira.
Foi quando um professor percebeu o desempenho da aluna e fez a sugestão: “Vou te inscrever em uma corrida!”.
Então, mesmo sem botar muita fé, ela foi lá e se inscreveu. A primeira competição teve 10km. A preparação foi só na esteira e a corrida na rua foi o start de uma paixão que não parou mais. Hoje, já são 15 anos de amor ao asfalto e às longas distâncias.
“O dinheiro que eu ganho no trabalho é para financiar as minhas participações em maratonas. Já corri em 19 países e conheci 54 nessas viagens. Já passei por Paris, Grécia, Áustria, Suíça... Tudo por amor à corrida”, conta a maratonista que é oficial de justiça federal.
Com mais de 85 provas no currículo, ela gosta é de ir longe. Na verdade, quanto maior a distância, mas contente Ana fica.
Uma das provas que marcou sua vida foi a 24h, que acontece no Rio de Janeiro, promovida pelo Exército. No ano passado, ficou em terceiro lugar na colocação geral, depois de percorrer 162,2km. É como se ela fosse correndo de Campo Grande até Maracaju em um dia.
A rotina de treinos e preparo para as competições é intensa, mas conciliada com o trabalho. A parte mais difícil, segundo ela, é se preparar emocionalmente. “O corpo, você faz os exercícios e a musculação e se condiciona com os treinos. Mas é preciso ter um preparo psicológico. Saber que hora você pode correr mais forte, que hora é melhor diminuir. É preciso sentir e conhecer o seu ritmo para conseguir cumprir a prova em 12 horas”, explica.
Para facilitar, tem em casa sua própria academia. Na divisão da rotina de treino, são dois dias de musculação e quatro de corridas na rua.
Durante a semana, os planos são mais leves, de 10 a 15km. Já no domingo, Ana conta com a ajuda da família e dos amigos para percorrer cerca de 70 km. “Eles ficam no carro dando a apoio com água e isotônico, sem eles é impossível conseguir treinar sozinha”, comenta, agradecida. O trajeto é de Campo Grande até quase chegar na cidade de Rochedo.
Ela sempre viaja sozinha, mas como dessa vez a comemoração é importante, os dois irmãos vão acompanhar Ana até a África. A corrida acontece no dia 31 de maio e a ansiedade aumenta, junto com o ritmo de preparação. “Eu quero muito conquistar isso, para mim é a realização do meu sonho”.